ENTREVISTA
PERGUNTA – O que nos dá o direito de submeter outros
seres vivos indefesos ao sofrimento em pesquisas médicas?
RESPOSTA – O fato de que existe um meio termo entre
abusar dos animais e acreditar que eles não devem
ser usados em pesquisas de maneira nenhuma. E não é
preciso ser médico, ou estar envolvido nas pesquisas, para
pensar assim. O caso do Dalai Lama, um líder espiritual
que não come carne, é interessante nesse aspecto. Ele
afirma que devemos tratar os animais com respeito e que
não devemos explorá-los. Especificamente em resposta à
experimentação animal, ele já disse que as perdas são de
curto prazo, mas os benefícios de longo prazo são muitos.
Se surgir a necessidade de sacrificar um animal, afirma o
Dalai Lama, devemos fazê-lo com empatia, causando o
mínimo de dor possível. Menciono o Dalai Lama como um
exemplo de que é possível desenvolver um raciocínio ético
a respeito deste assunto, compatível inclusive com outras
formas de respeito à vida animal, como o vegetarianismo.
PERGUNTA – Há quem diga que o único motivo por que os
cientistas se preocupam com o bem-estar dos animais é
porque o estresse e o sofrimento alteram o resultado das
pesquisas. É assim que os cientistas agem?
ENTREVISTADO – Penso que os cientistas são pessoas
extremamente morais. Em nosso laboratório, por exemplo,
os cientistas tratam os animais como indivíduos muito
especiais. Passamos muito tempo cuidando deles, pois
vivemos da pesquisa de animais. Nós nos certificamos de
que eles estão confortáveis e suas necessidades, supridas.
As instalações nas quais a maioria dos animais de pesquisas
são acomodados são muito superiores às dos animais de
estimação.
A entrevista acima é realizada com Michael Conn, que
defende a ideia do uso de cobaias nos laboratórios como
essencial ao progresso da medicina.
O texto é um exemplo de um modo de organização discursiva,
que é: