SóProvas


ID
1821493
Banca
VUNESP
Órgão
MPE-SP
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Tato
Na poltrona da sala
as minhas mãos sob a nuca
          sinto nos dedos
          a dureza dos ossos da cabeça
          a seda dos cabelos
          que são meus
A morte é uma certeza invencível
          mas o tato me dá
          a consistente realidade
          de minha presença no mundo

(Ferreira Gullar, Muitas vozes, 2013)

A leitura do poema revela que a criação poética baseia-se em

Alternativas
Comentários
  • Letra A. Correta. 

    Uma situação prosaica significa, no contexto, que a criação poética acontece num momento cotidiano, comum e rotineiro, do autor, nos atos simples que desenvolve durante o seu dia. Exemplo claro dessa ocorrência também aparece nos pensamentos da nossa introspectiva Clarice Lispector.

  • Prosaica --> Algo comum, cotidiano.
    Não pode ser a B), pois não há nada de melancólico em coçar a cabeça.

    Não pode ser a C, pois é cena concreta e não abstrata

    Não pode ser a D, pois é o antônimo da A, vez que ficar na poltrona da sala é algo plenamente comum e nenhum pouco inusitado

    Não pode ser a E, vez que a situação é real e cotidiana.

  • Ah é!? Uma galera impetrou recurso mas deu nada. Sobre a alternativa melancólico que eu também assinalei.

  • Desculpa aê Lucas, mas isso não é cotidiano, tá implícito aí uma melancolia pela certeza da iminente morte! ninguem fica dessa maneira comumente

  • Concordo com o Adamir Alves.

  • Aos que pensaram em melancolia, não existe nenhum substantivo ou adjetivo relacionado a ela no poema. 


    A narração acontece simplesmente com um cara qualquer, sentado em uma poltrona, relaxado (as mãos à nuca indicam claramente um momento de descontração). Ele poderia continuar ali de boas, mas de repente bate uma consciência da presença física no mundo e ele se lembra de que um dia ele vai morrer. Sei lá, mas não dá pra "super-interpretar" o poema "adicionando" um tom de introspecção melancólica que não está presente, quando na verdade ele é mais um relato de um sentimento furtivo (o próprio tamanho da composição pode indicar a rapidez com que a sensação veio e foi embora) e reflexivo que pode tomar qualquer um a qualquer momento (como tomou a persona poética).


    Espero que tenha ajudado. Força!

  • não é comum, pensar na morte diariamente.

  • Não vejo melancolia, pois o ponto principal é a consistente realidade da presença no mundo, sentida pela tato. Ele cita que a morte é uma certeza invencível, porém o "mas" já demonstra uma ideia adversativa acerca de tal fato, que pode ser entendido sob um viés positivo, não melancólico. 

  • Gabarito 

     

    a) uma situação prosaica.

  • Corrijam-me se eu estiver errada.

    Entendi que a situação é prosaica (comum, algo cotidiano), embora o texto não esteja escrito em prosa e sim em versos.

    Daí a confusão!

  • Não há resquícios de melancolia nos versos, é uma situação prosaica.

  • pro·sai·co

    adjectivo

    1. Da natureza da prosa.

    2. Que não tem elevação.

    3. Corriqueiro, comum, vulgar, chão, material.

  • Visualizei o cara na poltrona, tomando uma breja e fumando um cigarro, super na bad.

     

    Errei aqui e erraria na prova -:)

  • acho que o examinador vive na bad e por isso acha um fato corriqueiro pensar na morte. Até isso agora!

     

  • Achei no site: http://resumoliteral.blogspot.com.br/2009/12/ferreira-gullar-muitas-vozes.html  uma entrevista com o criador do poema(ninguém é melhor para esclarecer a questão se não o próprio)

     

    WEYDSON - Mas eu percebo no_ livro, ao lado de poemas que podem ser resultados desses processos, outros que parecem revelações instantâneas, como o poema "Tato". 
     

    GULLAR - É mais ou menos o mesmo processo... Eu sentei ali (apontando), passei a mão na cabeça, e de repente toquei meu osso. Aí eu pensei: -puxa, sou eu, eu existo, e em vez de dizer como Descartes "penso, logo existo,", é o, contrario , "toco, logo existo" (risos). Em vez de me afirmar pelo pensamento, eu me afirmo pelo tato. Então eu existo aqui, e se isso vai acabar, se não houve antes, se é efêmero, não interessa, eu estou aqui concretamente. Agora, por que eventualmente alguém passa a mão na cabeça e não pensa isso? Por que outros poetas, que fizeram o mesmo gesto, não escreveram esse poema, e eu é que escrevi? Porque eu tenho um tipo de reflexão que faz com que esse ato gere uma resposta determinada. Talvez por isso as pessoas estejam dizendo que esse livro é um livro maduro, por e estão vendo que é um livro decorrente de uma reflexão que que vai sendo feita apesar de mim, uma reflexão subjacente, que termina provocando os poemas em face disso, quer dizer, de pequenos acontecimentos que se refletem nesse modo de ver o mundo. Essa é a razão por que esse "tato me faz escrever o poema e o mesmo tato experimentado por outros poetas não os faz escrever ou faz com que escrevam outro, ou ainda que nem dêem importância a isso... 

  • Interpretação requer contexto. Vocês estão lendo o final do poema e achando que ele é a "conclusão", e portanto a questão só poderia perguntar sobre O QUE ele quer dizer. Mas não, a questão está perguntando COMO a criação poética foi gerada.

     

    "A criação poética" - conclusão final do texto de que a morte é invencível e que o tato demonstra sua vida - foi "baseada" numa situação cotidiana, prosaica: sentar na sala, apoiar a mão na nuca. Um momento comum.

  • PROSAICO - CORRIQUEIRO

  • Fiz esse concurso e errei essa questão. Hoje, lendo duas vezes, percebo que as outras alternativas não estão certas. Agora, prosaico, vou ler agora para saber o que é. kk

  • Acredito que não há como provar que seja melancolia. Não há nenhuma palavra, nenhuma atitude que podemos colocar como algo que só acontece quando se está triste, depressivo. A pessoa pode passar por esta reflexão... de boas. Agora, não é algo corriqueiro de acontecer com todas as pessoas. São mais pessoas depressivas ou que estejam passando por um momento difícil que ficam pensando na morte e sua presença no mundo. Assim, acho complicado chamar de "comum, corriqueiro".

  • Gabarito: A

     

     

    Prosaico:

    Esta palavra apresenta dois significados. Por um lado, prosaico é algo que tem a ver com a prosa, ou seja, a forma mais comum de expressão e que se opõe ao verso. Numa segunda acepção, prosaico indica algo que é vulgar, desinteressante, sem graça e excessivamente convencional. No que se refere a sua etimologia, este vocábulo provém do latim prosaicus, que em sua origem se refere à prosa em oposição à poesia.

    Fonte: conceitos.com: https://conceitos.com/prosaico/

     

    O poema claramente narra uma situação prosaica, comum, mundana e sem poesia. Mesmo citando a morte, o texto o faz de uma maneira fria que não condiz com melancolia. Diferente se fosse da seguinte forma, por exemplo: "a morte é algo terrível e infelizmente uma certeza invencível".

     

     

    Melancólico

    substantivo masculino - Quem é triste ou sofre de melancolia; quem sente uma tristeza excessiva.

  •                                                                     

  • Quero ver na prova a coragem de marcar a "Letra A".

  • Complicado porque a cena é prosaica, porém seus pensamentos conectam-se a melancolia (pensar na morte é , sem dúvida, um ato melancólico).

  • Saber que a morte é invencível não é melancolia, é reconhecer a realidade como ela é. Para aqueles que não sabiam disso, sinto informar: a morte inevitável. Vocês vão morrer.

    E o autor , logo em seguida, também reconhece que está vivo: "o tato me dá a realidade de minha presença no mundo". Isso não é melancolia de forma nenhuma. É percepção.

  • Não faço ideia o que seja "uma situação prosaica.", mas por eliminação da pra acertar de boa!

  • Significado de Prosaico

    Que se assemelha à prosa: escrito prosaico. [Por Extensão] Que não há poesia; ordinário, comum: comportamento prosaico.

  • PROSA= aquilo que é material, cotidiano, sem poesia.