SóProvas


ID
1874761
Banca
VUNESP
Órgão
MPE-SP
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

   O senhor ao meu lado, aguardando o avião, começou a me contar como é prático usar o iPhone para saber onde seus filhos estão, já que carregam sempre o aparelho consigo. “Mas melhor mesmo será quando pudermos implantar um chip no cérebro. Além de saber onde todos estão, eu não precisarei mais carregar esse telefone o tempo todo. Você que é neurocientista: não seria ótimo? Quanto tempo até podermos implantar chips e melhorar o cérebro da gente?" 

    Olhei o telefone que ele manipulava – um de dois aparelhos, com números diferentes: um pessoal, outro do trabalho, o qual ele acabara de perder e achar. Perguntei-lhe de quanto em quanto tempo ele trocava os aparelhos. “Todo ano", ele disse. A tecnologia rapidamente se torna obsoleta, sobretudo com as atualizações do sistema operacional que exigem cada vez mais do hardware.

    Pois é. Imagine investir alguns milhares de dólares para implantar um chip em seu cérebro – um procedimento invasivo, sempre com risco de infecção – só para descobrir, em não mais que dois anos, que ele já está obsoleto, gerações atrás do mais novo modelo, e que aliás nem consegue mais receber a mais recente versão do sistema operacional? Só aqui em casa o número de aparelhos celulares obsoletos já está nas dezenas, esquecidos pelas gavetas.

    Por outro lado, lembrei-lhe, o hardware que ele leva naturalmente na cabeça não fica obsoleto nunca – porque é capaz de se atualizar e se modificar conforme o uso, aprendendo ao longo do caminho. Mesmo quando envelhece, e não tem como ser trocado, ele se mantém atualizável e altamente customizado: é o seu hardware, personalizado a cada instante da vida, ajustado e otimizado para aquelas funções que de fato lhe são imprescindíveis.

   Certo, o sistema operacional de alguns parece continuar na Idade Média, querendo impor seus gostos e neuras pessoais à vida dos outros – mas é em grande parte por uma questão de escolha pessoal. Até esses sistemas mais renitentes podem ser atualizados.

    Infinitamente mais prático, e sensato, é continuar aproveitando essas extensões tecnológicas do nosso hardware como os periféricos que são, conectados ao cérebro via dedos e sentidos. Se o periférico fica obsoleto, é trocado. Nosso hardware mental ainda não tem competição à altura. Muito mais proveitoso do que sonhar com o dia em que poderemos incorporar metais inertes ao nosso cérebro é investir nele como ele já é.

(Suzana Herculano-Houzel, Obsolescência. Folha de S.Paulo, 10.11.2015)

Observe a conjunção que, destacada no trecho – ... só para descobrir [...] que ele já está obsoleto –, e assinale a alternativa na qual essa palavra também é uma conjunção.

Alternativas
Comentários
  • O termo “que” pode pertencer a categorias gramaticais diferentes e exerce funções sintáticas diferentes.

    Vejamos, separadamente, cada uma das funções doque:

    a) pronome interrogativo: faz referência a pessoas (substantivo) ou a coisas (adjetivo).

    Exemplos: O que ocorreu nesta sala? (substantivo)
    Que tema você escolheu? (adjetivo – acompanha o substantivo)

    b) pronome relativo: refere-se a um termo anterior.

    Exemplo: As crianças que gostam de fabricar seu próprio brinquedo se mostram mais criativas no futuro.

    c) pronome adjetivo indefinido: tem sentido de “quanto”, “quantas”.

    Exemplo: Que horas são agora?

    d) conjunção coordenativa aditiva: liga orações e tem valor próximo da conjunção “e”.

    Exemplo: Diz que diz, mas não faz nada!

    e) conjunção coordenativa explicativa: valor próximo de “pois”.

    Exemplo: Devemos nos amar, que o ódio consome e destrói a alma.

    f) conjunção subordinativa integrante: introduz oração subordinada substantiva.

    Exemplo: Ficou claro que você não vai mais discutir o mesmo assunto. /

    g) conjunção subordinativa causal: valor próximo de “porque”.

    Exemplo: Corram, que o tornado está próximo da nossa cidade!

    h) conjunção subordinativa temporal: valor próximo de “desde que”.

    Exemplo: Cinco anos passaram que dali fomos embora.

    i) conjunção subordinativa concessiva: valor próximo de “embora”, “ainda que”

    Exemplo: Que não gostem de nosso companheirismo, continuaremos unidos!

    j) conjunção subordinativa consecutiva: exprime conseqüência.

    Exemplo: Tanto pediu que foi atendido.

    k) Substantivo: quando se refere à própria partícula “que”. Vem acentuado por ser monossílabo tônico, acompanhado ou de artigo ou de palavra com valor de adjetivo.

    Exemplo: Este livro tem um quê de instigação e mistério.

    l) Interjeição: exprime surpresa, espanto e vem acentuado:

    Exemplo: Quê! Você foi ao casamento?

    m) partícula de realce: não prejudica a estrutura sintática se retirado.

    Exemplo: Que vontade que tenho de conversar com você às vezes.

    n) preposição: substitui a preposição “de” quando acompanhada dos verbos ter e haver.

    Exemplo: Tenho que vestir algo apropriado.
    Há que se perceber o equívoco.

  • gab. B

    "Ja que" - exprime causa

  •  A)    o hardware que = O QUAL ele leva (PRONOME RELATIVO)

    QUE   =   O QUAL/ A QUAL/  AO QUAL/OS QUAIS/ AS QUAIS

     

    À QUAL  =   AO QUAL

    Ex.:   A obra À QUAL fiz referência.

    ..........................................

    Não sei o que faz aqui.

    NÃO SEI O = (pronome demonstrativo reduzido = AQUILO/o qual  ) QUE FAZ AQUI

    B) onde seus filhos estão, já que carregam

    CAUSAL:                             QUE = JÁ QUE, PORQUE

    TRISTE QUE ESTAVA NÃO FOI PASSEAR      

    C)          Você que é neurocientista: não seria ótimo?       PALAVRA EXPLETIVA / REALCE

                   VOCÊ xxx  É NEURO...PODE RETIRAR A PALAVRA QUE, sem prejuízo.

     

    PALAVRA EXPLETIVA / REALCE                         É ...... QUE .....

    PODE SER RETIRADA SEM PREJUÍZO               SÃO ............. QUE ............

                                                                                           A TI QUE VEJO

                                                                                         QUASE QUE ELA GANHOU A ELEIÇÃO !

                                                                                         

     D)        atualizações do sistema operacional que = O QUAL exigem =   PRONOME RELATIVO

    QUE   =   O QUAL/ A QUAL/  AO QUAL/OS QUAIS/ AS QUAIS

    E)          aquelas funções que = AS QUAIS de fato lhe =    PRONOME RELATIVO

  • Simplificando... troca Que por a a qual e ve se da certo. 

  • Gab. b)

     

    que = visto que   ----------->   conjunção (causal)

  • Não troque "QUE" por "A QUAL" porque não vai dar certo. Você VAI TER que fazer a análise do QUE. Dá uma olhada no youtube, tem um monte de aulas legais sobre isso =).

     

    Vamos lá: quando você troca QUE por A QUAL, O QUAL, AS QUAIS, OS QUAIS, o QUE tem função de pronome relativo. Por quê? Porque ele é "relativo" a algo que veio antes (pense assim só pra gravar). Então logo vemos que se ele tem função de pronome, ele não tem função de conjunção (que é o que a questão pede), não é?! Por isso essa técnica não dá certo aqui.

     

    A frase do exemplo é uma conjunção integrante. Sabemos que é integrante quando podemos trocar o QUE por ISSO. só para descobrir [...] ISSO.

     

     a)...o hardware que ele leva naturalmente na cabeça não fica obsoleto nunca

    Nessa frase temos o pronome indefinido. Como que eu sei? Está ligado a um substantivo (hardware). Queremos conjunção, lembra? Então não é essa.

     b)...usar o iPhone para saber onde seus filhos estão, já que carregam sempre o aparelho consigo.

    Aqui vemos duas orações (opa, já é sinal de conjunção). O JÁ QUÉ está fazendo a ligação entre elas. Você percebe que a ligação é de causa e efeito? JÁ QUE VOCÊ TÁ SEMPRE COLADO NESSE CELULAR (CAUSA) -> EU VOU TE RASTREAR (CONSEQUÊNCIA). Trata-se de um QUE com função de CONJUNÇÃO SUBORDINADA CAUSAL.

    Achamos, mas não paramos. Segue!

     c) Você que é neurocientista: não seria ótimo?

    Olha, vou te dizer que não sei muito bem essa. Mas tá com cara de PARTÍCULA EXPLETIVA. É algo que você pode tirar, usado só para dar realce.

     d) atualizações do sistema operacional que exigem cada vez mais do hardware.

    Pronome relativo (usado para não repetir o sujeito anterior - atualizações - as quais exigem). Mas não queremos pronome, queremos conjunção. Lembrou, né?

     e) otimizado para aquelas funções que de fato lhe são imprescindíveis

    Pronome indefinido. Como que eu sei? Está ligado a um substantivo (funções).

     

     

  • Rsrsr' fiquei procurando a conjunção integrante! ¬¬'

  • Para mim, tem funcionado olhar a palavra que antecede "que" se é um verbo o "que" é conjunção se é um nome (pronome, substantivo...) o "que" é um pronome relativo e geralmente só aparece uma opção com esse padrão quando a questão pede.

  • Só usando substituição, já eliminamos a A, D e E.

    Agora, basta lembrar que um pronome relativo retoma um termo anterior.

    "Você que...", o "que" se refere a "você", portanto é conjunção.

  • É pra procurar a conjunção.

    B - conjunção causal

  • Locuação conjuntiva - Já que

  • Já que: Visto que - Uma vez que (CAUSA)

    PCPR

  • Questão estranha, a letra D pode ser classificada como oração subordinada restritiva.