Leia o texto abaixo.
Tapera de arraial. Ali, na beira do rio Pará, deixaram largado um povoado inteiro: casas, sobradinho, capela; três vendinhas, o chalé e o cemitério; e a rua, sozinha e comprida, que agora nem é mais uma estrada, de tanto que o mato a entupiu. Ao redor, bons pastos, boa gente, terra boa para o arroz. E o lugar já esteve nos mapas, muito antes de a malária chegar. Ela veio de longe, do São Francisco. Um dia, tomou caminho, entrou na boca aberta do Pará, e pegou a subir. Cada ano avançava um punhado de léguas, mais perto, mais perto, pertinho, fazendo medo no povo, porque era sezão da brava - da “tremedeira que não desmontava” - matando muita gente.
- Talvez que até aqui ela não chegue... Deus há de ...
Mas chegou; nem dilatou para vir. E foi um ano de tristezas.
(João Guimarães Rosa. Sagarana. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. p. 151)
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