SóProvas


ID
1542631
Banca
CONSULPLAN
Órgão
Prefeitura de Juatuba - MG
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto

                                       Os pobres homens ricos



      Um amigo meu estava ofendido porque um jornal o chamou de boa‐vida. Vejam que país, que tempo, que situação! A vida deveria ser boa para toda gente, o que é insultuoso é que o seja apenas para alguns.

     “Dinheiro é a coisa mais importante do mundo.” Quem escreveu isso não foi nenhum de nossos estimados agiotas. Foi um homem que a vida inteira viveu de seu trabalho, e se chamava Bernard Shaw. Não era um cínico, mas um homem de vigorosa fé social, que passou a vida lutando, a seu modo, para tornar melhor a sociedade em que vivia – e em certa medida o conseguiu. Ele nos fala de alguns homens ricos:

      “Homens ricos e aristocratas com um desenvolvido senso de vida – homens como Ruskin, Willian Morris, Kropotkin – têm enormes apetites sociais… não se contentam com belas casas, querem belas cidades… não se contentam com esposas cheias de diamantes e filhas em flor; queixam‐se porque a operária está malvestida, a lavadeira cheira a gim, a costureira é anêmica, e porque todo homem que encontra não é um amigo e toda mulher não é um romance… sofrem com a arquitetura do vizinho…”

      Esse “apetite social” é raríssimo entre os nossos homens ricos; a não ser que “social” seja tomado no sentido de “mundano”. E nossos homens de governo têm uma pasmosa desambição de governar. Vi, há tempo, um conhecido meu, que se tornou muito rico, sofreu horrorosamente na hora de comprar um quadro. Achava o quadro uma beleza, mas como o pintor pedia tantos contos ele se perguntava, e me perguntava, e perguntava a todo mundo se o quadro “valia” mesmo aquilo, se o artista não estaria pedindo aquele preço por sabê‐lo rico, se não seria “mais negócio” comprar um quadro de fulano.

      Fiquei com pena dele, embora saiba que numa noite de jantar e boate ele gaste tranquilamente aquela importância, sem que isso lhe dê nenhum prazer especial. Fiquei com pena porque realmente ele gostava do quadro, queria tê‐lo, mas o prazer que poderia ter obtendo uma coisa ambicionada era estragado pela preocupação do negócio. Se não fosse pelo pintor, que precisava de dinheiro, eu o aconselharia a não comprar.
  
      Homens públicos sem sentimento público, homens ricos que são, no fundo, pobres‐diabos – que não descobriram que a grande vantagem real de ter dinheiro é não ter que pensar a todo momento, em dinheiro…

                             (BRAGA, Rubem. 200 Crônicas escolhidas. 31ª Ed. – Rio de Janeiro: Record, 2010.)

“Vi, há tempo, um conhecido meu, que se tornou muito rico, sofreu horrorosamente na hora de comprar um quadro.”
(5º§) Essa frase contém um exemplo de figura de linguagem denominada

Alternativas
Comentários
  • “A Hipérbole é uma figura de pensamento que “consiste no exagero de uma afirmação.”

    Na excerto em questão, “sofrer horrorosamente” é um exagero do sofrimento.

    Fonte: Sacconi, Luiz Antonio. Nossa Gramática – Teoria e Prática – Editora Atual

  • Metonímia: consiste no emprego de uma palavra por outra, com que se acha relacionada. Pode ocorrer, quando se emprega: o abstrato pelo concreto; o autor pela obra; o efeito pela causa; o instrumento pela pessoa; a parte pelo todo; o contetinente pelo conteúdo; o sinal pela coisa significada; a matéria pelo objeto; o indivíduo pela classe; o lugar pelos seus habitantes.

     

    Catacrese: consiste em transferir a uma palavra o sentido próprio de outra, pela semelhança de significado entre elas. Por ser de uso tão corrente, muitas vezes não lhe percebemos o sentido figurado. É o caso, por exemplo, de: pé da cama, barriga da perna, boca do fogão, dente de alho, bala de revólver.

     

    Pleonasmo: é a superabundância de palavras para enunciar uma ideia.

    É a reiteração da ideia. A repetição da mesma palavra. É um recurso de ênfase.

    Exemplo: Achei mais fácil odiar-me a mim mesmo; Tive vergonha de me confessar a mim mesmo.

     

    Atenção ao pleonasmo vicioso, que é uma falta grosseira quando nada acrescenta à força da expressão.

    Exemplos: Fazer uma breve alocução;   Sou o principal protagonista.

     

    Fonte: Gramática do Português Contemporaneo - Edição de bolso  - Celso Cunha -  2012

  • Metonímia:

    consiste no emprego de uma palavra por outra, com que se acha relacionada. Pode ocorrer, quando se emprega: o abstrato pelo concreto; o autor pela obra; o efeito pela causa; o instrumento pela pessoa; a parte pelo todo; o contetinente pelo conteúdo; o sinal pela coisa significada; a matéria pelo objeto; o indivíduo pela classe; o lugar pelos seus habitantes.

     

    Exemplos:

    Eu uso sempre “Bombril”. (Aqui a palavra Bombril substitui palha de aço. O nome da marca substitui o produto.)

     

    A viagem à Lua significou um grande avanço para o “homem. (Neste caso a palavra homem foi empregada no lugar de “humanidade”. A parte foi citada para substituir ou representar o todo.)

     

     

    Catacrese: consiste em transferir a uma palavra o sentido próprio de outra, pela semelhança de significado entre elas. Por ser de uso tão corrente, muitas vezes não lhe percebemos o sentido figurado. É o caso, por exemplo, de: pé da cama, barriga da perna, boca do fogão, dente de alho, bala de revólver.

     

    São exemplos:

     

    Costas da cadeira

    Manga da camisa

    Asa da xícara

    Pé da mesa

    Cabeça de alho

     

    Pleonasmo: é a superabundância de palavras para enunciar uma ideia.

    É a reiteração da ideia. A repetição da mesma palavra. É um recurso de ênfase.

     

    Exemplos:

     

    Manuel Bandeira dá um exemplo de pleonasmo em seu “Poema só para Jaime Ovalle”.

     

    “Chovia.

    Chovia uma … chuva” de resignação

    … contraste ao calor … da noite.

    O poeta usa as palavras com redundância para enfatizar a mensagem que deseja passar.

     

    Chico Buarque e Vinícius de Moraes em “Valsinha “também empregam a figura de linguagem Pleonasmo na expressão “dançaram tanta dança”. Observe

     

    Valsinha

    E ali “dançaram tanta dança” …

    E foi tanta felicidade

    E foram tantos beijos…

    Que o mundo compreendeu…

    E mais uma de Vinícius de Moraes, em Soneto da Fidelidade

    E em seu louvor…

    E “rir meu riso” e derramar meu pranto.

    Rir meu riso é uma redundância que evidencia a emoção do eu lírico.

     

     

     

     

  • Sem blábláblá Letra B- Hipérbole.