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ID
1601683
Banca
VUNESP
Órgão
PM-SP
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Um tiro no escuro

      – Quem atirou em quem? – provoco minha mãe.
      – Uai, foi você que atirou no seu irmão. – ela responde, convicta.
      Isso aconteceu nos anos de 1980, bem no começo. Naquela época era tudo meio inconsequente. Meu pai havia nos presenteado com uma espingarda de pressão. Com que cargas d'água alguém teria a brilhante ideia de dar uma arma para duas crianças? Pois é, isso era normal. Como era normal também passearmos pela cidade em um Fusca, todos sem cinto de segurança e felizes como nunca. Tínhamos a impressão de que tudo era meio permitido, mas, lógico, dentro de parâmetros que levavam em conta o respeito ao próximo e o amor incondicional à família.
      Brincávamos na rua e ela era tão perigosa quanto é hoje. Havia os carros descontrolados, os motoristas bêbados, as motos a todo vapor, os paralelepípedos soltos como armadilhas propositais. Tudo era afiado ou pontiagudo, menos a dedicação de dona Izolina. Perto da janta ela nos gritava e, chateados, nos recolhíamos para a sala. Havia uma mesa e todos nos sentávamos, juntos, para celebrar mais um dia em que nada nos faltara.
       Hoje, os brinquedos de criança parecem mais arredondados, não há armas em casa, mas os perigos são os mesmos: um arranhão em minha filha, Helena, dói tanto quanto um hematoma sofrido em nossa infância.
       Ah, mãe, fui eu que atirei em meu irmão e, logo após o grito estridente dele, saí gritando igualmente pela casa, desolado e pesaroso, porque havia assassinado um parente tão próximo. Mas nada acontecera, nem uma esfoladela. Ele usava uma bermuda jeans e eu, com minha pontaria genial, havia acertado a nádega direita, de modo que o pequeno projétil se intimidara diante da força do tecido. Foi assim, mãe. Agora a senhora já pode contar para todos a história correta.

(Whisner Fraga. www.cronicadodia.com.br, 10.05.2015. Adaptado)

Na ocasião em que atira em seu irmão com uma espingarda de pressão, o narrador reage de modo a demonstrar-se

Alternativas
Comentários
  • Ah, mãe, fui eu que atirei em meu irmão e, logo após o grito estridente dele, saí gritando igualmente pela casa, desolado e pesaroso, porque havia assassinado um parente tão próximo. 

    Pura interpretação de texto: 

    Alternativa A

  • Mas o momento em que ele atira, não é no momento em que ele informa todo o acontecido na época, mas sim a frase: - Quem atirou em quem? – provoco minha mãe ... o Fato dele provocar, não mostra um sentimento de Arrependido, mas de DESTEMIDO OU SUPERIOR, ao usar esta frase. Enfim, estou na dúvida entre D ou E. Ao final, ele põe a tona: - "Mas nada acontecera, nem uma esfoladela", acredito num ar de DESTEMIDO: 

    sig: que não teme; corajoso, intrépido, valente. 

    Então diria que o Gabarito seria letra D
    que dizem os demais? 

  •  "...,logo após o grito estridente dele, saí gritando igualmente pela casa, desolado e pesaroso, porque havia assassinado um parente tão próximo."

    O fato dele sair gritando pela casa desolado, demonstra claro arrependimento dele.

  • (A)leia com atenção.

  • Comentário incorreto. A CRFB fala em "nem dele receber benefícios ou INCENTIVOS fiscais ou creditícios".

  • ''e eu, com minha pontaria GENIAL, havia acertado a nádega direita''

    Deixa margem para interpretação, da a entender que ele se gabou da sua pontaria, o que da a entender que ele sentiu-se orgulhoso da mesma.

    toda via, ''saí gritando igualmente pela casa, desolado e pesaroso''

    da a entender um certo arrependimento nos adjetivos, principalmente DESOLADO, caberia recurso, duas respostas.

  • essa é pra n zerar