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ID
1552282
Banca
IBFC
Órgão
EBSERH
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Plataforma

        O Rio vive uma contradição no carnaval que parece não ter saída. Não vai longe o tempo em que reclamava da decadência da folia nas ruas. O carnaval tinha se transformado no desfile de escolas de samba, uma festa elitista que se resumia ao que acontecia nos limites do Sambódromo e que era vista por apenas 30 mil pessoas que pagavam caro para participar da brincadeira. E que só durava duas noites. Para quem se diz o maior carnaval do mundo, convenhamos que é muito pouco mesmo. Agora, quando os blocos voltaram a animar as ruas da cidade durante toda a folia e ainda nas semanas que a antecedem, o Rio continua reclamando. Tem bloco demais, tem gente demais, tem pouco banheiro, tem muito banheiro... Carnaval é festa espontânea. Quanto mais organizado, pior. Chico Buarque fala sobre isso no ótimo samba "Plataforma". "Não põe corda no meu bloco/ Nem vem com teu carro-chefe/ Não dá ordem ao pessoal", já dizia ele num disco de antigamente. Bem, como antigamente as letras de Chico sempre queriam dizer outra coisa, é capaz de ele não estar falando de organização do carnaval. Mas à certa altura ele é explícito: "Por passistas à vontade que não dancem o minueto". Para quem está chegando agora, pode parecer o samba do crioulo doido. Mas o compositor faz uma referência ao desfile do Salgueiro de 1963, quando "Xica da Silva" foi apresentada à avenida. A escola "inovou" apresentando uma ala com 12 pares de nobres que dançavam o minueto. Foi um escândalo. Não pode. Passista tem que desfilar livre, leve e solto. Falando disso agora, quando passistas não têm a menor importância, quando eles mal são vistos na avenida, percebe-se que o minueto era o de menos. Mas isso é escola de samba, e o assunto aqui é carnaval de rua (faz tempo que escola de samba não é carnaval de rua). Com o renascimento dos blocos, o Rio recuperou a alegria do carnaval nas calçadas, no asfalto, na areia. E agora? Basta dar uma olhada nas cartas dos leitores aqui do jornal. Reclama um leitor: "Para os moradores de Ipanema, (o carnaval de rua 2011) transformou-se num tormento. Ruas bloqueadas até para o trânsito de pedestres, desrespeito à Lei do Silêncio, atos de atentado ao pudor e, por vezes, de vandalismo". Escreve outro, sobre os mijões, figura que ficou tão popular no período quanto a colombina e o pierrô: "A Guarda Municipal deveria agir com mais atenção e no rigor da lei. Está muito sem ação". Mais um: "Com que direito a prefeitura coloca esses banheiros horrorosos nas avenidas da orla, onde se paga dos IPTUs mais caros do mundo, ocupando vagas de carros que já são tão poucas?" Como se vê, e voltando a citar o samba do Chico, o carioca tem o peito do contra e mete bronca quando o assunto é carnaval. Mas carnaval de rua muito organizado... não sei, não. É como botar o pessoal que sai nos blocos pra dançar o minueto. Carnaval de rua e organização não combinam.

                                                                                        (Artur Xexéo. Revista O Globo, dezembro de 2011)

A contradição a que se refere a primeira frase do texto está corretamente apontada em:

Alternativas
Comentários
  • Gabarito C.

    ...Não vai longe o tempo em que reclamava da decadência da folia nas ruas...Agora, quando os blocos voltaram a animar as ruas da cidade durante toda a folia e ainda nas semanas que a antecedem, o Rio continua reclamando.


  • pq n é a letra A?


  • confesso que Nunca encontrei uma questão de interpretação tão mal elaborada como essa.

  • No texto o autor afirma que os cariocas reclamavam da falta de um carnaval mais popular no Rio, que era caro, elitista e etc porém, quando os blocos de rua voltaram os cariocas reclamavam por outro motivo agora: desorganização, sujeira, som alto. Nas primeiras frases do texto você pode perceber isso.

  • questão completamente mal elaborada..... sem entendimento!

  • A letra D esta errada

    Os blocos de rua renasceram há pouco, mas já estão causando transtornos imensos para a população.

    não da idéia de contradição mas sim de adição , podendo substituir por

    mas também,  bem como...

    e

    na letra C correta pois

     

    As pessoas reclamavam do fim do carnaval de rua, mas quando ele voltou a ter força, isso gerou insatisfação.

    o mas tem o sentido de adversativo podendo ser trocado por porém.

  • RESPOSTA LETRA C. A PESSOA TEM QUE LER A PRIMEIRA FRASE DO PARÁGRAFO INTEIRO. EU MATEI A QUESTÃO ATRAVÉS DESSA FRASE. "Não vai longe o tempo em que reclamava da decadência da folia nas ruas". QUAL É A CONTRADIÇÃO AQUI? SÓ PODE SER ESSA FRASE  "As pessoas reclamavam do fim do carnaval de rua, mas quando ele voltou a ter força, isso gerou insatisfação".