SóProvas


ID
1605583
Banca
FCC
Órgão
TRT - 3ª Região (MG)
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

O fim dos álbuns de fotografias 

      Quando me pergunto o que deverá desaparecer nos próximos anos, por conta dos avanços tecnológicos que mudam ou suprimem hábitos e valores tradicionais, incluo os álbuns de fotografias. Na verdade, são as fotografias mesmas, aquelas reveladas em papel, que estão desaparecendo para dar lugar às imagens arquivadas num celular ou num computador. Não é mais o tempo que as torna apagadas ou amareladas; é o nosso súbito desinteresse que as remove de vez ao toque de um “delete”. Nem pensar em armazená-las naqueles álbuns de capa dura e folhas de papelão, alguns encadernados em pano, álbuns de família, que se acumulavam em baús ou velhos armários. São monumentos remotos, de um tempo em que a memória ia longe, chegava aos avós e aos bisavós. 
      Pergunto-me se não é a qualidade mesma da nossa memória, do nosso interesse pelas recordações, se não é o valor mesmo da memória que está mudando de forma radical. Parece estar havendo um crescente desprestígio de tudo o que se refere ao passado, ainda quando esse passado seja recente. Com isso, o tempo se reduz ao instante que está passando e ao aguardado amanhã, do qual se exigem novas revelações, novos milagres. Um álbum de fotografias, nessa velocidade, é um objeto de museu, testemunha de tempos mais ingênuos e de imagens paralisadas.
      Enquanto não morrem de vez, ainda me detenho em alguns desses álbuns. Quase sempre são de gosto duvidoso, com capas pretensiosas, ilustradas com flores coloridas, gatinhos meigos, paisagens poéticas e outros mimos. Dentro deles surpreendo a vida que já foi, os olhares que nos apanham em nossa vez de ser modernos. Aí me ocorre que nossas imagens não irão parar em álbuns caprichosos, talvez nem mesmo em arquivos digitais: não estarão em lugar nenhum. É o preço que se paga pelo desapego à memória.

(Vitório Damásio, inédito

Atente para as seguintes afirmações:

I. No 1o parágrafo, estabelece-se uma clara oposição entre as expressões imagens arquivadas num celular ou num computador e as imagens nos álbuns que se acumulavam em baús ou velhos armários, evidenciando-se assim uma significativa mudança de hábitos.

II. No 2o parágrafo, ao se valer da expressão um objeto de museu, o autor mostra que é aceitável e justa a depreciação crescente dos álbuns de fotografias, uma vez que se trata de registros familiares, sem interesse público.

III. No 3o parágrafo, a expressão em nossa vez de ser modernos acusa, com alguma ironia, o fato de que também o nosso momento é passageiro, que não podemos alimentar a pretensão de estarmos sempre no mesmo passo em que ocorrem as novidades.

Em relação ao texto está correto o que se afirma APENAS em

Alternativas
Comentários
  • por que o iten II está errado? Alguém poderia me explicar.

  • Porque quando o autor usa a expressão "um objeto de museu", ele está sendo irônico ao invés de concordar com uma possível depreciação dos álbuns de fotografia, como afirma a assertiva!

  • Queria entender a oposição no 1parágrafo. Alguém

  • Thomaz Castro, no primeiro parágrafo ele dá 2 situações opostas:

    imagens arquivadas num celular ou num computador    X   imagens nos álbuns que se acumulavam em baús ou velhos armários.

    São expressões diferentes; uso da tecnologia e o não uso dela; acontecidos em épocas opostas.
    God bless you.
  • esse item II não me convenceu ainda de estar errado.
    Seria porque álbuns de família não combina com/sem interesse público?
    Help, pessoal!!!


  • Discordo do gabarito.

    "imagens arquivadas num celular ou num computador e as imagens nos álbuns que se acumulavam em baús ou velhos armários", para mim, isso estabelece uma substituição e não uma oposição. Inclusive, o próprio enunciado diz "evidenciando-se assim uma significativa mudança de hábitos.", ou seja, mudar hábitos é substituir os antigos por novos. No mínimo, o enunciado prejudica o julgamento objetivo da questão e deveria ser anulado.

    Alguém discorda também?

  • Não seria uma comparação?

  • No item II, acredito que o erro esteja no fato da afirmação: "o autor mostra que é aceitável e justa a depreciação", quando na realidade em nenhum momento do texto, e nem mesmo no 2º parágrafo ele afirma ser justa esta mudança ou depreciação, na realidade ele parece não gostar desta mudança, tornando o item II falso. Pelo menos foi o que entendi. 

    Agora, se alguém puder me ajudar no item III. 
  • Também gostaria de ajuda no item III, não houve extrapolação?

  • O problema da interpretação é ter que aceitar a interpretação do examinador. Não vejo essa oposição que o examinador interpretou. 

    Ainda que as tecnologias sejam diferentes, estamos arquivando imagens, seja em álbuns digitais, seja em álbuns físicos.

  • Comentário: Apenas a afirmação II está incorreta. Ainda que guardem registros familiares, sem interesse público, os álbuns de família têm seu valor. De acordo com o autor, os álbuns de fotografia são “testemunha de tempos mais ingênuos e imagens paralisadas”.

    Nas demais afirmações:

    I. Correta. O primeiro parágrafo faz uma oposição entre “as imagens arquivadas em um celular ou num computador” e as imagens que “se acumulavam em baús ou velhos armários”. O autor menciona que estas últimas estão dando lugar às primeiras, “por conta dos avanços tecnológicos que mudem ou suprimem hábitos e valores tradicionais”.

    III. Correta. Ao mencionar a expressão “em nossa vez de ser modernos”, o autor faz apenas uma alusão à nossa efemeridade de nosso tempo, fazendo um comparativo com a “vida que já foi”, registrada nos álbuns de fotografias.


    Fonte: Fabiano Sales do estratégia. http://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/comentarios-as-questoes-de-lingua-portuguesa-trtmg-tecnico-judiciario-area-administrativa/


  • Gabarito Letra E... quanto ao item III, altamente subjetiva a interpretação do autor, não consegui compreender com as explicações dos colegas

  • I. No 1o parágrafo, estabelece-se uma clara oposição entre as expressões imagens arquivadas num celular ou num computador e as imagens nos álbuns que se acumulavam em baús ou velhos armários, evidenciando-se assim uma significativa mudança de hábitos.

    II. No 2o parágrafo, ao se valer da expressão um objeto de museu, o autor mostra que é aceitável e justa a depreciação crescente dos álbuns de fotografias, uma vez que se trata de registros familiares, sem interesse público.

    III. No 3o parágrafo, a expressão em nossa vez de ser modernos acusa, com alguma ironia, o fato de que também o nosso momento é passageiro, que não podemos alimentar a pretensão de estarmos sempre no mesmo passo em que ocorrem as novidades

  •  e) I e III. 

    I. No 1o parágrafo, estabelece-se uma clara oposição entre as expressões imagens arquivadas num celular ou num computador e as imagens nos álbuns que se acumulavam em baús ou velhos armários, evidenciando-se assim uma significativa mudança de hábitos.

          Quando me pergunto o que deverá desaparecer nos próximos anos, por conta dos avanços tecnológicos que mudam ou suprimem hábitos e valores tradicionais, incluo os álbuns de fotografias.

    III. No 3o parágrafo, a expressão em nossa vez de ser modernos acusa, com alguma ironia, o fato de que também o nosso momento é passageiro, que não podemos alimentar a pretensão de estarmos sempre no mesmo passo em que ocorrem as novidades.

     Dentro deles surpreendo a vida que já foi, os olhares que nos apanham em nossa vez de ser modernos. Aí me ocorre que nossas imagens não irão parar em álbuns caprichosos, talvez nem mesmo em arquivos digitais: não estarão em lugar nenhum