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ID
1584022
Banca
VUNESP
Órgão
MPE-SP
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                                 O bom debate

      Devemos travar debates em termos racionais ou é desejável que a carga moral paute a discussão? A pergunta, como o leitor já deve ter intuído, é traiçoeira.

      Longe de mim sugerir que a razão é dispensável. Se há uma característica que possibilita que vivamos em sociedades de dezenas de milhões de pessoas com os mais variados backgrounds* culturais e diferentes prioridades, é justamente a capacidade de desenvolver tecnologias e estabelecer regras básicas cuja pertinência lógica está ao alcance de todos.

      No que diz respeito a debates propriamente ditos, a razão é que nos ajuda a buscar evidências que apoiem nossa tese (ou falseiem a de nossos adversários) e a discriminar entre argumentos válidos e falaciosos, possibilitando-nos chegar a conclusões sólidas.

      O problema é que, embora a razão faça tudo isso, ela é péssima motivadora. Nosso modo analítico, que opera com algoritmos, cálculo probabilístico e lógica formal, é um sistema abstrato, lento e que exige reflexão antes de traduzir-se em ações.

      Felizmente, não dependemos só dele. Contamos também com um módulo experiencial. Moldado por milhões de anos de seleção natural, ele é intuitivo, baseia-se em emoções e é extremamente rápido. Não precisamos pensar antes de recusar comida estragada ou fugir de cães bravios. A dificuldade aqui é que, como as emoções estão no comando, tudo pode adquirir dimensão moral.

       Um bom exemplo é o do cigarro. Mais ou menos desde os anos 60, todo fumante sabia que o hábito faz mal à saúde. Esse conhecimento racional, porém, não era o bastante para fazer a maioria abandonar o cigarro. A partir dos anos 90, à medida que o ato de fumar foi ganhando contornos de falha moral, os índices de ex-tabagistas cresceram e menos jovens se iniciaram nas libações fumígenas. O perigo aqui é que abrimos espaço para discriminações e estridências que são elas mesmas moralmente injustificáveis.


                                                       (Hélio Schwartsman. www.folha.uol.com.br, 04.04.2015. Adaptado)


*background: a totalidade dos elementos (antecedentes familiares, classe social, educação, experiência etc.) que contribuíram para a formação de um indivíduo, moldaram sua personalidade e influenciam seus rumos (Houaiss).

A partir da leitura do texto, afirma-se corretamente que o bom debate

Alternativas
Comentários
  • C) 

     a) guia-se pela moralidade, a qual é produto direto do raciocínio lógico.

    Comentário: Errado.  Pelo contrário. Isto não está exposto no texto.

      b) orienta-se por uma lógica abstrata, que desencadeia ações imediatas.

    Comentário: Errado. Controverso

    d) pauta-se por regras de conduta abstratas, sobre as quais exista consenso.

    Comentário: Similar ao item B.

      e) prescinde da razão, apoiando-se em juízos com implicações morais.

    Comentário: Errado novamente. Pelo contrário. Veja o que é dito no primeiro e segundo parágrafo.

  • "Felizmente, não dependemos só dele. Contamos também com um módulo experiencial..."

    Entendo que esse trecho acima, presente no quinto parágrafo responde a questão.

  • prescinde

    Prescinde vem do verbo prescindir. O mesmo que: abstrai, desobriga, desonera, dispensa, exonera, isenta, recusa.

  • PRESCINDIR = DISPENSAR. 

    Outra palavra que vai bastante na VUNESP: Alcaide = Prefeito 

    Palavras que devem ser anotadas para você não errar em prova. São BEM recorrentes em provas da VUNESP.