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ID
1846432
Banca
CONSULPLAN
Órgão
CBM-PA
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Tempos loucos – Parte 2

     Os adultos que educam hoje vivem na cultura que incentiva ao extremo o consumo. Somos levados a consumir de tudo um pouco: além de coisas materiais, consumimos informações, ideias, estilos de ser e de viver, conceitos que interferem na vida (qualidade de vida, por exemplo), o sexo, músicas, moda, culturas variadas, aparência do corpo, a obrigatoriedade de ser feliz etc. Até a educação escolar virou item de consumo agora. A ordem é consumir, e obedecemos muitas vezes cegamente a esse imperativo.
      Quem viveu sem usar telefone celular por muito tempo não sabe mais como seria a vida sem essa inovação tecnológica, por exemplo. O problema é que a oferta cria a demanda em sociedades consumistas, que é o caso atual, e os produtos e as ideias que o mercado oferece passam a ser considerados absolutamente necessários a partir de então.
       A questão é que temos tido comportamento exemplar de consumistas, boa parte das vezes sem crítica alguma. Não sabemos mais o que é ter uma vida simples porque almejamos ter mais, por isso trabalhamos mais etc. Vejam que a ideia de lazer, hoje, faz todo sentido para quase todos nós. Já a ideia do ócio, não. Ou seja: para descansar de uma atividade, nos ocupamos com outra. A vadiagem e a preguiça são desvalorizadas.
      Bem, é isso que temos ensinado aos mais novos, mais do que qualquer outra coisa. Quando uma criança de oito anos pede a seus pais um celular e ganha, ensinamos a consumir o que é oferecido; quando um filho pede para o pai levá‐la ao show do RBD, e este leva mesmo se considera o espetáculo ruim, ensinamos a consumir, seja qual for a estética em questão; quando um jovem pede uma roupa de marca para ir a uma festa e os pais dão, ensinamos que o que consumimos é mais importante do que o que somos.
      Não há problema em consumir; o problema passa a existir quando o consumo determina a vida. Isso é extremamente perigoso, principalmente quando os filhos chegam à adolescência. Há um mercado generoso de oferta de drogas. Ensinamos a consumir desde cedo e, nessa hora, queremos e esperamos que eles recusem essa oferta. Como?!
       Na educação, essa nossa característica leva a consequências sutis, mas decisivas na formação dos mais novos. Como exemplo, podemos lembrar que estes aprendem a avaliar as pessoas pelo que elas aparentam poder consumir e não por aquilo que são e pelas ideias que têm e que o grupo social deles é formado por pares que consomem coisas semelhantes. Não é a toa que os pequenos furtos são um fenômeno presente em todas as escolas, sejam elas públicas ou privadas.
     Nessa ideologia consumista, é importante considerar que os objetos perdem sua primeira função. Um carro deixa de ser um veículo de transporte, um telefone celular deixa de ser um meio de comunicação; ambos passam a significar status, poder de consumo, condição social, entre outras coisas.
      A educação tem o objetivo de formar pessoas autônomas e livres. Mas, sob essa cultura do consumo, esses dois conceitos se transformaram completamente e perderam o seu sentido original. Os jovens hoje acreditam que têm liberdade para escolher qualquer coisa, por exemplo. Na verdade, as escolhas que fazem estão, na maioria das vezes, determinadas pelo consumo e pela publicidade. Tempos loucos, ou não?

(SAYÃO, Rosely. Tempos loucos – Parte 2. Disponível em:http://blogdaroselysayao.blog.uol.com.br/arch2006‐10‐01_2006‐10‐15.html. Acesso em: dezembro de 2015.)

Considerando o uso adequado da linguagem à situação de comunicação do texto apresentado, assinale o trecho selecionado a seguir em que podem ser identificados aspectos informais da língua.

Alternativas
Comentários
  •  Tempos loucos, ou não? GABA C

  • Alternativa "A": “A ordem é consumir, e obedecemos muitas vezes cegamente a esse imperativo.” 

    INCORRETA. Nesse trecho foi empregado o padrão da norma culta, ou seja, o "modelo" de linguagem. Não existem elementos de informalidade no trecho acima. Destacamos que a vírgula foi empregada antes da conjunção "e" para separar orações coordenadas que possuem sujeitos diferentes. Esse é um dos casos em que devemos empregar essa pontuação diante da conjunção aditiva "e".

     

    Alternativa "B": “Quando uma criança de oito anos pede a seus pais um celular e ganha, ensinamos a consumir o que é oferecido;[...]” 

    INCORRETA. O uso da 1ª pessoa do plural não significa que haja informalidade. Nesse trecho também temos apenas aspectos formais da linguagem.

     

    Alternativa "C": Na verdade, as escolhas que fazem estão, na maioria das vezes, determinadas pelo consumo e pela publicidade. Tempos loucos, ou não?”

    CORRETA. O aspecto informal está no segmento "Tempos loucos, ou não?". Nesse trecho, a autora conversa diretamente com o leitor. Não é que haja uma incorreção gramatical, mas sim um tom mais informal e simples, como se fosse uma conversa. Essa é a alternativa que estamos buscando.

     

    Alternativa "D": “Nessa ideologia consumista, é importante considerar que os objetos perdem sua primeira função. Um carro deixa de ser um veículo de transporte,[...]” 

    INCORRETA. Também não há traços de informalidade, mas sim o emprego do padrão culto numa linguagem formal.

     

    Alternativa "E": “O problema é que a oferta cria a demanda em sociedades consumistas, que é o caso atual, e os produtos e as ideias que o mercado oferece passam a ser considerados absolutamente necessários a partir de então.” 

    INCORRETA. Não há um tom de conversa ou informalidade nesse trecho. A autora usou apenas uma linguagem puramente formal.

    Fonte: TECCONCURSOS