Comentário do prof. do TEC Concursos:
A questão baseada na obra “Conversando sobre ética” de Jung Mo Sung e Josué Candido.
Segue o trecho que esclarece essa questão.
"Business is business!" (Negócio é negócio!), ou, "amigos, amigos, negócios à parte!" são frases que revelam uma das características centrais das nossas sociedades modernas. Elas mostram a separação que existe entre a amizade (e os valores morais) e a racionalidade econômica. Não somente a separação, mas a subordinação dos valores como a amizade à racionalidade econômica. Quando a amizade entra em conflito com interesse econômico, é esse que prevalece em detrimento do primeiro.
Nas sociedades tradicionais não havia essa separação. A economia era vista como um meio para a reprodução da vida. As pessoas trabalhavam para viver; e não viviam para trabalhar, como nos nossos dias. E para viver precisavam de amigos e do trabalho. Ética e atividades econômicas eram inseparáveis. Isso fica mais compreensível se levarmos em conta que nas sociedades pré-industriais era muito difícil alguém sobreviver isolado de uma comunidade familiar ou de amigos.
Nas nossas sociedades modernas capitalistas, com o mito do progresso, a economia passou a ser um fim em si mesmo. As pessoas não trabalham mais para viver, mas vivem para trabalhar e ganhar dinheiro. As pessoas se perguntam "como ganhar dinheiro", mas dificilmente se perguntam "para que ganhar dinheiro".
Diante dessa pergunta inconveniente, respondem que é para ganhar mais dinheiro ou para poder comprar muitas coisas.
Mas comprar é trocar dinheiro por outro tipo de riqueza. No fundo, continua no mesmo objetivo de acumular riquezas. A pergunta "para que acumular riquezas" é inconveniente e até sem sentido para os que interiorizaram a cultura capitalista porque é "óbvio" que a acumulação infinita é o que dá sentido à vida. Dizemos "acumulação infinita", sem fim, não somente porque os teóricos do sistema capitalista usam explicitamente essa expressão, mas também porque se a acumulação tivesse fim, um limite preestabelecido, ela acabaria sendo um meio para um objetivo mais importante. Quando a acumulação da riqueza passa a ser o objetivo maior de um grupo social, a lógica econômica passa a ser o centro da vida e o principal critério de discernimento para as questões morais.