Como lembra Husson (1999, p. 99), o processo de financeirização indica um modo
de estruturação da economia mundial. A esfera estrita das finanças, por si mesma, nada cria.
Nutre-se da riqueza criada pelo investimento capitalista produtivo e pela mobilização da
força de trabalho no seu âmbito. Nessa esfera, o capital aparece como se o capital-dinheiro
tivesse o poder de gerar dinheiro no circuito fechado das finanças, independente da retenção
que faz dos lucros e dos salários criados na produção.
A hipótese é que, na raiz da “questão social” na atualidade, encontram-se políticas
governamentais favorecedoras da esfera financeira e do grande capital produtivo – das
instituições, mercados financeiros e empresas multinacionais, enquanto um conjunto de
forças que captura o Estado, as empresas nacionais e o conjunto das classes e grupos sociais,
as quais passam a assumir os ônus das chamadas “exigências dos mercados”.
Existe uma
estreita relação entre a responsabilidade dos governos nos campos monetário e financeiro e
a liberdade dada aos movimentos do capital transnacional para atuar, no país, sem
regulamentações e controles, transferindo lucros e salários oriundos da produção para se
valorizarem na esfera financeira. Esse processo redimensiona a “questão social” na cena
contemporânea, radicalizando as suas múltiplas manifestações.
O capital financeiro impõe sua lógica de incessante crescimento, aprofunda
desigualdades de toda a natureza e torna paradoxalmente invisível o trabalho vivo que cria a
riqueza e os sujeitos que o realizam. Nesse contexto, a “questão social”, indissociável da
exploração, desigualdade e pobreza, expressa a banalização da vida humana, resultante de
indiferença frente à esfera das necessidades das grandes maiorias de trabalhadores e dos
direitos a elas atinentes. Indiferença ante os destinos de enormes contingentes de homens e
mulheres, trabalhadores excedentes para as necessidades médias do capital.
Fonte: http://www.cressrn.org.br/files/arquivos/FaPa1Oy8kQ65voJ4T345.pdf
Gabarito letra "B".
Iamamoto (2008) alega "é que na raiz da “questão social”, na atualidade, encontram-se as políticas governamentais favorecedoras da esfera financeira e do grande capital produtivo – das instituições e mercados financeiros e empresas multinacionais, enquanto forças que capturam o Estado, as empresas nacionais e o conjunto das classes e grupos sociais, que passam a assumir os ônus das chamadas “exigências dos mercados”".
IAMAMOTO , M.V - Mundialização do capital, “questão social” e Serviço Social no Brasil.
http://www.cressrn.org.br/files/arquivos/8j7F236BNGDj5r58l1Ax.pdf