SóProvas


ID
1584025
Banca
VUNESP
Órgão
MPE-SP
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                                 O bom debate

      Devemos travar debates em termos racionais ou é desejável que a carga moral paute a discussão? A pergunta, como o leitor já deve ter intuído, é traiçoeira.

      Longe de mim sugerir que a razão é dispensável. Se há uma característica que possibilita que vivamos em sociedades de dezenas de milhões de pessoas com os mais variados backgrounds* culturais e diferentes prioridades, é justamente a capacidade de desenvolver tecnologias e estabelecer regras básicas cuja pertinência lógica está ao alcance de todos.

      No que diz respeito a debates propriamente ditos, a razão é que nos ajuda a buscar evidências que apoiem nossa tese (ou falseiem a de nossos adversários) e a discriminar entre argumentos válidos e falaciosos, possibilitando-nos chegar a conclusões sólidas.

      O problema é que, embora a razão faça tudo isso, ela é péssima motivadora. Nosso modo analítico, que opera com algoritmos, cálculo probabilístico e lógica formal, é um sistema abstrato, lento e que exige reflexão antes de traduzir-se em ações.

      Felizmente, não dependemos só dele. Contamos também com um módulo experiencial. Moldado por milhões de anos de seleção natural, ele é intuitivo, baseia-se em emoções e é extremamente rápido. Não precisamos pensar antes de recusar comida estragada ou fugir de cães bravios. A dificuldade aqui é que, como as emoções estão no comando, tudo pode adquirir dimensão moral.

       Um bom exemplo é o do cigarro. Mais ou menos desde os anos 60, todo fumante sabia que o hábito faz mal à saúde. Esse conhecimento racional, porém, não era o bastante para fazer a maioria abandonar o cigarro. A partir dos anos 90, à medida que o ato de fumar foi ganhando contornos de falha moral, os índices de ex-tabagistas cresceram e menos jovens se iniciaram nas libações fumígenas. O perigo aqui é que abrimos espaço para discriminações e estridências que são elas mesmas moralmente injustificáveis.


                                                       (Hélio Schwartsman. www.folha.uol.com.br, 04.04.2015. Adaptado)


*background: a totalidade dos elementos (antecedentes familiares, classe social, educação, experiência etc.) que contribuíram para a formação de um indivíduo, moldaram sua personalidade e influenciam seus rumos (Houaiss).

Segundo o autor,

Alternativas
Comentários
  • C - . Nosso modo analítico, que opera com algoritmos, cálculo probabilístico e lógica formal, é um sistema abstrato, lento e que exige reflexão antes de traduzir-se em ações. /   O problema é que, embora a razão faça tudo isso, ela é péssima motivadora.

  • Quando se afirma, no item, B que "a análise lógica e racional não constitui motivação suficiente para alterar hábitos", afirma-se, em outras palavras, que a MUDANÇA DE HÁBITOS (variável dependente) não pode ser explicada apenas pela ANÁLISE LÓGICA E RACIONAL (variável independente), ou seja, a razão é um fator necessário, mas não suficiente para mudar o hábito de alguém. 

    Exemplo disso está no último parágrafo do texto, em que o autor exemplifica sua máxima, informando que, a partir dos anos 1990, as pessoas resolviam não fumar ou parar de fumar (mudança de hábito) não só porque fazia mal, mas também por que isso era visto como amoral pela sociedade. 

    Logo, MUDANÇA DE HÁBITOS = RAZÃO + MORAL. É o que o item B afirma corretamente.

  • B -  último parágrafo: " ...Esse conhecimento racional, porém, não era o bastante para fazer a maioria abandonar o cigarro. "

  • "O problema é que, embora a razão faça tudo isso, ela é péssima motivadora´".

  • Dica para acertar questões de INTERPRETAÇÃO DE TEXTO:

    - Resolver com calma cada alternativa.

    - vá por eliminação - eliminando cada alternativa. Fazer risco mesmo na alternativa que está descartada. (descartando as alternativas que não tem nada a ver com o texto).

    - Ler a alternativa e voltar no texto para ver se acha algum trecho sobre o assunto e comparar. Observar palavras parecidas pode ajudar a saber que é a correta.

    - Resolver com calma.

    Outras dicas de interpretação de texto:

    Dica 01 

    Retirado da questão Q1747178 - essa questão mostra quem consegue diferenciar a interpretação de compreensão. Como a questão trata de compreensão, essa análise e decodificação deve estar realmente escrito, seja das frases ou das ideias presentes. Já a interpretação de texto, está ligada às conclusões que podemos chegar ao conectar as ideias do texto com a realidade. É o entendimento subjetivo que o leitor teve sobre o texto.

    Dica 02

    Retirado da questão Q1753154 - Resolver muitas questões de intepretação, corrigir sempre o que errou. Com o tempo você vai pegando a linha de raciocínio da banca.

    Dica 03

    Retirado da questão Q1753154 – Assim como o colega Adailton disse, também acho que resolver questões corrigindo e analisando os erros é a melhor forma, mas fica a dica de um professor excelente nesse aspecto, Fernando Moura, tem aulas dele no Youtube, mas assisto pelo GranCursos. Vale a pena!

    Dica 04 – A QUE MELHOR ME AJUDOU: 

    Retirado da questão Q1753154 - as vezes procurar termos no item que estejam no texto também é um potencial acerto, pq as vezes a banca coloca uma frase que parece estar certa, mas não citada no texto

  • Questão que faz a gente pensar... muito boa!