SóProvas


ID
1794619
Banca
FUNCAB
Órgão
SUPEL-RO
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Notícia de jornal

       Leio no jornal a notícia de que um homem morreu de fome. Um homem de cor branca, trinta anos presumíveis, pobremente vestido, morreu de fome, sem socorros, em pleno centro da cidade, permanecendo deitado na calçada durante 72 horas, para finalmente morrer de fome. 
       Morreu de fome. Depois de insistentes pedidos e comentários, uma ambulância do Pronto-Socorro e uma radiopatrulha foram ao local, mas regressaram sem prestar auxílio ao homem, que acabou morrendo de fome. 
       Um homem que morreu de fome. O comissário de plantão (um homem) afirmou que o caso (morrer de fome) era da alçada da Delegacia de Mendicância, especialista em homens que morrem de fome. E o homem morreu de fome. 
     O corpo do homem que morreu de fome foi recolhido ao Instituto Anatômico sem ser identificado. Nada se sabe dele, senão que morreu de fome. 
      Um homem morre de fome em plena rua, entre centenas de passantes. Um homem caído na rua. Um bêbado. Um vagabundo. Um mendigo, um anormal, um tarado, um pária, um marginal, um proscrito, um bicho, uma coisa – não é homem. E os outros homens cumprem seu destino de passantes, que é o de passar. Durante setenta e duas horas todos passam, ao lado do homem que morre de fome, com um olhar de nojo, desdém, inquietação e até mesmo piedade, ou sem olhar nenhum. Passam, e o homem continua morrendo de fome, sozinho, isolado, perdido entre os homens, sem socorro e sem perdão.  
      Não é da alçada do comissário, nem do hospital, nem da radiopatrulha, por que haveria de ser da minha alçada? Que é que eu tenho com isso? Deixa o homem morrer de fome. 
     E o homem morre de fome. De 30 anos presumíveis. Pobremente vestido. Morreu de fome, diz o jornal. Louve-se a insistência dos comerciantes, que jamais morrerão de fome, pedindo providências às autoridades. As autoridades nada mais puderam fazer senão remover o corpo do homem. Deviam deixar que apodrecesse, para escarmento dos outros homens. Nada mais puderam fazer senão esperar que morresse de fome. 
    E ontem, depois de setenta e duas horas de inanição, tombado em plena rua, no centro mais movimentado da cidade do Rio de Janeiro, Estado da Guanabara, um homem morreu de fome. 
     Morreu de fome.

A figura de linguagem presente em “Louve-se a insistência dos comerciantes, que jamais morrerão de fome, pedindo providências às autoridades." (§ 7) é:

Alternativas
Comentários
  • Letra D, ironia.




  • Metonímia

    A metonímia consiste em empregar um termo no lugar de outro, havendo entre ambos estreita afinidade ou relação de sentido

    Ex:  Inventor pelo invento: Édson ilumina o mundo. (= As lâmpadas iluminam o mundo.)

    Sinestesia

    Consiste em mesclar, numa mesma expressão, as sensações percebidas por diferentes órgãos do sentido.

    Exemplos:

    Um grito áspero revelava tudo o que sentia. (grito = auditivo; áspero = tátil)
    No silêncio negro do seu quarto, aguardava os acontecimentos. (silêncio = auditivo; negro = visual)

    Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil4.php

  • LETRA "D"

    Ironia : Consiste em dizer o contrário do que se pretende ou em satirizar, questionar certo tipo de pensamento com a intenção de ridicularizá-lo, ou ainda em  ressaltar algum aspecto passível de crítica.

  • Estas questões de português estão tudo marcadas como interpretação de texto quando na verdade não são quem será quem as classificam?

  • morrer de fome é hiperbole

  • Seria hipérbole caso fosse exagero, porém nesse caso foi no sentido literal, ou seja, ele realmente morreu de fome.

  • O fragmento da frase ...que jamais morrerão de fome... deixa explícito o tom irônico. 

    Gabarito : Letra D 

  • Galera, sinceramente, não consegui vi ironia no período.

  • D) ironia, lendo o texto percebo que o autor fez uma crítica velada, sarcasmo aos comerciantes, que poderiam ter ajudado o homem e não o fizeram, preferiram insistir em pedir ajuda às autoridades.. ora bolas de alimento ao homem faminto se quer realmente ajudar alguém em uma situação crítica... 

  • a)ERRADA-

    Comparação/símile - é uma comparação explícita e terá obrigatóriamente conector.

    ex: ela é gorda como uma porca

    b)ERRADA

    Sinestesia- é a mistura de sentidos

    ex: sua voz aveludada ( tato/ audição)

    c)ERRADA

    Prosopopeia- dar vida a seres inanimados; é a pesonificação.

    ex: A Amazônia chora o desmatamento

    d) CORRETA

    Ironia- falar algo com sentido contrário ao que se diz

    E)ERRADA

    Metomínia- substituição de um termo por outro relacionado

    ex: vivo do suor (trabalho)do meu rosto

  • Não concordo com o gabarito, pois, ironia é aquilo que se diz mas que, contextualmente, quer-se dizer o contrário. Quando se afirma o contrário do que se pensa.
     

    Pra mim, esse é um caso de hipérbole, quando se usa o exagero. No caso: "morrer de fome".

  • Rodrigo, não pode ser hiperbole porque "morrer de fome" não é exagero, afinal no texto o homem realmente morreu de fome .

  • Eu acho que a maioria sabe os conceitos das figuras. O problema  adivinhar o que essas bancas malucas estão querendo!!

  • Morrer de fome não é hipérbole, contudo, depende do contexto. Até mesmo se a pessoa ficar sem alimentar vai morrer por falta de alimento, de fome. 

  • É só ler o texto, o homem morreu literalmente de fome, e o texto tem um tom ironico em toda a sua extenção.

  • GABARITO: LETRA D

    ACRESCENTANDO:

    Aliteração ⇝ Repetição de consoantes.

    Anacoluto ⇝ É a mudança repentina na estrutura da frase.

    Anáfora ⇝ Repetição de palavras em vários períodos ou orações.

    Antítese ⇝ Ideias contrárias. Aproximação sentidos opostos, com a função expressiva de

    enfatizar contrastes, diferenças.

    Antonomásia ⇝ Consiste em designar uma pessoa ou lugar por um atributo pelo qual é

    conhecido.

    Apóstrofe ⇝ Consiste no uso do vocativo com função emotiva.

    Assíndeto ⇝ A omissão de conectivos, sendo o contrário do polissíndeto.

    Assonância ⇝ Repetição de encontro vocálicos.

    Catacrese ⇝ Desdobramento da Metáfora. Emprega um termo figurado como nome de certo

    objeto, pela ausência de termo específico.

    Comparação ⇝ Compara duas ou mais coisas.

    Conotação ⇝ Sentido figurado.

    Denotação ⇝ Sentido de dicionário.

    Elipse ⇝ Omissão.

    Eufemismo ⇝ Emprego de uma expressão mais leve.

    Gradação/ Clímax ⇝ Sequência de ideias. Crescentes ou decrescente.

    Hipérbato ⇝ Inversão sintática.

    Hipérbole ⇝ Exagero em uma ideia/sentença.

    Ironia ⇝ Afirmação ao contrário.

    Lítotes ⇝ Consiste em dizer algo por meio de sua negação.

    Metáfora ⇝ Palavras usadas não em seu sentido original, mas no sentido figurado.

    Metonímia ⇝ Substituição por aproximação.

    Neologismo ⇝ Criação de novas palavras.

    Onomatopeias ⇝ Representação gráfica de ruídos ou sons.

    Paradoxo ⇝ Elementos que se fundem e ao mesmo tempo se excluem.

    Paralelismo ⇝ Repetição de palavras ou estruturas sintáticas que se correspondem quanto ao

    sentido.

    Paronomásia ⇝ Palavras com sons parecidos.

    Perífrase ou circunlóquio ⇝ Substituição de uma ou mais palavras por outra expressão.

    Personificação/ Prosopopeia ⇝ Atribuição de sentimentos e ações próprias dos seres

    humanos a seres irracionais.

    Pleonasmo ⇝ Reforço de ideia.

    Polissíndeto ⇝ O uso repetido de conectivos.

    Silepse ⇝ Concordância da ideia e não do termo utilizado na frase e possui alguns tipos. Pode

    discordar em gênero (masculino e feminino), número (singular e plural) e pessoa (sujeito na

    terceira pessoa e o verbo na primeira pessoa do plural.

    Símile ⇝ É semelhante à metáfora usada para demonstrar qualidades ou ações de elementos.

    Aproximação por semelhança.

    Sinédoque ⇝ Substituição do todo pela parte.

    Sinestesia ⇝ Quando há expressão de sensações percebidas por diferentes sentidos. Uma sensação visual que evoca um som, uma sensação auditiva que evoca uma sensação tátil, uma sensação olfativa que evoca um sabor, etc.

    Zeugma ⇝ Omissão de uma palavra que já foi usada antes.

    FONTE: RITA SILVA QC