Os sebos
Outro dia resolvi peregrinar por alguns sebos do Centro da
cidade. Há quanto tempo! O hábito de frequentar sebos remonta
à minha juventude, quando ingressei na universidade. O Jornal do
Commercio publicava, aos domingos, em pequenos anúncios,
relações de livros e revistas, que tinham sido adquiridos por eles.
Segunda‐feira, às sete da manhã, eis‐me em frente à loja do sebo
que me interessava. A casa, daquelas bem antigas, só abria às
oito, mas, uma hora antes, se formava, na calçada, uma pequena
fila de bibliófilos. Abria muito cedo sim, porque o dono sabia da
ansiedade daqueles madrugadores. Situava‐se numa daquelas
ruas próximas à Praça Tiradentes. Se eu chegasse em segundo
lugar, corria o risco sério de o primeiro da fila querer exatamente
a obra que eu tanto sonhava ter em minha biblioteca, que acolhia
os primeiros livros. Frustração, por que passei algumas vezes,
horrível. Um dia de lamentações pela perda. Já era quase minha,
afinal! A aflição em querer adivinhar qual obra interessava ao
meu possível concorrente era muito forte. Que vontade de
perguntar logo que ele declinasse o nome do autor cobiçado. Era
um jovem, e meus companheiros de expectativa, bem mais
velhos. A época, outra, também impunha respeito aos mais
velhos. Muitos livros importantes, para aquele tempo, foram
sendo adquiridos assim pelo estudante de Letras.
(Carlos Eduardo Falcão Uchoa)
Assinale a alternativa em que as palavras sublinhadas não pertencem à mesma classe gramatical.