SóProvas


ID
1588009
Banca
FUNCAB
Órgão
CRC-RO
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto para responder à questão.

      A mulher punha-se então a falar, e falava uns cinqüenta minutos sobre as coisas todas que quisera ter e que o homem ruivo não lhe dera, não esquecer aquela viagem para Pocinhos do Rio Verde e o trem prateado descendo pela noite até o mar. Esse mar que, se não fosse o pai (que Deus o tenha!), ela jamais teria conhecido, porque em negra hora se casara com um homem que não prestava para nada, Não sei mesmo onde estava com a cabeça quando me casei com você, Velho.

      Ele continuava com o livro aberto no peito, gostava muito de ler. Quando a mulher baixava o tom de voz, ainda furiosa (mas sem saber mais a razão de tanta fúria), o homem ruivo fechava o livro e ia conversar com o passarinho que se punha tão manso que se abrisse a portinhola poderia colhê-lo na palma da mão. Decorridos os cinqüenta minutos das queixas, e como ele não respondia mesmo, ela se calava, exausta. Puxava-o pela manga, afetuosa, Vai, Velho, o café está esfriando, nunca pensei que nesta idade avançada eu fosse trabalhar tanto assim. O homem ia tomar o café. Numa dessas vezes, esqueceu de fechar a portinhola e quando voltou com o pano preto para cobrir a gaiola (era noite) a gaiola estava vazia. Ele então sentou-se no degrau de pedra da escada e ali ficou pela madrugada, fixo na escuridão. Quando amanheceu, o gato da vizinha desceu o muro, aproximou-se da escada onde estava o homem ruivo e ficou ali estirado, a se espreguiçar sonolento de tão feliz. Por entre o pelo negro do gato desprendeu-se uma pequenina pena amarelo-acinzentada que o vento delicadamente fez voar. O homem inclinou-se para colher a pena entre o polegar e o indicador. Mas não disse nada, nem mesmo quando o menino, que presenciara a cena, desatou a rir, Passarinho burro! Fugiu e acabou aí, na boca do gato!

    Calmamente, sem a menor pressa, o homem ruivo guardou a pena no bolso do casaco e levantou-se com uma expressão tão estranha que o menino parou de rir para ficar olhando. Repetiria depois à Mãe, Mas ele até que parecia contente, Mãe, juro que o Pai parecia contente, juro! A mulher então interrompeu o filho num sussurro, Ele ficou louco.

    Quando formou-se a roda de vizinhos, o menino voltou a contar isso tudo, mas não achou importante contar aquela coisa que descobriu de repente: o Pai era um homem alto, nunca tinha reparado antes como ele era alto. Não contou também que estranhou o andar do Pai, firme e reto, mas por que ele andava agora desse jeito? E repetiu o que todos já sabiam, que quando o Pai saiu, deixou o portão aberto e não olhou para trás.

TELLES, Lygia Fagundes. Invenção e memória. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. p. 95-97. (Fragmento)


Considere as seguintes afirmações.


I. O homem acreditava que, assim como o passarinho, não seria possível mudar de vida.

II. A morte do passarinho fez com que o homem percebesse a brevidade da vida, dando-lhe coragem para mudar e tomar uma atitude diferente.

III. Ao olhar para o pai momentos antes da sua partida, o menino teve certeza de que seu pai era um fracassado.


Em relação ao texto está correto o que se afirma apenas em:

Alternativas
Comentários
  • Gabarito: c

    Eu discordo totalmente, pois nenhuma das três opções está correta. O texto, em nenhum momento, faz tais afirmações, sendo as mesmas apenas hipóteses que poderíamos fazer em relação à narrativa.
  • questão ridicula... não tem justifativa para o gabarito C

  • Um absurdo essas questões de interpretação de texto da FUNCAB. Não há justificativa para essa resposta!

  • EXISTE A COMPREENÇÃO DE TEXTO, A INTERPRETAÇÃO DE TEXTO... E AQUI ESTÁ A ADVINHAÇÃO... TENTA ADIVINHAR O QUE O CAMARADA QUE ESCREVEU QUIS DIZER COM O QUE ELE DISSE. WTF.

  • EXTRAPOLAÇÃO AO CONTEÚDO DO TEXTO, UMA DAS REGRAS BÁSICAS QUE EXAUSTIVAMENTE VEMOS QUE NÃO DEVEMOS FAZER.....AI COMPLICA NÉ EXAMINADOR !!!!!????

  • Tem horas que as bancas viajam demais...

  • o que esses examinadores andam usando?

    a II seria a menos absurda e é justamente a errada! hahah

  • kkkkkkkkkkkkk q ridículo!! ridículo demais!! prova feita por um analfabeto só pode!!

  • Esta banca viaja muito,a única que é possível se entender como correta a partir do texto é a D

  • Não costumo ficar brigando com a banca porque a gente depende deles (infelizmente) mas hoje depois de fazer umas 40 questões de português dessa banca cheguei à conclusão que os elaboradores fumam maconha com craque. Nada justifica nada.

  • Aí complica né examinador, questão absolutamente anulável. Ou era pra ler o livro antes de fazer a prova?Poupem-nos.