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ID
1790341
Banca
COMPERVE
Órgão
UFRN
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                O clima definitivamente entrou na pauta global

                                                                                                                    Reinaldo Canto

      Já não era sem tempo e nem por falta de sinais gritantes das mudanças climáticas, cada vez mais intensos e preocupantes. Finalmente, a questão foi reconhecida como uma seríssima ameaça à sobrevivência do ser humano num planeta mais quente e instável.

      As boas notícias começaram no encontro do G-7, o grupo de países mais desenvolvidos do mundo (Alemanha, França, Reino Unido, Itália, EUA, Canadá e Japão) reunidos na Alemanha, que decidiu, pela primeira vez, encarar de frente o desafio de “descarbonizar" a economia. Ou seja, por um fim, mesmo que a longo prazo, ao uso de combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás natural), que tem sido a base energética da economia mundial ao menos há 200 anos.

      Inicialmente, o acordo dos países ricos prevê a redução entre 40 e 70%, até o ano de 2050, das emissões de gases de efeito estufa; e o comprometimento com aportes de recursos para um fundo de US$ 100 bilhões a serem investidos em tecnologia para a adoção de energias limpas e renováveis nos países pobres, principalmente no continente africano.

      O objetivo mais imediato dos países que compõem o G7 é o de frear o aquecimento do planeta para que não ultrapasse os dois graus centígrados, considerados pelos cientistas um patamar crítico, já que o aumento da temperatura média poderá acarretar mais fenômenos climáticos extremos, extinção acelerada de espécies, além de acarretar o aumento nos níveis dos oceanos, entre outras consequências. Segundo o comunicado emitido pelo G7, a economia mundial deverá estar “descarbonizada" até o ano de 2.100.

      Ainda faltam detalhes sobre como será a execução do plano na prática, mas o anúncio e a importância dada ao tema são inéditos e demonstram claramente a preocupação desses líderes com o futuro do planeta. Isso não é pouca coisa. Muitos entenderam a posição como histórica, por representar o início do fim da era dos combustíveis fósseis, até aqui a base da economia global desde a Revolução Industrial.

      A outra boa notícia veio do Vaticano e eis que, mais uma vez, o Papa Francisco surpreende e renova o seu empenho em falar sobre problemas contemporâneos. Desta feita, em sua primeira encíclica – “Laudato si'" (Louvado sejas), ele cita o Patriarca Ecumênico Bartolomeu: “Um crime contra a natureza é um crime contra nós mesmos e um pecado contra Deus".

      Se não fosse pouca coisa, o Papa ainda afirma, fazendo uma direta referência às mudanças climáticas, que o urgente desafio de proteger a nossa casa comum inclui a preocupação de unir toda a família humana na busca de um desenvolvimento sustentável e integral, pois sabemos que as coisas podem mudar.

      Em consonância com os preceitos adotados desde a Conferência das Nações Unidas, a Rio+20, no Rio de Janeiro em 2012, que colocou o desenvolvimento sustentável ao lado da erradicação da pobreza, o Papa Francisco fez coro e reforçou a sua preocupação com os menos favorecidos: “São inseparáveis as preocupações com a natureza, a justiça para com os pobres, o empenho da sociedade e a paz interior".

      E agora, Brasil?

Em recentes declarações durante o encontro de cúpula com a União Europeia, a Presidenta Dilma Rousseff afirmou que o Brasil tem sido um dos países que mais reduziu suas emissões, graças principalmente à queda do desmatamento. Mesmo assim, para a 21ª Conferência do Clima a ser realizada em Paris no final do ano, será preciso um compromisso mais efetivo e não apenas jogo de palavras.

      Nessa ocasião, deverão ser assumidos novos compromissos para substituir o Protocolo de Kyoto, com metas mais ambiciosas para todos os países. Ainda mais entre os maiores emissores, caso do Brasil, que ocupa a 10ª posição. As pressões sobre o governo já começaram, entre elas, o Lançamento da Coalizão Brasil: Clima, Florestas e Agricultura, movimento com a presença de mais de 50 entidades representantes do setor privado e de importantes organizações do terceiro setor, que “pretende propor e promover políticas públicas para o estímulo à agricultura, à pecuária e à economia florestal que impulsionem o Brasil como protagonista na liderança global da economia sustentável e de baixo carbono, gerando prosperidade, com inclusão social, geração de emprego e renda".

      A Coalizão vai divulgar um documento que apresenta propostas de políticas e ações efetivas que devem contribuir para a estruturação da posição do Brasil na COP21.

      Nesses seis meses que faltam para o encontro de Paris, novas discussões e debates virão, e o Brasil deve entrar no clima positivo que começa a tomar corpo mundo afora. 

Disponível em: <http://www.cartacapital.com.br/sustentabilidade/o-...> . Acesso em: 06 ago. 2015. [Adaptado]

Relativamente à paragrafação, é correto afirmar:

Alternativas
Comentários
  • Resposta: Letra D.

    A questão é controversa e seu gabarito é duvidoso.

    A progressão temática consiste  no desenvolvimento do assunto abordado, mediante adição de novas informações. Nesse sentido, conforme Francisco Platão Savioli e José Luiz Fiorin, em Manual do Candidato - Português: "Num texto, não devem aparecer palavras, expressões ou frases redundantes, nem pormenores impertinentes, nem se devem repetir ideias já expressas explícita ou implicitamente". Desse modo, verifica-se que o parágrafo 6 é imprescindível para a progressão textual, porquanto acrescenta nova informação: as considerações do Vaticano sobre o meio ambiente. Não obstante, o parágrafo 9 é completamente dispensável, repetindo ideia apresentada nos parágrafos seguintes: o Brasil deve agir de modo mais enfático em relação ao meio ambiente. Efetivamente, o referido parágrafo poderia ser excluído, sem qualquer prejuízo de sentido para o artigo.

    Considerando a organização do texto original, publicado na Carta Capital, identifica-se que o parágrafo 9 é apenas subtítulo de seção. Por conseguinte, há a possibilidade de ocorrência de erro material na redação da prova, infelizmente não reconhecido pela organização. De qualquer modo, a meu ver, ao não anular a questão, a Banca Examinadora foi excessivamente rigorosa e, talvez, incoerente.

    Espero ter contribuído...

    Abraços!

  • Entendo que a progressão seja o modo com o qual a escrita flua mais corretamente e se possibilite uma maior coesão textual.

     

     A outra boa notícia veio do Vaticano.....

    E agora, Brasil? Em recentes declarações durante o encontro de cúpula com a União Europeia, a Presidenta Dilma Rousseff afirmou que...

     

    (nesse casos, as partes destacadas anunciam um novo tema, porém sempre dentro do assunto abordado)​ 

     

    Outros exemplos, de acordo com o meu entendimento, é quando, ao discorrer sobre um determinado assunto, usamos, por exemplo, de expressões como: Primeiramente isso....posteriormente aquilo...ou em segundo lugar...faz com que o texto flua, progrida de maneira coerente. 

    Corrijam-me!

  • Questãozinha sacana.

    Apenas o início dos parágrafos 6 e 9 contribuem para o efeito de progressão do texto.

    A outra boa notícia veio do Vaticano.....

    E agora, Brasil? 

  • Eu entendi como fuga parcial sim os parágrafos 6, 7 e 8...

  • Resposta: Letra D

  • Por qual motivo a B está errada ? fiquei em dúvida entre B e D, e advinha..

  • Fiquei com dúvida em relação à alternativa B.

     

  • ASSERTIVA D

    A progressão da temática do texto é o modo com o qual a escrita flue mais corretamente e  possibilita uma maior coesão textual.

    TRECHOS DO TEXTO que justifica a resposta:

    " A outra boa notícia veio do Vaticano....."

    "E agora, Brasil? Em recentes declarações durante o encontro de cúpula com a União Europeia, a Presidenta Dilma Rousseff afirmou que..."

    (nesse casos, as partes destacadas anunciam um novo tema, porém sempre dentro do assunto abordado)​ 

  • Fato: precisamos antes de tudo entender que nessa banca a gente marca o gabarito pela menos errada ou a mais correta sempre. Muitas questões anuláveis com um português que eles fabricam dentro do universo doente deles. Difícil ver questão fechada onde somente há uma alternativa correta ou somente uma alternativa fechada. Absurdo.

  • Sobre a B: está incorreta ao assumir que o segundo parágrafo traz introdução. Não, já é desenvolvimento, pois trata-se de um texto expositivo e já aparece a primeira informação principal do texto nesse parágrafo.

    Sobre a C: não, a questão do Papa não é digressão. De acordo com o título, dá para entender que o tema do texto é dizer que o "aquecimento global está sendo discutido no mundo", tanto na esfera econômica (daí a primeira informação sobre os países mais ricos se reunirem para debater o tema), quanto na esfera cultural/religiosa (o trecho do Papa se insere aqui, naturalmente). 

    A menos errada é a D. Com a Comperve é importante considerar que ás vezes você tem que marcar uma opção que faz pouco sentido para não ter que marcar as absurdas.

  • A alternativa B não pode ser verdadeira pois se observarmos bem, o segundo parágrafo tem uma função completamente do primeiro. Este apresenta o tópico frasal, mas não entra em detalhes quanto aos argumentos. O segundo parágrafo já é o início da argumentação.

    Então o primeiro apresenta o tema, e o segundo entra com um exemplo. Os demais argumentos surgirão nos parágrafos seguintes.

  • Por que a alternativa B está errada?

    Os dois primeiros parágrafos não se limitam ao recorte do tema, mas trazem consigo, imediatamente, uma opinião/afronta/indignação pelo cenário. Logo, extrapola o recorte temático e o tema em si.