SóProvas


ID
1855504
Banca
IBAM
Órgão
Prefeitura de Santo André - SP
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                        O que é que houve?

Resolvi fazer um check-up. Havia tempo que não fazia e o redondo número de minha idade vinha ultimamente chamando a minha atenção para a cadeirinha do plano de saúde que carrego na carteira. Não tinha nenhum sintoma. Era apenas uma checagem para não vir a ter nenhum sintoma.

Entrei na sala para o primeiro exame:

— O que é que houve? — me perguntou o doutor.

A pergunta me pegou de surpresa. Fiquei envergonhada. Tive medo de parecer hipocondríaca.

— Nada. Apenas rotina.

O exame foi feito. Tudo normal. Saí da sala aliviada por minha ausência de manchas, mas um tanto constrangida por mobilizar a atenção daquele médico que poderia estar se dedicando a outros abdomens, que, doentes, esperam por suas imagens em filas gigantescas pelos hospitais da cidade.

Segui para o próximo. O laboratório parecia um shopping. Gente circulando, o café lotado, televisões ligadas, pessoas concentradas em seus celulares e revistas, parecendo esbanjar saúde. Entrei na sala e, mais uma vez, veio a pergunta:

— O que é que houve?

Parecia que eles tinham combinado. Tive vontade de sair correndo dali, cantando e dançando pra celebrar minha saúde. Não o fiz. Que Deus me livrasse, mas, àquela altura, eu também já queria ver se tinha alguma coisa. Mais uma vez, e com a graça de Deus, não tinha nada.

Saí do laboratório sentindo um alívio desconfortável e entrei no táxi pensando numa melhor maneira de responder à tal pergunta.

— O que é que houve, doutor? Tenho a sorte de poder pagar um bom plano de saúde. Por isso, acabo achando normal usar todo este equipamento e estes médicos bem formados para investigarem no meu abdômen a eventual possibilidade de eu vir a ter o sintoma que não tenho.

Uso minha carteirinha para o que chamam de medicina preventiva, fazendo jus à mensalidade que tenho pago por medo de precisar usar o que não poderei pagar. Eles bem sabem o quanto fico feliz em pagar mais do que uso porque obviamente me oferecem um produto que não quero precisar usar. De certa maneira, me dão a bênção de perder o que paguei. E, assim, sem nem sequer me dar conta, me vingo minimamente, fazendo exames de rotina enquanto outras pessoas morrem nas filas dos hospitais. É bem esquisito, não é, doutor?

(autoria: Denise Fraga, colunista do jornal Folha de São Paulo, texto retirado do site: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/denisefraga/2015/ Data: 20/09/2015) 

Podemos inferir que o texto da autora: 

Alternativas
Comentários
  • letra D

    — O que é que houve, doutor? Tenho a sorte de poder pagar um bom plano de saúde. Por isso, acabo achando normal usar todo este equipamento e estes médicos bem formados para investigarem no meu abdômen a eventual possibilidade de eu vir a ter o sintoma que não tenho.

  • Gabarito D

    — O que é que houve? — me perguntou o doutor. 

    A pergunta me pegou de surpresa. Fiquei envergonhada. Tive medo de parecer hipocondríaca. 

     

  • não concordo com a D mas é a menos errada. Em nenhum momento ela diz ANTES para o médico que é um exame de rotina. Não tem como ela criticar "a abordagem médica perante exames rotineiros de precaução" se eles nem sabiam que era de rotina, por isso eles perguntaram.

  • Essa questão é de interpretação e não compreensão textual, Quando o enunciado diz infere-se significa deduzir, ou seja, a resposta está implícita no texto.

    exemplo simples o texto diz - o céu está limpo sem nuvens e o sol está brilhando.

    no enunciado pergunta:

    infere-se que a cor do céu é

    a) azul b) vermelho c) amarelo

    claro que a resposta é Azul. Apesar de não está explicito no texto deduz-se que o céu é azul. Isso é interpretação de texto

    agora, compreensão a resposta está dentro do texto. Se faz a pergunta,

    segundo o autor, o sol está

    a) brilhando

    b)forte

    c) radiante

    resposta letra A - está explicito no texto.

    ESSAS SÃO AS PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO TEXTUAL.

    é importante entender o enunciado da questão.

    BONS ESTUDOS!!

    ABRAÇO !!!!!!

  • Em nenhum momento a autora critica a abordagem médica, apenas relata como se sentiu com a pergunta, o que caracteriza uma narração descritiva e não uma crítica. A banca IBAM chega a desrespeitar os candidatos com questões como essa. Extrapolam demais na interpretação.

  • a banca extrapolou

  • Voltando no título para responder a questão, este é o assunto central.