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ID
16174
Banca
CESPE / CEBRASPE
Órgão
TRE-AL
Ano
2004
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto I - itens de 1 a 20
Apostando na leitura
1 Se a chamada leitura do mundo se aprende por aí, na tal escola da vida, a leitura de livros carece de aprendizado mais
regular, que geralmente acontece na escola. Mas leitura, quer do mundo, quer de livros, só se aprende e se vivencia, de forma
plena, coletivamente, em troca contínua de experiências com os outros. É nesse intercâmbio de leituras que se refinam, se
4 reajustam e se redimensionam hipóteses de significado, ampliando constantemente a nossa compreensão dos outros, do mundo
e de nós mesmos. Da proibição de certos livros (cuja posse poderia ser punida com a fogueira) ao prestígio da Bíblia, sobre a qual
juram as testemunhas em júris de filmes norte-americanos, o livro, símbolo da leitura, ocupa lugar importante em nossa sociedade.
7 Foi o texto escrito, mais que o desenho, a oralidade ou o gesto, que o mundo ocidental elegeu como linguagem que cimenta a
cidadania, a sensibilidade, o imaginário. É ao texto escrito que se confiam as produções de ponta da ciência e da filosofia; é ele
que regula os direitos de um cidadão para com os outros, de todos para com o Estado e vice-versa. Pois a cidadania plena, em
10 sociedades como a nossa, só é possível - se e quando ela é possível - para leitores. Por isso, a escola é direito de todos e dever
do Estado: uma escola competente, como precisam ser os leitores que ela precisa formar. Daí, talvez, o susto com que se observa
qualquer declínio na prática de leitura, principalmente dos jovens, observação imediatamente transformada em diagnóstico de
13 uma crise da leitura, geralmente encarada como anúncio do apocalipse, da derrocada da cultura e da civilização. Que os jovens
não gostem de ler, que lêem mal ou lêem pouco é um refrão antigo, que de salas de professores e congressos de educação ressoa
pelo país afora. Em tempo de vestibular, o susto é transportado para a imprensa e, ao começo de cada ano letivo, a terapêutica
16 parece chegar à escola, na oferta de coleções de livros infantis, juvenis e paradidáticos, que apregoam vender, com a história que
contam, o gosto pela leitura. Talvez, assim, pacifique corações saber que desde sempre - isto é, desde que se inventaram livros
e alunos - se reclama da leitura dos jovens, do declínio do bom gosto, da bancarrota das belas letras! Basta dizer que Quintiliano,
19 mestre-escola romano, acrescentou a seu livro uma pequena antologia de textos literários, para garantir um mínimo de leitura aos
estudantes de retórica. No século I da era cristã! Estamos, portanto, em boa companhia. E temos, de troco, uma boa sugestão: se
cada leitor preocupado com a leitura do próximo, sobretudo leitores-professores, montar sua própria biblioteca e sua antologia
22 e contagiar por elas outros leitores, sobretudo leitores-alunos, por certo a prática de leitura na comunidade representada por tal
círculo de pessoas terá um sentido mais vivo. E a vida será melhor, iluminada pela leitura solidária de histórias, de contos, de
poemas, de romances, de crônicas e do que mais falar a nossos corações de leitores que, em tarefa de amor e paciência, apostam
25 no aprendizado social da leitura.

Marisa Lajolo. Folha de S. Paulo, 19/9/1993 (com adaptações).

De acordo com as idéias do texto I, julgue os itens seguintes.

A autora circunscreve o assunto, principalmente, à realidade social brasileira, pondo em destaque a leitura do texto escrito.

Alternativas
Comentários
  • Ela apenas exempifica através da realidade social brasileira a constatação da hábito rarefeito de leitura entre os jovens. Não trata principalmente dessa realidade. Essa questão está com o gabarito errado.

  • CERTO.

    Linha 9: "Pois a cidadania plena, em sociedades como a nossa, só é possível - se e quando ela é possível - para leitores."
    Linha 13: "Que os jovens não gostem de ler, que lêem mal ou lêem pouco é um refrão antigo, que de salas de professores e congressos de educação ressoa pelo país afora."

    Em atenção ao comentário abaixo, verifiquei no site do CESPE e o gabarito definitivo foi CERTO.

    Seguem os links. (Questão 4)

    Prova: http://www.cespe.unb.br/concursos/_antigos/2004/TREAL2004/arquivos/ANAL_JUD__AREA_ADMINIST.PDF

    Gabarito: http://www.cespe.unb.br/concursos/_antigos/2004/TREAL2004/arquivos/GAB_DEF_TRE_ALAGOAS.PDF

  • A oração subordinada concessiva desenvolvida, o verbo tem que se condicionar pela estrutura concessiva empregara, EX:
     Embora ela esteja doente, a empresa continua funcionando.
  • discordo do gabarito.. De fato, fala de mundo ocidental (l.7).... e depois dá um exemplo romano...


  • Gabarito: C 

     O Bruno Borges emitiu o seguinte comentário e ainda conferiu o gabarito: 

    Linha 9: "Pois a cidadania plena, em sociedades como a nossa, só é possível - se e quando ela é possível - para leitores."
    Linha 13: "Que os jovens não gostem de ler, que lêem mal ou lêem pouco é um refrão antigo, que de salas de professores e congressos de educação ressoa pelo país afora."

    Prova: http://www.cespe.unb.br/concursos/_antigos/2004/TREAL2004/arquivos/ANAL_JUD__AREA_ADMINIST.PDF

    Gabarito: http://www.cespe.unb.br/concursos/_antigos/2004/TREAL2004/arquivos/GAB_DEF_TRE_ALAGOAS.PDF

    Bom, certamente o Cespe viu a questão como correta, mas isso é bastante duvidoso. Primeiro porque ela a expressão "como a nossa" é a única marca real de brasilidade, repare que se a autora for japonesa e o texto tiver sido traduzido, não há muito como falar em Brasil( acho que faltou uma referência clara como: Brasil, brasileira, e etc) 

  • a subjetividade é tão absurda, que nem a banca se decide sobre o gabarito.