O campo das representações sociais é tradicionalmente plurimetodológico, comportando, por exemplo, desde estudos etnográficos (Jodelet, 1989) até experimentais (Abric, 1976; Rouquette, 1994). As formas de coleta de dados também são extremamente variadas com o uso de questionários (Gruev-Vintila & Rouquette, 2007; Moscovici, 1976), entrevistas (Jodelet, 1989; Naiff & Sá, 2007), associação livre de palavras (Sá, 1996; Vergès, 1992; Wolter & Wachelke, 2013), grupos focais (Flick, 2004) ou documentos oriundos da mídia impressa (Moscovici, 1976). Por sua vez as análises de dados também traduzem a pluralidade do campo e variam da análise de discurso (Gomes & Oliveira, 2012) à álgebra booleana (Flament & Rouquette, 2003) passando pela análise de conteúdo (Bardin, 1977).
A abordagem estrutural das representações sociais possui técnicas que lhe são específicas e, com exceção da análise prototípica (Sá, 1996; Vergès, 1992; Wachelke & Wolter, 2011), quase nunca usadas pela comunidade científica brasileira.
A teoria do núcleo central (Abric, 1994; Sá, 1996) descreve a representação social como um conjunto de cognemas, ou elementos cognitivos básicos (Codol, 1969), compartilhados por uma população, que dão sentido a um objeto do cotidiano. Estes cognemas, ativados pelo objeto, se relacionam entre si e formam uma totalidade. Dentre os cognemas, alguns são essenciais, ou absolutos, nos termos de Claude Flament (1994), para o reconhecimento e o pensamento acerca do objeto, pois sem eles o conjunto não é aceitável como conforme ao objeto para o grupo em questão. Estes cognemas, ou elementos, absolutos se associam a muitos outros cognemas por isso foram denominados de centrais para a representação social. Por serem absolutos e densamente ligados aos outros cognemas, estes elementos centrais são extremamente estáveis e pouco maleáveis e só se modificam com alterações de grande porte no contexto social do grupo e na sociedade. Por sua vez, existem outros elementos representacionais que são, segundo Flament (1994), negociáveis. Os membros do grupo toleram pensar no objeto sem que estes elementos estejam presentes pois eles são maleáveis, não necessariamente consensuais e menos associados a outros elementos comparativamente aos cognemas centrais.