O sujeito é uma noção que não coincide com as noções de
Eu ou de personalidade, mas uma instância psíquica inconsciente. Constrói-se,
desde o início da vida de uma criança, a partir de um campo social
pré-existente – a história de um povo, de uma família, do desejo dos pais – mas
também a partir dos encontros, intercorrências e acasos que incidem na
trajetória singular da criança.
http://www.fundamentalpsychopathology.org/uploads/files/latin_american
/v6_n1/valor_preditivo_de_indicadores_clinicos_de_risco_para_o_desenvolvimento_infantil.pdf
Ao nascer, o homem é inserido em uma ordem humana que lhe é anterior, uma ordem social na qual ele adentra através da linguagem e da família. Assim, a história do sujeito o antecede por um mito familiar que passa a recobri-lo a partir de seu nascimento e através da linguagem - linguagem que é, em essência, sempre equívoca e passível de múltiplas interpretações, facilitadora da construção de um mito individual em referência ao mito familiar
Nessa direção, a leitura clínica estrutural se opõe ao diagnóstico meramente semiológico e nosográfico, e propõe que a especificidade da estrutura de um sujeito é predeterminada pela economia de seu desejo. O diagnóstico estrutural busca compreender como se dá essa economia, como ela é administrada. Essa economia do desejo se refere ao Édipo, à relação que o sujeito mantém com a função fálica e com a castração. Portanto, quando falamos em estruturas clínicas ou estruturas de personalidade (neuroses, psicoses e perversão), falamos dos avatares transcorridos ao longo da constituição do sujeito, em especial, ao longo dos três tempos do Édipo.
Pensar o Édipo em três tempos é uma proposta de Lacan que incluiu, no Édipo como um todo, os períodos antes denominados por Freud de pré-edípico e de saída edípica ou declínio do Édipo - os quais correspondem, respectivamente, ao primeiro e terceiro tempos do Édipo para Lacan.
O primeiro tempo edípico ocorre nos primórdios da interação mãe-criança, quando esta é tomada imaginariamente pela mãe como o seu objeto de completude; o segundo tempo do Édipo é marcado pela descolagem inicial da criança do lugar de falo para a mãe, momento da castração imaginária, quando a criança rivaliza com o pai o lugar de falo para a mãe; o terceiro e último tempo edípico se caracteriza, inicialmente, pela hipótese infantil de que o pai detém o falo, e, em seguida, culmina na saída do Édipo, com a conclusão de que ninguém é ou possui o falo, pois todos somos faltantes, castrados, e o que homens e mulheres desejam em seus pares é exatamente a falta.