Na tradição psiquiátrica, duas abordagens distintas foram propostas para classificar as doenças mentais: a nominalista e a essencialista. A abordagem nominalista denomina as manifestações observáveis (psicopatologia e comportamentos) ou o conjunto de sinais e sintomas (síndromes) com um nome, sem considerar a sua etiologia, na medida em que as causas exatas da maioria das doenças ainda são desconhecidas. Epônimos, como doença de Parkinson, doença de Alzheimer, doença de Wilson, doença de Korsakoff, síndrome de Cotard e síndrome de Ganser, são utilizados na prática clínica para descrever o conjunto de sinais e sintomas que constituem determinada doença, bem como o seu curso clínico. A abordagem essencialista, por sua vez, busca classificar as entidades nosológicas com base nas causas de uma condição patológica, independentemente dos seus sinais e sintomas. Por exemplo, confirmar uma infecção estreptocóccica por meio de exame de cultura bacteriana permite explicar a etiologia de febre, infecção urinária e pneumonia que acometem concomitantemente o mesmo indivíduo, bem como o antibiótico mais adequado para o seu tratamento. A classificação etiológica é muito mais útil e robusta que a psicopatológica, na medida em que fornece indicadores preditivos de curso, evolução e tratamento.