Estas intervenções visam conseguir desembaraçar o relato emaranhado
do paciente a fim de recortar seus elementos significativos. Esse emaranhado
costuma esclarecer-se mediante uma reformulação sintética do relato. Essas
intervenções no imediato preparam o campo para penetrar em seus aspectos
psicologicamente mais ricos e abrangentes, o que se fará mediante
assinalamentos e interpretações. Ao mesmo tempo, "ensinam" um modo de
perceber a própria experiência: o paciente aprende com elas a olhar seletivamente,
a percorrer a massa dos acontecimentos e de suas vivências e captar balizas; o
paciente incorpora, assim, um método que consiste em discriminar para
compreender-se. Em pacientes com funções egóicas enfraquecidas,
concomitantemente afetadas por uma delimitação precária do ego (ou seja,
tendências ao sincretismo e à confusão), os esclarecimentos desempenham durante
grande parte do processo terapêutico o papel de instrumentos primordiais, na
medida em que estabelecem as premissas para que em algum momento outras intervenções,
de tipo interpretativo, por exemplo, possam ser ativamente elaboradas.
FIORINI, H.J. Teoria e Técnica de Psicoterapias. Marins Fontes: São Paulo, 2013.