SóProvas


ID
1552303
Banca
IBFC
Órgão
EBSERH
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Plataforma

        O Rio vive uma contradição no carnaval que parece não ter saída. Não vai longe o tempo em que reclamava da decadência da folia nas ruas. O carnaval tinha se transformado no desfile de escolas de samba, uma festa elitista que se resumia ao que acontecia nos limites do Sambódromo e que era vista por apenas 30 mil pessoas que pagavam caro para participar da brincadeira. E que só durava duas noites. Para quem se diz o maior carnaval do mundo, convenhamos que é muito pouco mesmo. Agora, quando os blocos voltaram a animar as ruas da cidade durante toda a folia e ainda nas semanas que a antecedem, o Rio continua reclamando. Tem bloco demais, tem gente demais, tem pouco banheiro, tem muito banheiro... Carnaval é festa espontânea. Quanto mais organizado, pior. Chico Buarque fala sobre isso no ótimo samba "Plataforma". "Não põe corda no meu bloco/ Nem vem com teu carro-chefe/ Não dá ordem ao pessoal", já dizia ele num disco de antigamente. Bem, como antigamente as letras de Chico sempre queriam dizer outra coisa, é capaz de ele não estar falando de organização do carnaval. Mas à certa altura ele é explícito: "Por passistas à vontade que não dancem o minueto". Para quem está chegando agora, pode parecer o samba do crioulo doido. Mas o compositor faz uma referência ao desfile do Salgueiro de 1963, quando "Xica da Silva" foi apresentada à avenida. A escola "inovou" apresentando uma ala com 12 pares de nobres que dançavam o minueto. Foi um escândalo. Não pode. Passista tem que desfilar livre, leve e solto. Falando disso agora, quando passistas não têm a menor importância, quando eles mal são vistos na avenida, percebe-se que o minueto era o de menos. Mas isso é escola de samba, e o assunto aqui é carnaval de rua (faz tempo que escola de samba não é carnaval de rua). Com o renascimento dos blocos, o Rio recuperou a alegria do carnaval nas calçadas, no asfalto, na areia. E agora? Basta dar uma olhada nas cartas dos leitores aqui do jornal. Reclama um leitor: "Para os moradores de Ipanema, (o carnaval de rua 2011) transformou-se num tormento. Ruas bloqueadas até para o trânsito de pedestres, desrespeito à Lei do Silêncio, atos de atentado ao pudor e, por vezes, de vandalismo". Escreve outro, sobre os mijões, figura que ficou tão popular no período quanto a colombina e o pierrô: "A Guarda Municipal deveria agir com mais atenção e no rigor da lei. Está muito sem ação". Mais um: "Com que direito a prefeitura coloca esses banheiros horrorosos nas avenidas da orla, onde se paga dos IPTUs mais caros do mundo, ocupando vagas de carros que já são tão poucas?" Como se vê, e voltando a citar o samba do Chico, o carioca tem o peito do contra e mete bronca quando o assunto é carnaval. Mas carnaval de rua muito organizado... não sei, não. É como botar o pessoal que sai nos blocos pra dançar o minueto. Carnaval de rua e organização não combinam.

                                                                                        (Artur Xexéo. Revista O Globo, dezembro de 2011)

Analise as afirmativas sobre o trecho em destaque abaixo e assinale a alternativa correta:

“Mas carnaval de rua muito organizado... não sei, não. É como botar o pessoal que sai nos blocos para dançar o minueto."


I. As reticências contribuem para reforçar o tom de desconfiança do cronista em relação à organização do carnaval.
II. A compreensão da crítica feita pelo autor está centrada na palavra “minueto", desenvolvida anteriormente pelas referências a Chico Buarque e ao desfile de uma escola de samba.
III. O autor acredita que a ausência de regras é característica básica do carnaval de rua.
IV. Entre a primeira frase e a segunda, há uma relação de causa e conseqüência.

Alternativas
Comentários
  • Interpretei que a crítica seria ao carnaval de rua muito organizado = crítica a muitas regras. Logo, o autor não acreditaria na ausência de regras como marca do carnaval de ruas, mas sim na ausência de muitas regras...

  • Marquei a letra "D". Assino embaixo do comentário da colega A Concurseira.

  • Concordo. Ele não defende a total ausência de regra, mas sua redução, apenas.


  • Em nenhum momento ele defende a ausência de regras. Sem o mínimo de regras absolutamente nada funcionaria. A banca viajou absurdamente.

  • Recurso cabível no ITEM III.

  • Concordo com vocês, fiquei na dúvida. Mas fui na outra.

  • GABARITO LETRA B.

    “Mas carnaval de rua muito organizado... não sei, não. É como botar o pessoal que sai nos blocos para dançar o minueto."

     

    Sobre o item :IV. Entre a primeira frase e a segunda, há uma relação de causa e consequência. (ERRADO)

     

    Eu entendo que a  conjunção "Mas" não traz a relação de causa e consequência e sim contrariedade. Tanto que essa conjunção deve ser empregada sempre no início da oração.

    A CONSEQUÊNCIA é efeito do que se declara na oração principal. São introduzidas pelas conjunções e locuções: que, de forma que, de sorte que, tanto que, etc., e pelas estruturas tão... que, tanto... que, tamanho... que.

     

    Portanto, no trecho não está presente de nenhuma dessas conjunções e locuções. Portanto incorreta.

     

     

     

  • IV - não há relação de causa e efeito, mas sim comparativa.

  • Estilo FGV.  Tb acho a III errada. Quem acertou, poderia defender a o item III ???

  • Errei também, não concordo com a III, carnaval é anarquia,então??

  • Eu errei tbm, mas acredito que no item III, da qual o  autor acredita que a ausência de regras é característica básica do carnaval de rua está evidenciado nesse trecho do texto na quinta linha: "Carnaval é festa espontânea. Quanto mais organizado, pior". Algo cheio de regra, possivelmente é algo muito organizado e quanto mais espontâneo, menos planejamento e mais desorganizado as coisas tendem a ser. Ou seja, se quando mais organizado pior, o lance é não ter regras mesmo para ser melhor 

  • Indiquei para comentários do professor. Façam o mesmo, pois cada um diz uma coisa aqui e está deixando a questão mais confusa. ;) 

  • O texto todo ele argumenta que carnaval de Rua não devem existir regras, inclusive a citação a "Plataforma" serve pra embasar essa opinião..

    No último ítem está mais para uma relação de comparação do que causa e consequencia.

  • Ausência de regras é bem diferente de carnaval muito organizado.

  • Tem que acostumar com a banca, tem um jeito bem polêmico em questão de interpretação, chove recursos creio eu.

    Sdds FCC e CESPE nessas horas rsrs.

  • Achei que a alternativa III extrapolou, massssssssssss..segue o baile!

  • Ausência de regras seria ele defender atos libidinosos na rua, defecar em praça pública, atos que atendem contra a moral. As regras sociais existem e em momento algum ele defende isso, o autor apenas quer dançar livremente na rua sem abadar, sem cordinha de bloco, ele defende a não organização, diga-se de passagem a não "robotização" "padronizacão". Essa questão faz parecer que o autor é anarquista e quer colocar fogo no parquinho, cruz credo, Deus nos defenderai dessa banca.