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ID
1801180
Banca
FURB
Órgão
ISSBLU - SC
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

SOLIDARIEDADE

   O gesto não precisa ser grandioso nem público, não é necessário pertencer a uma ONG ou fazer uma campanha. Sobretudo, convém não aparecer.
   O gesto primeiro devia ser natural, e não decorrer de nenhum lema ou imposição, nem convite nem sugestão vinda de fora.
   Assim devíamos ser habitualmente, e não somos, ou geralmente não somos: cuidar do que está do nosso lado. Cuidar não só na doença ou na pobreza, mas no cotidiano, em que tantas vezes falta a delicadeza, a gentileza, a compreensão; esquecidos os pequenos rituais de respeito, de preservação do mistério, e igualmente da superação das barreiras estéreis entre pessoas da mesma casa, da família, das amizades mais próximas.
   Dentro de casa, onde tudo deveria começar, onde se deveria fazer todo dia o aprendizado do belo, do generoso, do delicado, do respeitoso, do agradável e do acolhedor, mal passamos, correndo, tangidos pelas obrigações. Tão fácil atualmente desculpar-se com a pressa: o trânsito, o patrão, o banco, a conta, a hora extra... Tudo isso é real, tudo isso acontece e nos enreda e nos paralisa.
   Mas, por outro lado, se a gente parasse (mas parar pra pensar pode ser tão ameaçador...) e fizesse um pequeno cálculo, talvez metade ou boa parte desses deveres aparecesse como supérfluo, frívolo, dispensável.
   Uma hora a mais em casa não para se trancar no quarto, mas para conviver. Não com obrigação, sermos felizes com hora marcada e prazo pra terminar, mas promover desde sempre a casa como o lugar do encontro, não da passagem; a mesa como lugar do diálogo, não do engolir quieto e apressado; o quarto como o lugar do afeto, não do cansaço.
   Pois se ainda não começamos a ser solidários dentro de nós mesmos e dentro de nossa casa ou do nosso círculo de amigos, como querer fazer campanhas, como pretender desfraldar bandeiras, como desejar salvar o mundo − se estamos perdidos no nosso cotidiano?
   Como dizer a palavra certa se estamos mudos, como escutar se estamos surdos, como abraçar se estamos congelados?
   Para mim, a solidariedade precisa ser antes de tudo o aprendizado da humanidade pessoal.
   Depois de sermos gente, podemos − e devemos − sair dos muros e tentar melhorar o mundo. Que anda tão, tão precisado.
(LUFT Lya. São Paulo, 2001.)

Qual é o maior propósito da autora ao escrever esse texto? (Assinale a alternativa correta.)

Alternativas
Comentários
  • Depois de sermos gente, podemos − e devemos − sair dos muros e tentar melhorar o mundo. Que anda tão, tão precisado.

    Item A

  • Letra A

    Possíveis erros:

    B- Lya Luft faz um alerta da ameaça da ROTINA em nossas vidas, pois a pressa é capaz de nos destruir.

    A crítica está firmada em torno da falta de solidadriedade

    C- Reafirmar que o trajeto da solidariedade, o caminho a ser percorrido passa por GESTOS GRANDIOSOS , em que os aspectos pessoais estão em evidência.

    O gesto não precisa ser grandioso nem público
    D- Para salvar o mundo, Lya Luft diz que é preciso agir PROPOSITADAMENTE  com solidariedade e seriedade, sem deixar que o envolvimento emocional interfira em nossas ações.
     Não com obrigação, sermos felizes com hora marcada e prazo pra terminar...
    E- Estabelecer a diferença entre os gestos solidários que a autora desaprova e os que ela aprova, considerados benéficos e positivos. 
    Não se encontra esse contraste no texto.