Alternativas
Alguns dias antes estava sossegado, preparando
látegos, consertando cercas. De repente, um risco no
céu, outros riscos, milhares de riscos juntos, nuvens,
o medonho rumor de asas a anunciar destruição. Ele
já andava meio desconfiado vendo as fontes
minguarem. E olhava com desgosto a brancura das
manhãs longas e a vermelhidão sinistra das tardes.
Na planície avermelhada os juazeiros alargavam
duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado
o dia inteiro, estavam cansados e famintos.
Ordinariamente andavam pouco, mas como haviam
repousado bastante na areia do rio seco, a viagem
progredira bem três léguas. Fazia horas que
procuravam uma sombra. A folhagem dos juazeiros
apareceu longe, através dos galhos pelados da
catinga rala.
Cavou a areia com as unhas, esperou que a água
marejasse e, debruçando-se no chão, bebeu muito.
Saciado, caiu de papo para cima, olhando as
estrelas, que vinham nascendo. O poente cobria-se
de cirros – e uma alegria doida enchia o coração de
Fabiano.
Deu-se aquilo porque Sinha Vitória não conversou
um instante com o menino mais velho. Ele nunca
tinha ouvido falar em inferno. Estranhando a
linguagem de Sinha Terta, pediu informações. Sinha
Vitória, distraída, aludiu vagamente a certo lugar ruim
demais e, como o filho exigisse uma descrição,
encolheu os ombros.
– Fabiano, meu filho, tem coragem. Tem
vergonha, Fabiano. Mata o soldado amarelo. Os
soldados amarelos são uns desgraçados que
precisam morrer. Mata o soldado amarelo e os que
mandam nele.