"Assim, se a violência era comum, nessa sociedade escravocrata existiam, porém, gradações visíveis. Enquanto os escravos do eito eram muitos, submetidos a jornadas sacrificadas, regimes de trabalho e de controle mais estritos, os cativos domésticos experimentavam outro gênero de cotidiano. (...). De todo modo, não resta dúvida de que a maioria dos cativos se destinava à labuta pesada do campo, sob o sol escaldante do Nordeste, o qual, tomava mais de vinte horas diárias.
O trabalho na moenda, nas fornalhas e nas caldeiras poderia ser, no entanto, ainda pior. Não era raro que escravos perdessem uma das mãos, ou até um braço. Vários relatos mencionam a existência de uma machadinha próxima da moenda para que, no caso de um escravo ser apanhado pelos tambores, se pudesse separar rapidamente o membro ferido, evitando também que o açúcar ou as máquinas tivessem avarias". (SCHWARCZ, 2015, pg.93).