SóProvas


ID
1790329
Banca
COMPERVE
Órgão
UFRN
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                O clima definitivamente entrou na pauta global

                                                                                                                    Reinaldo Canto

      Já não era sem tempo e nem por falta de sinais gritantes das mudanças climáticas, cada vez mais intensos e preocupantes. Finalmente, a questão foi reconhecida como uma seríssima ameaça à sobrevivência do ser humano num planeta mais quente e instável.

      As boas notícias começaram no encontro do G-7, o grupo de países mais desenvolvidos do mundo (Alemanha, França, Reino Unido, Itália, EUA, Canadá e Japão) reunidos na Alemanha, que decidiu, pela primeira vez, encarar de frente o desafio de “descarbonizar" a economia. Ou seja, por um fim, mesmo que a longo prazo, ao uso de combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás natural), que tem sido a base energética da economia mundial ao menos há 200 anos.

      Inicialmente, o acordo dos países ricos prevê a redução entre 40 e 70%, até o ano de 2050, das emissões de gases de efeito estufa; e o comprometimento com aportes de recursos para um fundo de US$ 100 bilhões a serem investidos em tecnologia para a adoção de energias limpas e renováveis nos países pobres, principalmente no continente africano.

      O objetivo mais imediato dos países que compõem o G7 é o de frear o aquecimento do planeta para que não ultrapasse os dois graus centígrados, considerados pelos cientistas um patamar crítico, já que o aumento da temperatura média poderá acarretar mais fenômenos climáticos extremos, extinção acelerada de espécies, além de acarretar o aumento nos níveis dos oceanos, entre outras consequências. Segundo o comunicado emitido pelo G7, a economia mundial deverá estar “descarbonizada" até o ano de 2.100.

      Ainda faltam detalhes sobre como será a execução do plano na prática, mas o anúncio e a importância dada ao tema são inéditos e demonstram claramente a preocupação desses líderes com o futuro do planeta. Isso não é pouca coisa. Muitos entenderam a posição como histórica, por representar o início do fim da era dos combustíveis fósseis, até aqui a base da economia global desde a Revolução Industrial.

      A outra boa notícia veio do Vaticano e eis que, mais uma vez, o Papa Francisco surpreende e renova o seu empenho em falar sobre problemas contemporâneos. Desta feita, em sua primeira encíclica – “Laudato si'" (Louvado sejas), ele cita o Patriarca Ecumênico Bartolomeu: “Um crime contra a natureza é um crime contra nós mesmos e um pecado contra Deus".

      Se não fosse pouca coisa, o Papa ainda afirma, fazendo uma direta referência às mudanças climáticas, que o urgente desafio de proteger a nossa casa comum inclui a preocupação de unir toda a família humana na busca de um desenvolvimento sustentável e integral, pois sabemos que as coisas podem mudar.

      Em consonância com os preceitos adotados desde a Conferência das Nações Unidas, a Rio+20, no Rio de Janeiro em 2012, que colocou o desenvolvimento sustentável ao lado da erradicação da pobreza, o Papa Francisco fez coro e reforçou a sua preocupação com os menos favorecidos: “São inseparáveis as preocupações com a natureza, a justiça para com os pobres, o empenho da sociedade e a paz interior".

      E agora, Brasil?

Em recentes declarações durante o encontro de cúpula com a União Europeia, a Presidenta Dilma Rousseff afirmou que o Brasil tem sido um dos países que mais reduziu suas emissões, graças principalmente à queda do desmatamento. Mesmo assim, para a 21ª Conferência do Clima a ser realizada em Paris no final do ano, será preciso um compromisso mais efetivo e não apenas jogo de palavras.

      Nessa ocasião, deverão ser assumidos novos compromissos para substituir o Protocolo de Kyoto, com metas mais ambiciosas para todos os países. Ainda mais entre os maiores emissores, caso do Brasil, que ocupa a 10ª posição. As pressões sobre o governo já começaram, entre elas, o Lançamento da Coalizão Brasil: Clima, Florestas e Agricultura, movimento com a presença de mais de 50 entidades representantes do setor privado e de importantes organizações do terceiro setor, que “pretende propor e promover políticas públicas para o estímulo à agricultura, à pecuária e à economia florestal que impulsionem o Brasil como protagonista na liderança global da economia sustentável e de baixo carbono, gerando prosperidade, com inclusão social, geração de emprego e renda".

      A Coalizão vai divulgar um documento que apresenta propostas de políticas e ações efetivas que devem contribuir para a estruturação da posição do Brasil na COP21.

      Nesses seis meses que faltam para o encontro de Paris, novas discussões e debates virão, e o Brasil deve entrar no clima positivo que começa a tomar corpo mundo afora. 

Disponível em: <http://www.cartacapital.com.br/sustentabilidade/o-...> . Acesso em: 06 ago. 2015. [Adaptado]

O texto tem como propósito comunicativo dominante

Alternativas
Comentários
  • No 5º parágrafo:

    Ainda faltam detalhes sobre como será a execução do plano na prática, mas o anúncio e a importância dada ao tema são inéditos e demonstram claramente a preocupação desses líderes com o futuro do planeta. Isso não é pouca coisa. Muitos entenderam a posição como histórica, por representar o início do fim da era dos combustíveis fósseis, até aqui a base da economia global desde a Revolução Industrial.

    No 8º parágrafo:

    o Papa Francisco fez coro e reforçou a sua preocupação com os menos favorecidos: “São inseparáveis as preocupações com a natureza, a justiça para com os pobres, o empenho da sociedade e a paz interior".

    No último parágrafo:

      Nesses seis meses que faltam para o encontro de Paris, novas discussões e debates virão..

    Todos esses trechos estão relacionados à preocupação com o planeta em si, que torna um tema recorrente em todo o texto.





  • Resposta: Letra C.

    O autor anuncia o tema central do texto no primeiro parágrafo: "Já não era sem tempo e nem por falta de sinais gritantes das mudanças climáticas, cada vez mais intensos e preocupantes. Finalmente, a questão foi reconhecida como uma seríssima ameaça à sobrevivência do ser humano num planeta mais quente e instável". Nos parágrafos seguintes, apresenta os recentes avanços concernentes a negociações internacionais, apresentando a opinião do Papa e as decisões do governo brasileiro como argumentos para provar sua tese.

    Espero ter contribuído...

    Abraços!

  • Questão de interpretação, ou seja, as informações vão além do que está escrito no texto.

    Detalhe que faz toda a diferença em questões interpretativas da COMPERVE; o início da assertiva. Vejam:

     

    b) defender a tese de que o Brasil precisa adotar posturas mais ativas quanto à emissão de gases derivados da queima de combustíveis fósseis. (defender tese, convencer o leitor é função, geralmente, de textos argumentativos).

    c) sustentar a ideia de que a preocupação com os efeitos das mudanças climáticas se tornou uma agenda de alcance global atualmente.

    Sim, sustentar a ideia. O texto relata a todo tempo sobre conferências, Rio+20, COP21, planos e projetos nesse sentido para que os países entrem na luta contra a emissão de gases poluentes.

  • Gab. C

     

    Ao utilizarem, "atulamente", na opção "C", faz com que se tenha mais cuidado com a escolha desta opção. Mas, ao longo do texto, vamos observando trechos que embasam essa tese. 

     

    # 1º parágrafo: "Já não era sem tempo e nem por falta de sinais gritantes das mudanças climáticas, cada vez mais intensos e preocupantes. Finalmente, a questão foi reconhecida como uma seríssima ameaça à sobrevivência do ser humano num planeta mais quente e instável".

    # 2º parágrafo: "As boas notícias começaram no encontro do G-7, o grupo de países mais desenvolvidos do mundo (Alemanha, França, Reino Unido, Itália, EUA, Canadá e Japão) reunidos na Alemanha, que decidiu, pela primeira vez, encarar de frente o desafio de “descarbonizar" a economia. Ou seja, por um fim, mesmo que a longo prazo, ao uso de combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás natural), que tem sido a base energética da economia mundial ao menos há 200 anos".

    # 5º parágrafo: Ainda faltam detalhes sobre como será a execução do plano na prática, mas o anúncio e a importância dada ao tema são inéditos e demonstram claramente a preocupação desses líderes com o futuro do planeta. (alcance global)

     

  • O título do texto ajuda muito.

  • Gente, por mais que algumas pessoas sustentem a ideia de que o propósito comunicativo de um texto é "pura interpretação", há algumas escolas que discordam desse ponto de vista. Eu também discordo. Não é bem assim.

    Propósito comunicativo está diretamente ligado ao gênero textual. Se você lê um texto, descobre o tipo textual dele e identifica o gênero, você consegue resolver a questão tranquilamente sem precisar dessas "interpretações" todas. Quer ver um exemplo?

     

    No texto em questão identificamos que o tipo textual é a EXPOSIÇÃO, pois não há defesa de ponto de vista nem tentativa de convencimento do leitor para a opinião do autor (caracterísitca de dissertação). Além disso, o gênero textual expositivo que encontramos é uma REPORTAGEM. O autor conta um fato sob ponto de vista jornalístico (imaginem o William Bonner falando o texto no JN).

    Pelo simples fato de sabermos que o texto é uma EXPOSIÇÃO já destruímos três alternativas:

    1. "Assumir opinião...". Um texto expositivo não assume opinião, muito menos uma reportagem. Você não vê William Bonner dizendo "concordo" ou "discordo" do que acabou de apresentar no jornal.

    2. "Defender a tese...". O mesmo raciocínio. Texto expositivo não defende tese, apenas apresenta fatos.

    3. "Discutir os prejuízos...". O mesmo raciocínio. Texto expositivo não discute nada, apenas apresenta fatos. A discussão fica pra dissertação.

    Só por isso já encontramos o propósito comunicativo do texto, alternativa C.

     

    Então, resumindo:

    Quer encontrar o propósito comunicativo do texto? Encontre qual o tipo textual dele.

    Se for dissertação: convencer, debater, dar opinião etc.

    Se for exposição: sustentar, apresentar fatos etc.

    Se for descrição: descrever, apresentar paisagens, enumerar etc.

    Se for injunção: pedir, aconselhar, dar ordem etc.

    Se for narração: contar história, narrar um fato etc.

     

    Se ainda for complicado, com essas informações, encontrar a alternativa correta, identifique o gênero do tipo.

    Aí não tem pra onde escapar, você encontra o propósito comunicativo.