Leia o texto adaptado abaixo, de Rainer Sousa, transcrito
do site Brasil Escola
PATRIMÔNIO HISTÓRICO CULTURAL
Em seu significado mais primitivo, a palavra patrimônio
tem origem atrelada ao termo grego pater, que significa “pai" ou
“paterno". De tal forma, patrimônio veio a se relacionar com tudo
aquilo que é deixado pela figura do pai e transmitido para seus
filhos. Com o passar do tempo, essa noção de repasse acabou
sendo estendida a um conjunto de bens materiais que estão
intimamente relacionados com a identidade, a cultura ou o
passado de uma coletividade.
Essa última noção de patrimônio passou a ganhar força no
século XIX, logo que a Revolução Francesa salientou a
necessidade de eleger monumentos que pudessem refutar o
esquecimento do passado. Nesse período, levando-se em conta
as noções historiográficas da época, os monumentos deveriam
expressar os fatos de natureza singular e grandiosa. Sendo
assim, a preservação do passado colocava-se presa a uma
noção de “melhoria", “evolução" e “progresso".
Além dessas primeiras noções, o conceito de patrimônio
também estava articulado a um leque de valores artísticos e
estéticos. Preso ainda à construção de monumentos e
esculturas, o patrimônio deveria carregar em seu bojo a
tradicional obrigação que a arte tinha em despertar o senso de
beleza e harmonia entre seus expectadores. Com isso, as
produções artísticas e culturais que poderiam evocar a
identidade e o passado das classes populares, ficavam
plenamente excluídas em tal perspectiva.
Avançando pelo século XX, observamos que as noções
sobre o espaço urbano, a cultura e o passado, foram ganhando
outras feições que interferiram diretamente na visão sobre
aquilo que pode ser considerado patrimônio. Sobre tal
mudança, podemos destacar que a pretensa capacidade do
patrimônio em reforçar um passado e uma série de valores
comuns, acabou englobando outras possibilidades que
superaram relativamente o interesse oficial do Estado e as
regras impostas pela cultura erudita.
A conceituação atual do patrimônio acabou estabelecendo
a existência de duas categorias distintas sobre o mesmo. Uma
mais antiga e tradicional refere-se ao patrimônio material, que
engloba construções, obeliscos, esculturas, acervos
documentais e museológicos, e outros itens das belas-artes. Paralelamente, temos o chamado patrimônio imaterial, que
abrange regiões, paisagens, comidas e bebidas típicas, danças,
manifestações religiosas e festividades tradicionais.
Ainda hoje, vemos que os governos assumem o papel de
preservar e determinar a construção dos patrimônios de uma
sociedade. Uma gama de técnicos, acadêmicos e funcionários é
destinada à função de preservar todos esses itens, que
articulam e garantem o acesso às memórias e experiências de
um povo. Com isso, podemos ver que o conhecimento do
patrimônio abarca uma preocupação em democratizar os
saberes e fortalecer a noção de cidadania.
Com a diversificação dos grupos que integram a
sociedade, podemos ver que os patrimônios também incentivam
o diálogo entre diferentes culturas. Não raro, todas as vezes
que fazemos um passeio turístico, temos a oportunidade de
contemplar e refletir mediante os objetos e manifestações que
formam o patrimônio do lugar que visitamos. Nesse sentido, a
observação dos patrimônios abre caminho para que tenhamos a
oportunidade de nos reconhecer e reconhecer os outros.
De acordo com a norma-padrão da Língua Portuguesa e
em relação às classes de palavras, assinale a alternativa
cuja classificação das palavras destacadas, no período
abaixo, esteja correta.
“Com isso1
, as produções artísticas2
e culturais que
poderiam evocar a identidade e o passado3
das classes
populares, ficavam plenamente4
excluídas em tal perspectiva."