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ID
1790335
Banca
COMPERVE
Órgão
UFRN
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                O clima definitivamente entrou na pauta global

                                                                                                                    Reinaldo Canto

      Já não era sem tempo e nem por falta de sinais gritantes das mudanças climáticas, cada vez mais intensos e preocupantes. Finalmente, a questão foi reconhecida como uma seríssima ameaça à sobrevivência do ser humano num planeta mais quente e instável.

      As boas notícias começaram no encontro do G-7, o grupo de países mais desenvolvidos do mundo (Alemanha, França, Reino Unido, Itália, EUA, Canadá e Japão) reunidos na Alemanha, que decidiu, pela primeira vez, encarar de frente o desafio de “descarbonizar" a economia. Ou seja, por um fim, mesmo que a longo prazo, ao uso de combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás natural), que tem sido a base energética da economia mundial ao menos há 200 anos.

      Inicialmente, o acordo dos países ricos prevê a redução entre 40 e 70%, até o ano de 2050, das emissões de gases de efeito estufa; e o comprometimento com aportes de recursos para um fundo de US$ 100 bilhões a serem investidos em tecnologia para a adoção de energias limpas e renováveis nos países pobres, principalmente no continente africano.

      O objetivo mais imediato dos países que compõem o G7 é o de frear o aquecimento do planeta para que não ultrapasse os dois graus centígrados, considerados pelos cientistas um patamar crítico, já que o aumento da temperatura média poderá acarretar mais fenômenos climáticos extremos, extinção acelerada de espécies, além de acarretar o aumento nos níveis dos oceanos, entre outras consequências. Segundo o comunicado emitido pelo G7, a economia mundial deverá estar “descarbonizada" até o ano de 2.100.

      Ainda faltam detalhes sobre como será a execução do plano na prática, mas o anúncio e a importância dada ao tema são inéditos e demonstram claramente a preocupação desses líderes com o futuro do planeta. Isso não é pouca coisa. Muitos entenderam a posição como histórica, por representar o início do fim da era dos combustíveis fósseis, até aqui a base da economia global desde a Revolução Industrial.

      A outra boa notícia veio do Vaticano e eis que, mais uma vez, o Papa Francisco surpreende e renova o seu empenho em falar sobre problemas contemporâneos. Desta feita, em sua primeira encíclica – “Laudato si'" (Louvado sejas), ele cita o Patriarca Ecumênico Bartolomeu: “Um crime contra a natureza é um crime contra nós mesmos e um pecado contra Deus".

      Se não fosse pouca coisa, o Papa ainda afirma, fazendo uma direta referência às mudanças climáticas, que o urgente desafio de proteger a nossa casa comum inclui a preocupação de unir toda a família humana na busca de um desenvolvimento sustentável e integral, pois sabemos que as coisas podem mudar.

      Em consonância com os preceitos adotados desde a Conferência das Nações Unidas, a Rio+20, no Rio de Janeiro em 2012, que colocou o desenvolvimento sustentável ao lado da erradicação da pobreza, o Papa Francisco fez coro e reforçou a sua preocupação com os menos favorecidos: “São inseparáveis as preocupações com a natureza, a justiça para com os pobres, o empenho da sociedade e a paz interior".

      E agora, Brasil?

Em recentes declarações durante o encontro de cúpula com a União Europeia, a Presidenta Dilma Rousseff afirmou que o Brasil tem sido um dos países que mais reduziu suas emissões, graças principalmente à queda do desmatamento. Mesmo assim, para a 21ª Conferência do Clima a ser realizada em Paris no final do ano, será preciso um compromisso mais efetivo e não apenas jogo de palavras.

      Nessa ocasião, deverão ser assumidos novos compromissos para substituir o Protocolo de Kyoto, com metas mais ambiciosas para todos os países. Ainda mais entre os maiores emissores, caso do Brasil, que ocupa a 10ª posição. As pressões sobre o governo já começaram, entre elas, o Lançamento da Coalizão Brasil: Clima, Florestas e Agricultura, movimento com a presença de mais de 50 entidades representantes do setor privado e de importantes organizações do terceiro setor, que “pretende propor e promover políticas públicas para o estímulo à agricultura, à pecuária e à economia florestal que impulsionem o Brasil como protagonista na liderança global da economia sustentável e de baixo carbono, gerando prosperidade, com inclusão social, geração de emprego e renda".

      A Coalizão vai divulgar um documento que apresenta propostas de políticas e ações efetivas que devem contribuir para a estruturação da posição do Brasil na COP21.

      Nesses seis meses que faltam para o encontro de Paris, novas discussões e debates virão, e o Brasil deve entrar no clima positivo que começa a tomar corpo mundo afora. 

Disponível em: <http://www.cartacapital.com.br/sustentabilidade/o-...> . Acesso em: 06 ago. 2015. [Adaptado]

De acordo com o texto, depreende-se que

Alternativas
Comentários
  • LETRA A - CORRETA- Baseando-se pelo  antepenúltimo parágrafo, vejamos:

      Nessa ocasião, deverão ser assumidos novos compromissos para substituir o Protocolo de Kyoto, com metas mais ambiciosas (ousadas) para todos os países. Ainda mais entre os maiores emissores, caso do Brasil, que ocupa a 10ª posição.

  • Resposta: Letra A.

    No décimo primeiro parágrafo, o autor afirma: "Nessa ocasião, deverão ser assumidos novos compromissos para substituir o Protocolo de Kyoto, com metas mais ambiciosas para todos os países. Ainda mais entre os maiores emissores, caso do Brasil, que ocupa a 10ª posição". Por conseguinte, uma vez que o Brasil é um dos maiores emissores de gases de efeito estufa, deve adotar metas mais ambiciosas.

    As demais proposições apresentam erros evidentes. No primeiro parágrafo, o autor afirma que o planeta está "mais quente e instável", contrariando a alternativa B. No décimo parágrafo, o Brasil é apresentado com um dos Estados que mais reduziu a emissão de poluentes, graças à queda do desmatamento; no entanto, não há informações sobre a consecução de suas metas, contrariando a alternativa C. No décimo primeiro parágrafo, afirma-se a existência de pressões sobre o governo para que o Brasil se torne liderança global em economia sustentável e pouco poluente, não para que se torne grande exportador de produtos agropecuários; logo, a alternativa D está incorreta.

    Espero ter contribuído...

    Abraços!

  • Muita gente assinalou a alternativa C, mas em nenhum momento pode se depreender do texto, que o Brasil não atingiu a suposta "meta" ou sequer que existe uma meta traçada em números.

  • Engraçado! Em toda a minha vida de concurseiro fui treinado a fazer uma destinção entre Compreensão e Interpretação. A primeira (Compreesão) refere-se a informações, fatos e dados que estão no texto, elementos explícitos. A questão também pode vir com outra nomenclatura como: Segundo o texto..., De a cordo com o texto.... 

    Já a segunda (Interpretação) diz respeito a informações, a fatos e a dados que podem ser inferidos, elementos implícitos. A questão também pode vir com outra  nomenclatura como: Depreende-se do texto..., 

    No caso dessa questão ela não segue muito bem essa teoria.