SóProvas


ID
1522753
Banca
Prefeitura do Rio de Janeiro - RJ
Órgão
Prefeitura de Rio de Janeiro - RJ
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto: Fome de justiça

[...]
            Fui ao presídio feminino Nelson Hungria, convidado para dar uma pequena palestra sobre o livro e a liberdade. Uma biblioteca breve e bem escolhida foi a primeira surpresa, além das cores com que as alunas pintaram a escola da unidade. Depois, todos aqueles olhos, atravessados por uma fome de mudança, rostos variados, tantos, boa parte dos quais cheios de comoção. Olhos em que brilha a obstinada luz do “ainda-não”, que as faz seguir em frente, com a geografia particular de seus afetos. Chamam-se Marisa, Teresa, Maria. Mas que importam os nomes? Não quiseram saber de meu passado e eu tampouco me interessei pelo passado daquelas senhoras. Como disse Agostinho, o passado deixou de ser e o futuro não veio. Portanto, só há presente. E estávamos ali convocados pela duríssima beleza do agora.
            Lembrei a todas que sonhamos de olhos abertos, sobretudo de olhos abertos, como disse Ernst Bloch, e que o presente só faz sentido através da construção que se faça da matéria viscosa dos sonhos, do tempo que virá por antecipação. Disse-lhes que eram noivas de um belo e atraente senhor, a quem deveriam fazer a corte e conquistar com arrebatada decisão: o futuro. E tentamos avançar nessa direção.
            As perguntas nos aproximaram, quebrando um mundo aparentemente dividido, nas malhas processuais ou nas franjas do Código Penal. Somos a mesma porção de humanidade, regidos pela poética do encontro e da boa vontade. Eu indagava silencioso se a Justiça terá olhos suficientes para alcançar essas moças e senhoras, que ainda me emocionam de tal modo que até o momento não sei definir o que vivi. Mas será mesmo preciso definir o que quer que fosse nessa esfera?
            Fui almoçar depois com a diretora e as agentes penitenciárias. As cozinheiras são “moradoras” que preparam os pratos com suas próprias mãos. A fome silenciosa de justiça, no silêncio e no trabalho. Penso nas minhas mãos e nas suas, leitor. Penso nas mãos dos juízes e nas de nossas mães. Porque sem compaixão não há justiça.

                                                                                          Marco Lucchesi, publicado em O Globo, 27/11/13 - fragmento adaptado
                                                                                                disponível em: http://oglobo.globo.com/opiniao/fome-de-justica-
                                                                                                                                                      10891521#ixzz2oNk31UbC

“Fui ao presídio feminino Nelson Hungria...” – 1º parágrafo. Destacou-se a combinação da preposição a com o artigo definido masculino o. Quando o artigo é feminino, ocorre contração ou crase das duas vogais a, marcada pelo acento grave – à. NÃO há crase em:

Alternativas
Comentários
  • a) troquei por substantivo masculino teatro - Fui ao teatro ontem - apareceu artigo "o" - Então há crase.



    b) coloquei a preposição "para" - Fui para a escola de meus filhos - Tive que usar alem da preposição "para" o artigo "a" - Crase há.


    c) Quem vai à Bahia, volta da (de + a) Bahia - Há Crase. 


    d) Quem vai a Copacabana, volta de Copacabana - Não há crase.

  • Só decorar: "Quando vou 'a' e volto ' da', crase no A. Quando vou 'a' e volto 'de', crase pra que?"
    Ou seja:
    a) voltamos DA cerimonia. 
    b) voltamos DA escola. 
    c) voltamos DA Bahia.
    d) voltamos DE Copacabana. 

  • Letra d - Fui a (quem vai, vai a algum lugar) o bairro de Copacabana. 

    Não aparece artigo a antes de Copacabana, e sim o artigo o. Portanto não há ocorrência de crase.
    Reescrevendo: Fui ao bairro de Copacabana. ou Fui a Copacabana.


  • e se fosse: voltamos da praia de Copacabana?!

  • a famosa musica dingo bell :

    se vou a , volto '' da'' ...eu craseio  ''A ''

    se vou a , volto ''de'' ... crase pra que 

    gabarito : D 

  • VOLTO DE COPACABANA.

  • Fui Copacabana. / Volto DE Copacabana.

    DE + A = crase não há

  • Estou "em" Copacabana (sem artigo a). Estou "na" Bahia (com artigo a - em+A= na). Assim é mais fácil.
  • GABARITO: LETRA D

    ACRESCENTANDO:

    Tudo o que você precisa para acertar qualquer questão de CRASE:

    I - CASOS PROIBIDOS: (são 15)

    1→ Antes de palavra masculina

    2→ Antes artigo indefinido (Um(ns)/Uma(s))

    3→ Entre expressões c/ palavras repetidas

    4→ Antes de verbos

    5→ Prep. + Palavra plural

    6→ Antes de numeral cardinal (*horas)

    7→ Nome feminino completo

    8→ Antes de Prep. (*Até)

    9→ Em sujeito

    10→ Obj. Direito

    11→ Antes de Dona + Nome próprio (*posse/*figurado)

    12→ Antes pronome pessoalmente

    13→ Antes pronome de tratamento (*senhora/senhorita/própria/outra)

    14→ Antes pronome indefinido

    15→ Antes Pronome demonstrativo(*Aquele/aquela/aquilo)

    II - CASOS ESPECIAIS: (são7)

    1→ Casa/Terra/Distância – C/ especificador – Crase

    2→ Antes de QUE e DE → qnd “A” = Aquela ou Palavra Feminina

    3→ à qual/ às quais → Consequente → Prep. (a)

    4→ Topônimos (gosto de/da_____)

    a) Feminino – C/ crase

    b) Neutro – S/ Crase

    c) Neutro Especificado – C/ Crase

    5→ Paralelismo

    6→ Mudança de sentido (saiu a(`) francesa)

    7→ Loc. Adverbiais de Instrumento (em geral c/ crase)

    III – CASOS FACULTATIVOS (são 3):

    1→ Pron. Possessivo Feminino Sing. + Ñ subentender/substituir palavra feminina

    2→ Após Até

    3→ Antes de nome feminino s/ especificador

    IV – CASOS OBRIGATÓRIOS (são 5):

    1→ Prep. “A” + Artigo “a”

    2→ Prep. + Aquele/Aquela/Aquilo

    3→ Loc. Adverbiais Feminina

    4→ Antes de horas (pode está subentendida)

    5→ A moda de / A maneira de (pode está subentendida)

    FONTE: Português Descomplicado. Professora Flávia Rita

  • d) Fui a Copacabana.

    A crase resulta da contração da preposição a (exigida por um termo subordinante) com o artigo feminino a ou as (reclamado por um termo dependente).

    Fui a (preposição) a (artigo) cerimônia ontem. - Fui à cerimônia ontem.

    Fui a (preposição) a (artigo) escola de meus filhos. - Fui à escola de meus filhos.

    Fui a (preposição) a (artigo) Bahia. - Fui à Bahia.