- ID
- 1699186
- Banca
- Instituto Acesso
- Órgão
- Colégio Pedro II
- Ano
- 2015
- Provas
- Disciplina
- Português
- Assuntos
A questão abaixo toma por base o seguinte texto, de João Ubaldo Ribeiro (Estado de S.Paulo:
22/07/2012):
Meu avô de Itaparica, o inderrotável Coronel Ubaldo Osório, não era muito dado a novas tecnologias e à
modernidade em geral. Jamais tocou em nada elétrico, inclusive interruptores e pilhas. Quando queria acender a
luz, chamava alguém e mantinha uma distância prudente do procedimento. Tampouco conheceu televisão,
recusava-se. A gente explicava a ele o que era, com pormenores tão fartos quanto o que julgávamos necessário
para convencê-lo, mas não adiantava. Ele ouvia tudo por trás de um sorriso indecifrável, assentia com a cabeça e
periodicamente repetia “creio, creio", mas, assim que alguém ligava o aparelho, desviava o rosto e se retirava.
“Mais tarde eu vejo", despedia-se com um aceno de costas.
O único remédio que admitia em sua presença era leite de magnésia Phillips, assim mesmo somente para olhar,
enquanto passava um raro mal-estar. Acho que ele concluiu que, depois de bastante olhado, o leite de magnésia
fazia efeito sem que fosse necessário ingeri-lo. Considerava injeção um castigo severo e, depois que as vitaminas
começaram a ser muito divulgadas, diz o povo que, quando queria justiçar alguma malfeitoria, apontava o culpado
a um preposto e determinava: “Dê uma injeção de vitamina B nesse infeliz." Dizem também que não se apiedava
diante das súplicas dos sentenciados à injeção de vitamina, enquanto eram arrastados para o patíbulo, na saleta
junto à cozinha, onde o temido carcereiro Joaquim Ovo Grande já estava fervendo a seringa. (Naquele tempo, as
seringas eram de vidro e esterilizadas em água fervente, vinha tudo num estojinho, sério mesmo.)
A frase “A gente explicava a ele o que era" (linha 04) tem, no contexto, o seguinte significado: