SóProvas


ID
1590730
Banca
FUNCAB
Órgão
FUNASG
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

133. “Não pensar mais em si” 

         Seria necessário refletir sobre isso seriamente: por que saltamos à água para socorrer alguém que está se afogando, embora não tenhamos por ele qualquer simpatia particular? Por compaixão: só pensamos no próximo — responde o irrefletido. Por que sentimos a dor e o mal-estar daquele que cospe sangue, embora na realidade não lhe queiramos bem? Por compaixão: nesse momento não pensamos mais em nós — responde o mesmo irrefletido. A verdade é que na compaixão — quero dizer, no que costumamos chamar erradamente compaixão — não pensamos certamente em nós de modo consciente, mas inconscientemente pensamos e pensamos muito, da mesma maneira que, quando escorregamos, executamos inconscientemente os movimentos contrário s que restabelecem o equilíbrio, pondo nisso todo o nosso bom senso. O acidente do outro nos toca e faria sentir nossa impotência, talvez nossa covardia, se não o socorrêssemos. Ou então traz consigo mesmo uma diminuição de nossa honra perante os outros ou diante de nós mesmos. Ou ainda vemos nos acidentes e no sofrimento dos outros um aviso do perigo que também nos espia; mesmo que fosse como simples indício da incerteza e da fragilidade humanas que pode produzir em nós um efeito penoso. Rechaçamos esse tipo de miséria e de ofensa e respondemos com um ato de compaixão que pode encerrar uma sutil defesa ou até uma vingança. Podemos imaginar que no fundo é em nós que pensam os, considerando a decisão que tomamos em todos os casos em que podemos evitar o espetáculo daqueles que sofrem, gemem e estão na miséria: decidimos não deixar de evitar, sempre que podemos vir a desempenhar o papel de homens fortes e salvadores, certos da aprovação, sempre que queremos experimentar o inverso de nossa felicidade ou mesmo quando esperamos nos divertir com nosso aborrecimento. Fazemos confusão ao cham ar compaixão ao sofrimento que nos causa um tal espetáculo e que pode ser de natureza muito variada, pois em todos os casos é um sofrimento de que está isento aquele que sofre diante de nós: diz-nos respeito a nós tal como o dele diz respeito a ele. Ora, só nos libertamos desse sofrimento pessoal quando nos entregamos a atos de compaixão. [...] 
NIETZSCHE, Friedrich. Aurora. Trad. Antonio Carlos Braga. São Paulo; 2007, p 104-105

Em “um aviso do perigo que também nos espia”, a figura de linguagem presente é

Alternativas
Comentários
  • "prosopopeia /éi/

    substantivo feminino

    1. 1ret figura pela qual o orador ou escritor empresta sentimentos humanos e palavras a seres inanimados, a animais, a mortos ou a ausentes; personificação, metagoge.

    2. 2p.ext. discurso empolado ou veemente." Gabarito: letra B

  • b) prosopopeia.


    Pleonasmo: é o emprego de termos desnecessários, cujo objetivo é enfatizar a comunicação. Pode ser semântico (ver com os próprios olhos) e sintático (a mim ninguém me engana).



    Prosopopeia ou Personificação: é a atribuição de qualidades e sentimentos humanos a seres irracionais e inanimados. (Dorme, ruazinha, é tudo escuro).



    Eufemismo: é o emprego de palavras ou expressões agradáveis, em substituição às que têm sentido grosseiro ou desagradável. (Faltar à verdade. "Por mentir"). 



    Metáfora: é o emprego de palavra fora do seu sentido normal, por efeito da analogia (comparação). (A Amazônia é o pulmão do mundo).



    Catacrese: é o emprego impróprio de uma palavra ou expressão, por esquecimento ou ignorância do seu étimo (vocábulo que é a origem imediata de outro). (Ganhar mesada semanal. "mesada = quantia que se recebe por mês"). Modernamente ainda se consideram como catacreses as metáforas viciadas, ou seja, as metáforas que pelo uso constante perderam o valor estilístico e se formaram graças à semelhança de forma existente entre os seres. Estão neste caso pé de meia, braços de rio, cabelo de milho, barriga da perna




    FONTE: SACCONI.