Texto II - Quanto de barbárie existe ainda dentro de nós?
Carregamos dentro de nós, latente mas sempre atuante,
o impulso de morte. A religião, a moral, a educação, o trabalho civilizatório foram os meios que desenvolvemos
para pôr sob controle esses demônios que
nos habitam. Mas essas instâncias não detêm aquela
força que possa submeter tais impulsos às regras de
uma civilização que procura resolver os problemas humanos
com acordos e não com o recurso da
violência.Cumpre reconhecer que vigora em nós ainda
muita barbárie. Não diria animalidade, pois os animais
se regem por impulsos instintivos de preservação da vida
e da espécie. Em nós esses impulsos perduram mas
temos condições de conscientizá-los, canalizá-los para
tarefas dignas, através de sublimações não destrutivas,
como Freud e, recentemente, o filósofo René Girard com
seu “desejo mimético" positivo tanto insistiram. Mas
ambos se dão conta do caráter misterioso e desafiante
da persistência desse lado sombrio (pulsão de morte
em dialética com a pulsão de vida) que dramatiza a condição
humana e pode levar a fatos irracionais e criminosos
como o linchamento de uma pessoa inocente.
Leonardo Boff. 19/05/2014. Fragmento.Disponível em http://
leonardoboff.wordpress.com/2014/05/19/quanto-de-barbarie-existe-aindadentro-de-nos/
“submeter tais impulsos às regras de uma civilização". Assim como se constata nesse segmento, é obrigatório empregar o sinal grave indicativo de crase em: