SóProvas


ID
1836433
Banca
IBGP
Órgão
Prefeitura de Nova Ponte - MG
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

A crônica abaixo é do mineiro Otto Lara Resende, nascido em São João Del Rei.

Leia-a e responda à questão que se segue: 

                                Vista cansada (Otto Lara Resende)

      Acho que foi o Hemingway quem disse que olhava cada coisa à sua volta como se a visse pela última vez. Pela última ou pela primeira vez? Pela primeira vez foi outro escritor quem disse. Essa ideia de olhar pela última vez tem algo de deprimente. Olhar de despedida, de quem não crê que a vida continua, não admira que o Hemingway tenha acabado como acabou.

      Se eu morrer, morre comigo um certo modo de ver, disse o poeta. Um poeta é só isto: um certo modo de ver. O diabo é que, de tanto ver, a gente banaliza o olhar. Vê não-vendo. Experimente ver pela primeira vez o que você vê todo dia, sem ver. Parece fácil, mas não é. O que nos cerca, o que nos é familiar, já não desperta curiosidade. O campo visual da nossa rotina é como um vazio.

      Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma porta. Se alguém lhe perguntar o que é que você vê no seu caminho, você não sabe. De tanto ver, você não vê. Sei de um profissional que passou 32 anos a fio pelo mesmo hall do prédio do seu escritório. Lá estava sempre, pontualíssimo, o mesmo porteiro. Dava-lhe bom-dia e às vezes lhe passava um recado ou uma correspondência. Um dia o porteiro cometeu a descortesia de falecer.

      Como era ele? Sua cara? Sua voz? Como se vestia? Não fazia a mínima ideia. Em 32 anos, nunca o viu. Para ser notado, o porteiro teve que morrer. Se um dia no seu lugar estivesse uma girafa, cumprindo o rito, pode ser também que ninguém desse por sua ausência. O hábito suja os olhos e lhes baixa a voltagem. Mas há sempre o que ver. Gente, coisas, bichos. E vemos? Não, não vemos.

      Uma criança vê o que o adulto não vê. Tem olhos atentos e limpos para o espetáculo do mundo. O poeta é capaz de ver pela primeira vez o que, de fato, ninguém vê. Há pai que nunca viu o próprio filho. Marido que nunca viu a própria mulher, isso existe às pampas. Nossos olhos se gastam no dia-a-dia, opacos. É por aí que se instala no coração o monstro da indiferença.

Disponível em: http://contobrasileiro.com.br/vista-cansada-cronica-de-otto-lara-resende/ Acesso: 17 dez. 2015.

A partir da leitura global do texto, é CORRETO afirmar que a ideia central é de:

Alternativas
Comentários
  • reaposta b

  • a) Comentar acerca do hábito que as pessoas possuem de olhar tudo com muita atenção, guardando todos os detalhes.

    Errada: “...de tanto ver, a gente banaliza o olhar. Vê não-vendo”. 2§.

     

    b) Comentar acerca do costume das pessoas de olhar tanto o que as cerca que não prestam devida atenção no que olham.

    Certo: “...de tanto ver, a gente banaliza o olhar. Vê não-vendo”. 2§.

     

    c) Criticar o fato das pessoas serem muito atentas a tudo o que as rodeiam, de modo que acabam se angustiando.

    Errado: “Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma porta. Se alguém lhe perguntar o que é que você vê no seu caminho, você não sabe. De tanto ver, você não vê.” 3§.

     

    d) Denunciar o modo como Hemingway olhava o que estava ao seu redor, bem como o modo como morreu.

    Errado: “Acho que foi o Hemingway quem disse que olhava cada coisa à sua volta como se a visse pela última vez.”

    “Acho” mostra que o autor não tinha certeza como Hemingway olhava.

  • DEUS h e g obrigado por cada acertos e dias vividos tudo + 100% honra e glória de DEUS h e g .................................

  • GAB: B  

    Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma porta. Se alguém lhe perguntar o que é que você vê no seu caminho, você não sabe. De tanto ver, você não vê. Sei de um profissional que passou 32 anos a fio pelo mesmo hall do prédio do seu escritório. Lá estava sempre, pontualíssimo, o mesmo porteiro. Dava-lhe bom-dia e às vezes lhe passava um recado ou uma correspondência. Um dia o porteiro cometeu a descortesia de falecer.

          Como era ele? Sua cara? Sua voz? Como se vestia? Não fazia a mínima ideia.

  • A resposta também é viável por Rodrigo não estar em gozo dos direitos políticos, na medida em que era absolutamente incapaz à época da questão. (Hoje, absolutamente incapazes são apenas os menores de 16 anos)

    Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de:

    I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;

    II - incapacidade civil absoluta;

  • Com relação a alternativa C:

     

    c) Criticar o fato das pessoas serem muito atentas a tudo o que as rodeiam, de modo que acabam se angustiando.

     

    Conforme já ressaltado pelo colega Ribas_BH, a 1ª parte da frase realmente está errada, pois, é o contrário, as pessoas não são atentas.

     

    Complementando, acrescentaria que: a 2ª parte da frase também está errada, pois, o texto em momento algum usa o termo angústia, ou faz menção a este sentimento.

    ______________________

    Ato contínuo, complementar novamente o comentário do ilustre colega Ribas_BH, agora com relação a alternativa D:

     

    d) Denunciar o modo como Hemingway olhava o que estava ao seu redor, bem como o modo como morreu.

     

    Acho que foi o Hemingway quem disse que olhava cada coisa à sua volta como se a visse pela última vez.” (trecho do texto)

     

    Além do ''Acho'' demonstrar que o Autor não tinha certeza da forma como Hemingway olhava, como o colega já pontuou, acrescento que:

     

    o ''Acho'' dá a entender que o Autor demonstra desinteresse em Hemingway, pois, se ele realmente se importasse com sua opinião, ele não acharia, ele teria certeza.

     

    Sendo assim, como ele (Autor) poderia denunciar algo que não tem certeza? E como poderia denunciar algo que não se importa? Não faz sentido, portanto, errada.

     

    Como se não bastasse, o texto não explica como Hemingway morreu, sendo assim, como poderia denunciar o modo que ele morreu sem citá-lo? Não faz sentido, portanto, errada.

    .

    Não desista antes da hora, nem cante vitória antes do tempo.