O soldado magrinho, enfezadinho, tremia. E Fabiano tinha
vontade de levantar o facão de novo. Tinha vontade, mas os
músculos afrouxavam. Realmente não quisera matar um cristão:
procedera como quando, a montar bravo, evitava galhos e espinhos.
Ignorava os movimentos que fazia na sela. Alguma coisa o
empurrava para a direita ou para a esquerda. Era essa coisa que ia
partindo a cabeça do amarelo. Se ele tivesse demorado um minuto,
Fabiano seria um cabra valente. Não demorara. A certeza do perigo
surgira – e ele estava indeciso, de olho arregalado, respirando com
dificuldade, um espanto verdadeiro no rosto barbudo coberto de
suor, o cabo do facão mal seguro entre os dois dedos úmidos.
Tinha medo e repetia que estava em perigo, mas isto lhe pareceu
tão absurdo que se pôs a rir. Medo daquilo? Nunca vira uma
pessoa tremer assim. Cachorro. Ele não era dunga na cidade? não
pisava os pés dos matutos, na feira? não botava gente na cadeia?
Sem-vergonha, mofino.
(Graciliano Ramos, Vidas Secas)
De acordo com o texto, o embate entre Fabiano e o soldado amarelo não aconteceu porque