Enfocando as transformações econômicas e sociais
em marcha desde o final do século XX, Boaventura Santos dá destaque, entre
outros aspectos, às conseqüências da crise do contrato social da modernidade
sobre as sociedades. Esse sociólogo português tem a peculiaridade de lançar um
olhar sobre o tema a partir da realidade de uma nação situada na semiperifieria
do capitalismo, como ele mesmo classifica seu país, ao contrário das discussões
anteriores, que se reportam fundamentalmente aos países centrais do sistema
capitalista. Desse modo, Santos alarga o espectro de contribuições para se
pensar realidades como a de muitos países latino-americanos, também
classificados como semiperiféricos.
No âmbito europeu, acreditamos
que a abordagem realizada por Castel é a que melhor consegue apreender o
momento atual e refletir sobre seus desdobramentos presentes e
"eventualidades" futuras. Embora não compartilhe a crença de que acivilização do trabalhoseja uma formação social eterna, esse
autor acredita que, hoje, é precisamente essa sociedade que está sendo
desestabilizada e, portanto, é sobre isso que precisamos pensar. O fenômeno a
ser perscrutado é o da instabilidade das situações de trabalho, que, com seus
desdobramentos, constitui para o autor a nova questão social contemporânea a
permear o debate sociológico. Esta é, no nosso entender, a contribuição central
de Castel, pois, como ele bem destaca, remete ao problema da integração social,
à medida que empurra para o primeiro plano questões vinculadas à precariedade,
à vulnerabilidade, à exclusão, ou, na denominação por ele preferida, a
processos dedesfiliaçãoem referência a situações de trabalho.
Para
analisar a questão social atual, o autor acredita ser necessário dimensionar um
novo dado contemporâneo, qual seja
a presença, aparentemente cada
vez mais insistente, de indivíduos colocados em situação de flutuação na
estrutura social e que povoam seus interstícios sem encontrar aí um lugar
designado. Silhuetas incertas, à margem do trabalho e nas fronteiras das formas
de troca socialmente consagradas - desempregados por período longo, moradores
dos subúrbios pobres, beneficiários da renda mínima de inserção, vítimas das
readaptações industriais, jovens à procura de emprego e que passam de estágio a
estágio, de pequeno trabalho à ocupação provisória(Castel, 1998, p. 23).
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1517-45222003000100009&script=sci_arttext
Critica a nomenclatura "Nova questão social"
As desigualdades sociais são cada vez mais flagrantes, mas continuam ser decorrências da luta de classes fundada na dicotomia capital e trabalho, em que aquele dita as regras por conta de seu poderio econômico.
Deste modo, não há uma nova pobreza, há a pobreza com contornos particularizados devido ao contexto histórico atual, e não há um novo sistema econômico, há o mesmo sistema, cada vez mais contraditório e regido pela batuta de um pequeno grupo de pessoas cada vez mais ávido por lucros, nem que isso custe a miséria e a exploração de bilhares de pessoas.
Se a cada aperfeiçoamento ou sutiliza das formas de exploração houver uma tentativa de se mascarar velhos fundamentos com pretensos novos fundamentos, teremos em breve a "novíssima questão social", a "questão social potencializada", a "questão social modificada" etc.
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