- ID
- 1532443
- Banca
- COVEST-COPSET
- Órgão
- UFPE
- Ano
- 2015
- Provas
- Disciplina
- Português
- Assuntos
TEXTO 3
Esta cova em que estás,
Com palmos medida,
É a conta menor
Que tiraste em vida.
- É de bom tamanho,
Nem largo nem fundo,
É a parte que te cabe
Deste latifúndio.
- Não é cova grande,
É cova medida,
É a terra que querias
Ver dividida.
- É uma cova grande
Para teu pouco defunto,
Mas estarás mais ancho
Que estavas no mundo.
- É uma cova grande
Para teu defunto parco,
Porém mais que no mundo
Te sentirás largo.
- É uma cova grande
Para tua carne pouca,
Mas à terra dada
Não se abre a boca.
(João Cabral de Melo Neto. Morte e vida severina e outros poemas em voz alta. 15 ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1981, p. 87-88).
A compreensão do poema de João Cabral nos leva a perceber que:
1) existe um ‘tu’ imaginado no contexto, supostamente capaz de uma interlocução.
2) acontece uma espécie de discurso direto, com marcas pronominais e verbais de ‘segunda pessoa do singular’.
3) o discurso do falante se propõe a levar o suposto interlocutor a ver as vantagens do novo ‘território’.
4) faltam alusões, mesmo implícitas, a questões atuais ligadas às desigualdades sociais.
Estão corretas: