SóProvas


ID
1751668
Banca
FCC
Órgão
TRE-PB
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                                                             Gramática e Interpretação de Texto da Língua Portuguesa

Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.

O rio Paraíba corria bem próximo ao cercado. Chamavam-no "o rio". E era tudo. Em tempos antigos fora muito mais estreito.
Os marizeiros e as ingazeiras apertavam as duas margens e as águas corriam em leito mais fundo. Agora era largo e, quando descia nas grandes enchentes, fazia medo. Contava-se o tempo pelas eras das cheias. Isto se deu na cheia de 93, aquilo se fez depois da cheia de 68. Para nós meninos, o rio era mesmo a nossa serventia nos tempos de verão, quando as águas partiam e se retinham nos poços. Os moleques saíam para lavar os cavalos e íamos com eles. Havia o Poço das Pedras, lá para as bandas da Paciência. Punham-se os animais dentro d’água e ficávamos nos banhos, nos cangapés. Os aruás cobriam os lajedos, botando gosma pelo casco. Nas grandes secas o povo comia aruá que tinha gosto de lama. O leito do rio cobria-se de junco e faziam-se plantações de batata-doce pelas vazantes. Era o bom rio da seca a pagar o que fizera de mau nas cheias devastadoras. E quando ainda não partia a corrente, o povo grande do engenho armava banheiros de palha para o banho das moças. As minhas tias desciam para a água fria do Paraíba que ainda não cortava sabão.
O rio para mim seria um ponto de contato com o mundo. Quando estava ele de barreira a barreira, no marizeiro maior, amarravam a canoa que Zé Guedes manobrava.
Vinham cargueiros do outro lado pedindo passagem. Tiravam as cangalhas dos cavalos e, enquanto os canoeiros remavam a toda a força, os animais, com as cabeças agarradas pelo cabresto, seguiam nadando ao lado da embarcação. Ouvia então a conversa dos estranhos. Quase sempre eram aguardenteiros contrabandistas que atravessavam, vindos dos engenhos de Itambé com destino ao sertão. Falavam do outro lado do mundo, de terras que não eram de meu avô. Os grandes do engenho não gostavam de me ver metido com aquela gente. Às vezes o meu avô aparecia para dar gritos. Escondia-me no fundo da canoa até que ele fosse para longe.
Uma vez eu e o moleque Ricardo chegamos na beira do rio e não havia ninguém. O Paraíba dava somente um nado e corria no manso, sem correnteza forte. Ricardo desatou a corda, meteu-se na canoa comigo, e quando procurou manobrar era impossível. A canoa foi descendo de rio abaixo aos arrancos da água. Não havia força que pudesse contê-la. Pus-me a chorar alto, senti-me arrastado para o fim da terra. Mas Zé Guedes, vendo a canoa solta, correu pela beira do rio e foi nos pegar quase que no Poço das Pedras. Ricardo nem tomara conhecimento do desastre. Estava sentado na popa. Zé Guedes porém deu-lhe umas lapadas de cinturão e gritou para mim:

− Vou dizer ao velho!

Não disse nada. Apenas a viagem malograda me deixou alarmado. Fiquei com medo da canoa e apavorado com o rio. Só mais tarde é que voltaria ele a ser para mim mestre de vida.

(REGO, José Lins do. "O Rio". In: VV.AA. O Melhor da Crônica Brasileira. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1997, p. 43)

Atente para as seguintes afirmações:

I. Na frase Uma vez eu e o moleque Ricardo chegamos na beira do rio e não havia ninguém (3º parágrafo), pode-se substituir "na" por "à", mantendo-se a correção e, em linhas gerais, o sentido da frase.

II. Em ... enquanto os canoeiros remavam a toda a força... (3º parágrafo), pode-se acrescentar crase em "à toda a força", sem prejuízo para a correção da frase.

III. No segmento As minhas tias desciam para a água fria do Paraíba... (1º parágrafo), pode-se substituir "para a" por "à", sem prejuízo para a correção e, em linhas gerais, o sentido da frase.

Está correto o que se afirma APENAS em:

Alternativas
Comentários
  • Olá, guerreiros!

    I. O verbo chegar é transitivo indireto, ou seja, quem chega, chega A algum lugar. Assim a primeira premissa está correta;

    II. Segundo a norma culta, diante de pronome indefinido não ocorre crase. Alternativa errada;

    III. Nessa alternativa aqui, fiquei com dúvida imensa e acabei errando a questão, mas faz parte do aprendizado. Vamos lá então, segundo a norma culta, regra geral,  o verbo DESCER é VTD, mas, via de exceção, pode se desenvolver VTI, VI, VTDI. Ou seja, caiu numa exceção. Portanto, VTI em uma concepção de PROVIR, DESCENDER, PROCEDER está correta, conforme a questão pede. Alternativa correta.

  • O "A" será craseado se substituído por: PARA A / DA / NA, se antecedido de palavra feminina.


  • IIII) quem desce, desce algo, ou para algo. Qual contexto de descer à água?

  • O real contexto para o verbo descer (na oração) seria sim PARA, sendo esta uma preposição, então, cabível a substituição por A na letra III. 


  • III) Gramaticalmente vejo a possibilidade de substituir pela crase sem problemas, porém, a alteração no sentido é evidente para mim.

    Entendi assim, as tias descem para a água fria, ou seja, elas estão em movimento, descendo para às águas frias.

    As tias descem à água fria, ou seja, elas estão paradas e as águas em movimento.

  • alternativa III, ainda não entendi. Ficou claro que trocando PARA por À, ficaria correto. Porém, nao muda o sentido?

    Minhas tias desciam PARA a água fria do rio (passa uma ideia que elas estavam em casa e desceram para o rio, de um lugar para o outro).

    Minhas tias desciam À água fria do rio (passa uma ideia que elas já estão no rio, descendo suas águas frias).

    Dúvida: a redação pode estar correta, mas o sentido, em linhas gerais, é o mesmo? Foi por isso que errei. oO

  • alternativa I: o verbo chegar exige preposição "a". Logo, "chegamos à beira do rio " está correta.

    alternativa II : não se coloca crase antes de "toda" 

    alternativa III: correto trocar "para a"  por à

  • Chegar na e chegar à não muda o sentido? Brincadeira isso.

  • George não muda o sentido.

    NA trata da contração EM + A = prep. + art. A substituição por outra preposição, no caso A, exige também a contração com o artigo ficando À. Ambos sentidos dizem que chegou em algum lugar/a algum lugar. Não muda. 

  • Creio que no contexto, a palavra "toda" (foneticamente: tóda) refira-se ao instrumento de navegação e não ao pronome indefinido toda (foneticamente: tôda).

  • Ao meu ver, o item I está INCORRETO!!!

     

    I. Na frase Uma vez eu e o moleque Ricardo chegamos na beira do rio e não havia ninguém (3º parágrafo), pode-se substituir "na" por  "á" por MANTENDO-SE A CORREÇAO e, em linhas gerais, o sentido da frase.

     

    Até onde eu sei, o verbo CHEGAR rege a preposiçao a!!! quem chega, chega a algum lugar 

     

    Repare que o professor, ao comentar essa questão, diz que não somente é possível como DEVE ser substituido "na" por "à"

     

    Pois bem,  alternativa diz que pode-se substituir "na" por "à", mantendo-se a correção.

     

    Se eu alterar a preposiçao (de EM para A) nao altera tambem a correçao? De ERRADO pra CERTO?  A menos que a banca considere certo o emprego da preposião EM com o verbo chegar... 

     

  • Esta questão me gerou dúvida quanto ao anunciado da primeira afirmação, na qual a mesma diz: "mantendo-se a correção e, em linhas gerais, o SENTIDO DA FRASE.

    Pois bem, aprendi que quem vai ao, é que vai voltar do, e se vai na, é porque vai ficar por lá.

    Um erro comum no cotidiano é quando falamos: vou no banheiro e não vou ao banheiro, pois na linguagem culta aprendi que ninguém vai "no" banheiro e fica por lá. e sim vai ao banheiro porque vai sair de lá.

    Corrijam-me se estiver errado

    Bom estudos a todos

     

  • Os professores que comentam as questões precisam ler antes os comentários e ver onde está a dúvida. a maioria n entendeu o item III, inclusive eu. aí vc assiste o vídeo sobre esse item e o professor só concorda com o enunciado. complicado, ne?

  • Para quem não entendeu o item III: o v. 'descer' é regido também por 'de' e 'a'. Em linhas gerais, de fato, o sentido é preservado, visto que mesmo com a preposição 'a', entende-se que as tias desceram para as margens do rio.

  • Um professor de português, por gentileza...

    Alternativa correta: letra "e"

     

  • Concordo com o Bruno Souza,também errei por esse motivo :(

  • Em 22/09/2017, às 10:31:58, você respondeu a opção E.Certa!

    Em 07/01/2016, às 12:51:37, você respondeu a opção A.Errada!

     

    olhos mais aguçados.

    QUEM CHEGA, CHEGA AAAAAAA ALGUM LUGAR/ALGO (CRASE HÁ)

    QUEM DESCE, DESCE PARA OU A (CRASE TAMBÉM)

    GAB LETRA  E (QUANTO MAIS VOCÊ RESOLVE ESSE TIPO DE QUESTÃO,  MELHOR FICARÁ SUA REGÊNCIA VERBAL/NOMINAL) 

    AVANTE!!!!!!!

  • na = à

    para a = à

  • 03.07.2019-errado

    letra E

  • A FCC adora esse tipo de questão em que ela pergunta se podemos substituir "para a" por "à". Geralmente é possível essa troca. GABARITO: E