Ultrapassando o nível modesto dos predecessores e
demonstrando capacidade narrativa bem mais definida, a
obra romanesca deste autor é bastante ambiciosa. A partir
de certa altura, este autor pretendeu abranger com ela,
sistematicamente, os diversos aspectos do país no tempo
e no espaço, por meio de narrativas sobre os costumes
urbanos, sobre as regiões, sobre o índio. Para pôr em
prática esse projeto, quis forjar um estilo novo, adequado
aos temas e baseado numa linguagem que, sem perder
a correção gramatical, se aproximasse da maneira brasileira
de falar. Ao fazer isso, estava tocando o nó do problema
(caro aos românticos) da independência estética
em relação a Portugal. Com efeito, caberia aos escritores
não apenas focalizar a realidade brasileira, privilegiando
as diferenças patentes na natureza e na população, mas
elaborar a expressão que correspondesse à diferenciação linguística que nos ia distinguindo cada vez mais dos
portugueses, numa grande aventura dentro da mesma
língua.
(Antonio Candido. O romantismo no Brasil, 2002. Adaptado.)
O comentário do crítico Antonio Candido refere-se ao escritor