SóProvas


ID
1889500
Banca
FCC
Órgão
TRF - 3ª REGIÃO
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

      Os Beatles eram um mecanismo de criação. A força propulsora desse mecanismo era a interação dialética de John Lennon e Paul McCartney. Dialética é diálogo, embate, discussão. Mas também jogo permanente. Adição e contradição. Movimento e síntese. Dois compositores igualmente geniais, mas com inclinações distintas. Dois líderes cheios de ideias e talento. Um levando o outro a permanentemente se superar.

      As narrativas mais comuns da trajetória dos Beatles levam a crer que a parceria Lennon e McCartney aconteceu apenas na fase inicial do conjunto. Trata-se de um engano. Mesmo quando escreviam separados, John e Paul o faziam um para o outro. Pensavam, sentiam e criavam obcecados com a presença (ou ausência) do parceiro e rival.

      Lennon era um purista musical, apegado a suas raízes. Quem embarcou na vanguarda musical dos anos 60 foi Paul McCartney, um perfeccionista dado a experimentos e delírios orquestrais. Em contrapartida, sem o olhar crítico de Lennon, sem sua verve, os mais conhecidos padrões de McCartney teriam sofrido perdas poéticas. Lennon sabia reprimir o banal e fomentar o sublime.

      Como a dialética é uma via de mão dupla, também o lado suave de Lennon se nutria da presença benfazeja de Paul. Gemas preciosas como Julia têm as impressões digitais do parceiro, embora escritas na mais monástica solidão.

      Nietzsche atribui caráter dionisíaco aos impulsos rebeldes, subjetivos, irracionais; forças do transe, que questionam e subvertem a ordem vigente. Em contrapartida, designa como apolíneas as tendências ordenadoras, objetivas, racionais, solares; forças do sonho e da profecia, que promovem e aprimoram o ordenamento do mundo. Ao se unirem, tais forças teriam criado, a seu ver, a mais nobre forma de arte que jamais existiu.

      Como criadores, tanto o metódico Paul McCartney como o irrequieto John Lennon expressavam à perfeição a dualidade proposta por Nietzsche. Lennon punha o mundo abaixo; McCartney construía novos monumentos. Lennon abria mentes; McCartney aquecia corações. Lennon trazia vigor e energia; McCartney impunha senso estético e coesão.

Quando os Beatles se separaram, essa magia se rompeu. John e Paul se tornaram compositores com altos e baixos. Fizeram coisas boas. Mas raramente se aproximaram da perfeição alcançada pelo quarteto. Sem a presença instigante de Lennon, Paul começou a patinar em letras anódinas. Não se tornou um compositor ruim. Mas os Beatles faziam melhor. Ironicamente, o grande disco dos ex-Beatles acabou sendo o álbum triplo em que George Harrison deglutiu os antigos companheiros de banda, abrindo as comportas de sua produção represada durante uma década à sombra de John e Paul. E foi assim, por estranhos caminhos antropofágicos, que a dialética de Lennon e McCartney brilhou pela última vez.

(Adaptado de: DANTAS, Marcelo O. Revista Piauí. Disponível em: http://revistapiaui.estadao.com.br/materia/beatles. Acesso em: 20/02/16) 

Considerado o contexto, afirma-se corretamente:

Alternativas
Comentários
  • agurado comentários

  • alternativa C:

    - referente à crase: correta crase

       - verbo levar pede preposição;

      -  verbo crer não aceita artigo;

      -  substantivo crença aceita.

    - referente ao “de”:" correta preposição

       -  Levam a crer...que – introduz uma oração objetiva direta, pois essa locução verbal não pede preposição

       - Levam à crença de...que – introduz uma oração completiva nominal, assim, substantivo pede preposição

  • Apesar de ter marcado a letra C, achei as letras A e E complicadas. Se alguém puder me ajudar agradeço. Bons estudos

  • erro da assertiva b:

    É importante observar que não pode haver concordância entre o verbo ("tratar-se") e o seu complemento ("de acusações"). 

    O sujeito está indeterminado - e é a partícula "se" que nos indica isso (daí ser chamada de "índice de indeterminação do sujeito"). O verbo "tratar" tem diversas acepções, mas a que nos interessa aqui é a de "ter por assunto, por objeto", "versar". Nesse caso, "tratar" é transitivo indireto, portanto fica no singular ao lado da partícula "se" e tem o complemento introduzido pela preposição "de".

  • Quanto à letra D:

    ver·ve  (francês vervesubstantivo feminino

    1. Imaginação viva.

    2. Vivacidade ao escrever, falar ou conversar.

     

    a·nó·di·no (grego anódunos, -on, sem dor) adjetivo

    1. Que acalma a dor. = ANTÁLGICO

    2. [Figurado]  Inofensivo, sem importância.

    3. Paliativo.

     

    per·ni·ci·o·so |ô| (latim perniciosus, -a, -umadjetivo

    Perigoso; nocivo.

    (Dicionário Priberam da Língua Portuguesa)

  • Dica de site: www.dicio.com.br

    verve

    Significado de Verve

    s.f. Excesso de criatividade e entusiasmo que incitam o processo de criação do artista, do poeta etc.: a verve de Michelangelo e de suas pinturas.
    P.ext. Expressividade, boa vontade ou gentileza que definem uma personalidade, assim como aquilo que pode ser produzido por ela: ele possui excesso de verve; a verve de seus comentários.
    Figurado. Sensação de vivacidade; sentimento de energia ou vigor: tem estado cansado, sem verve. 
    (Etm. do francês: verve)

    Sinônimos de Verve

    Verve é sinônimo de: graça, chiste, facécia, vivacidade

    Definição de Verve

    Classe gramatical: substantivo feminino
    Separação das sílabas: ver-ve
    Plural: verves

     

    anódino

    Significado de Anódino

    adj. Que diminui ou acaba com os efeitos de uma dor; diz-se do medicamento que acaba com a dor; paliativo.
    Figurado. Que não possui grande eficácia; sem importância; insignificante,
    s.m. Aquilo que diminui ou acaba com a dor: medicamento anódino.
    (Etm. do grego: anódunos.on)

    Sinônimos de Anódino

    Anódino é sinônimo de: sedante, calmante, sedativo, insignificante

    Definição de Anódino

    Classe gramatical: adjetivo e substantivo masculino
    Separação das sílabas: a-nó-di-no
    Plural: anódinos
    Feminino: anódina

     

     

  • Gabarito Letra C

    A) primeiro é pronome obliquo, segundo é conjunção integrante
    B) Verbo intransitivo/ de ligação/ transitivo indireto + se = Se é indice de indeterminação do sujeito + verbo obrigatoriamente no singular, e não para o plural, independentemente do termo posterior.
    C) CERTO: Verbo que pede preposição + substantivo feminino = dois "a" = acento grave da crase,
    D) sentidos diferentes
    E) embora cada um tenha escrito

    bons estudos

  • Fiquei em dúvida entre a C e a E. Depois de errar fui procurar a resposta.

    A "E" está errada por causa da concordância verbal.

    CADA UM DE/DOS/DAS - sempre na 3a do singular.

    Então ficaria: “embora cada um deles as tenha escrito na mais monástica solidão”. 

     

    Se estiver errado, por favor, avisem-me!

     

  • Não entendi o erro da E

    "Embora cada um deles as tenham escrito" me parece certo, afinal ele está se  referindo às Gemas preciosas

     

     

  •  

     

    Matheus Diniz,

     

     

     

    Acredito que a assertiva ''e'' contém erro de concordância. Isso se dá pelo fato de que a expressão Cada um de/dos/das leva o verbo para o singular. Este é um caso especial de concordância verbal.

     

     

    Obs: deles = de + eles

     

     

     

    GABARITO LETRA C

     

  • sentindo falta da correção dos professores nas questões de interpretação de texto...