SóProvas


ID
1794604
Banca
FUNCAB
Órgão
SUPEL-RO
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Notícia de jornal

       Leio no jornal a notícia de que um homem morreu de fome. Um homem de cor branca, trinta anos presumíveis, pobremente vestido, morreu de fome, sem socorros, em pleno centro da cidade, permanecendo deitado na calçada durante 72 horas, para finalmente morrer de fome. 
       Morreu de fome. Depois de insistentes pedidos e comentários, uma ambulância do Pronto-Socorro e uma radiopatrulha foram ao local, mas regressaram sem prestar auxílio ao homem, que acabou morrendo de fome. 
       Um homem que morreu de fome. O comissário de plantão (um homem) afirmou que o caso (morrer de fome) era da alçada da Delegacia de Mendicância, especialista em homens que morrem de fome. E o homem morreu de fome. 
     O corpo do homem que morreu de fome foi recolhido ao Instituto Anatômico sem ser identificado. Nada se sabe dele, senão que morreu de fome. 
      Um homem morre de fome em plena rua, entre centenas de passantes. Um homem caído na rua. Um bêbado. Um vagabundo. Um mendigo, um anormal, um tarado, um pária, um marginal, um proscrito, um bicho, uma coisa – não é homem. E os outros homens cumprem seu destino de passantes, que é o de passar. Durante setenta e duas horas todos passam, ao lado do homem que morre de fome, com um olhar de nojo, desdém, inquietação e até mesmo piedade, ou sem olhar nenhum. Passam, e o homem continua morrendo de fome, sozinho, isolado, perdido entre os homens, sem socorro e sem perdão.  
      Não é da alçada do comissário, nem do hospital, nem da radiopatrulha, por que haveria de ser da minha alçada? Que é que eu tenho com isso? Deixa o homem morrer de fome. 
     E o homem morre de fome. De 30 anos presumíveis. Pobremente vestido. Morreu de fome, diz o jornal. Louve-se a insistência dos comerciantes, que jamais morrerão de fome, pedindo providências às autoridades. As autoridades nada mais puderam fazer senão remover o corpo do homem. Deviam deixar que apodrecesse, para escarmento dos outros homens. Nada mais puderam fazer senão esperar que morresse de fome. 
    E ontem, depois de setenta e duas horas de inanição, tombado em plena rua, no centro mais movimentado da cidade do Rio de Janeiro, Estado da Guanabara, um homem morreu de fome. 
     Morreu de fome.

Com relação à crônica de Fernando Sabino é correto afirmar que:

Alternativas
Comentários
  • Até que foi fácil

  • letra A: errada. justificativa: "uma ambulância do Pronto-Socorro e uma radiopatrulha foram ao local, mas regressaram sem prestar auxílio ao homem, que acabou morrendo de fome."

    letra B: errada. justificativa: não é uma cena comum um homem morrer de fome, haja vista a repetição da expressão: "um homem morreu de fome".letra C: correta. letra D: errada. Justificativa: "O comissário de plantão (um homem) afirmou que o caso (morrer de fome) era da alçada da Delegacia de Mendicância, especialista em homens que morrem de fome". a delegacia não é a responsável pela morte.letra E: resignação: ato ou efeito de resignar-se, ou seja, conformar-se sem opor; aceitar sem questionar. obviamente não foi essa a intenção do autor.
  • Letra C, denuncia a indiferença dos transeuntes que passam pelo homem deitado na calçada e nada fazem. (E os outros homens cumprem seu destino de passantes, que é o de passar...)



  • Durante setenta e duas horas todos passam, ao lado do homem que morre de fome, com um olhar de nojo, desdém, inquietação e até mesmo piedade, ou sem olhar nenhum. Passam, e o homem continua morrendo de fome, sozinho, isolado, perdido entre os homens, sem socorro e sem perdão. 


    A Letra C está correta, pois corresponde a uma ideia extraída do texto.
  • A alternativa C baseia-se numa compreensão objetiva de modo generalizado, uma vez que elenca elementos da crônica, tais como: “E os outros homens cumprem seu destino de passantes, que é o de passar”. “Durante setenta e duas horas todos passam, ao lado do homem que morre de fome, com um olhar de nojo, desdém, inquietação e até mesmo piedade, ou sem olhar nenhum.” e congrega os mesmos no conceito de indiferença.

  • Questao parece um pouco controversa se verificarmos como ponto de vista o fragmento do texto "Morreu de fome. Depois de insistentes pedidos e comentários, uma ambulância do Pronto-Socorro e uma radiopatrulha foram ao local, mas regressaram sem prestar auxílio ao homem, que acabou morrendo de fome. Um homem que morreu de fome" fica subtendido nesse fragmento que nao foram todos os transeuntes que foram indiferentes. Logo a alternativa C esta errada. Porem a alterativa B parece a mais correta. 

    "Isso é so um ponto de vista a ser considerado..."
  • Questão de Compreensão tem que está no texto, ( Um homem caído na rua. Um bêbado. Um vagabundo. Um mendigo, um anormal, um tarado, um pária, um marginal, um proscrito, um bicho, uma coisa – não é homem (Denuncia a indiferença)  ...Passam, e o homem continua morrendo de fome, sozinho, isolado, perdido entre os homens, sem socorro (nada fazem) e sem perdão...) Letra C (Denuncia a indiferença... nada fazem...)

  • Passível de recurso. Ora, isto é uma cena comum nas grandes cidades: a falta de socorro, seja lá de quem for, é apenas uma omissão "natural" de quem se depara com uma situação dessas.

    A ideia central do texto, penso, é a crítica de um contexto ligado a vida urbana, e não apenas à indiferença dos transeuntes. Esta indiferença é somente parte da negligência social.

  • Concordo com o Luciano Costa. Devemos identificar se o texto está pedindo a Interpretação ou a Compreensão do texto.

    Compreensão: Está no texto. Ex: Segundo o texto/ O autor do texto diz que/ O autor justifica que/

    Interpretação: Está além do texto. Ex: Depreende-se/ Infere-se/ Conclui-se do texto que/


    Como não tinha entendido o enunciado da questão, eu errei, marcando a Alternativa E. Porém a correta é a C.
  • Trecho que justifica o gabarito.



    Durante setenta e duas horas todos passam, ao lado do homem que morre de fome, com um olhar de nojo, desdém, inquietação e até mesmo piedade, ou sem olhar nenhum. Passam, e o homem continua morrendo de fome, sozinho, isolado, perdido entre os homens, sem socorro e sem perdão.  

    Gaba: C


  • O que é transeunte: Pessoa transitando ou de passagem por algum lugar.

    a) se expressasse a sensatez eles teriam prestado socorro ao homem. Algumas partes do texto q confirmam isso, dando a entender como o autor está de cara com o motivo da morte do homem. 

    Leio no jornal a notícia de que um homem morreu de fome. Um homem de cor branca, trinta anos presumíveis, pobremente vestido, morreu de fome, sem socorros, em pleno centro da cidade, permanecendo deitado na calçada durante 72 horas, para finalmente morrer de fomeMorreu de fome. Depois de insistentes pedidos e comentários, uma ambulância do Pronto-Socorro e uma radiopatrulha foram ao local, mas regressaram sem prestar auxílio ao homem, que acabou morrendo de fome

    b)errado, depreende-se do texto q o assunto não é corriqueiro. Ex.:Durante setenta e duas horas todos passam, ao lado do homem que morre de fome, com um olhar de nojo, desdém, inquietação e até mesmo piedade, ou sem olhar nenhum. Passam, e o homem continua morrendo de fome, sozinho, isolado, perdido entre os homens, sem socorro e sem perdão.

    c)gabarito

    d)extrapolação

    e)é o contrário

  • a) Errada – Veja os trechos do texto que mostram como os órgãos públicos não cumprem o seu papel, não são sensatos:
    -”Morreu de fome em pleno centro da cidade, permanecendo deitado na calçada durante 72 horas” - Que órgão público teria essa sensatez para deixar o defunto ali durante 72 horas ou permitir que pessoas morressem de fome?
    -”Depois de insistentes pedidos e comentários, uma ambulância do Pronto-Socorro e uma radiopatrulha foram prestar auxílio ao homem.”
    -” Não é da alçada do comissário, nem do hospital, nem da radiopatrulha, por que haveria de ser da minha alçada? Que é que eu tenho com isso? Deixa o homem morrer de fome.” Aqui ele faz uma ironia clara quanto à insensatez dos órgãos públicos.
    -As autoridades nada mais puderam fazer senão remover o corpo do homem. Deviam deixar que apodrecesse, para escarmento dos outros homens. Nada mais puderam fazer senão esperar que morresse de fome.” Outra ironia quanto às ações dos órgãos públicos.
    - “E ontem, depois de setenta e duas horas de inanição, tombado em plena rua, no centro mais movimentado da cidade do Rio de Janeiro, Estado da Guanabara, um homem morreu de fome.”

    B) Errada – Poderia até ser, mas a C está mais correta.

    C)Certa, pois várias passagens do texto demonstram a indiferença dos transeuntes, tais como:
    “Um homem morre de fome em plena rua, entre centenas de passantes. Um homem caído na rua.”
    “Denuncia a indiferença dos transeuntes que passam pelo homem deitado na calçada e nada fazem.”
    “ E os outros homens cumprem seu destino de passantes, que é o de passar.”
    “ Depois de setenta e duas horas de inanição, tombado em plena rua, no centro mais movimentado da cidade do Rio de Janeiro”.
    “ Louve-se a insistência dos comerciantes, que jamais morrerão de fome, pedindo providências às autoridades.”

    d) Errada, pois mostra que o homem morreu de fome por descaso geral e não apontou um responsável único.

    e) Errada - ao contrário: o narrador mostra-se estarrecido usando a ironia boa parte do tempo para criticar a situação.

  • Quase chorrei com essa Crônica... Essa FUNCAB arruma cada TEXTO...

    Resumindo: A crônica narra fatos do dia a dia, acontecimentos cotidianos e atuais, de uma maneira diferente, ora com intenção crítica, ora com intenção poética, ou de ambas as maneiras.

  • Sempre achei que transeunte fosse uma pessoa que trasava muito.. :-)