SóProvas


ID
1907893
Banca
FCC
Órgão
SEDU-ES
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                           CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS 

                                     Cárcere das Almas

                     Ah! Toda a alma num cárcere anda presa,

                     Soluçando nas trevas, entre as grades

                     Do calabouço olhando imensidades,

                     Mares, estrelas, tardes, natureza.


                     Tudo se veste de igual grandeza

                     Quando a alma entre grilhões as liberdades

                     Sonha e, sonhando, as imortalidades

                     Rasga no etéreo Espaço da Pureza.


                     Ó almas presas, mudas e fechadas

                     Nas prisões colossais e abandonadas,

                     Da Dor no calabouço, atroz, funéreo!


                     Nesses silêncios solitários, graves,

                     Que chaveiro do Céu possui as chaves

                     Para abrir-nos as portas do Mistério?!


           (CRUZ E SOUZA. Obras Completas. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1961) 

Considere as afirmativas abaixo.

I. No primeiro quarteto, há uma afirmação de ordem geral: “toda a alma” (o que pode ser entendido como qualquer alma, todas as almas de todos).

II. Há no poema várias metáforas como, por exemplo, “alma presa num cárcere”.

III. O uso das iniciais maiúsculas em substantivos comuns (Dor, Céu, Mistério) acentua o aspecto simbólico dos vocábulos.

IV. Há no poema a presença de elementos antitéticos como, por exemplo, “grilhões / liberdades”.

V. O segundo terceto denota a presença do indivíduo na exclamação enfática, num vocativo de preocupação e angústia.

Do ponto de vista da análise sintático-semântica do poema, está correto o que se afirma APENAS em

Alternativas
Comentários
  • Fiquei com dúvida se a I está realmente correta. Ao meu ver, Toda alma = Todas as almas / Toda a alma = A alma inteira. Assim, a afirmação I estaria errada... Alguém pode me ajudar?

  • Pensei da mesma forma, Renato. 

  • Para quem como eu ficou na dúvida sobre o  item I, o que definiu toda qualquer alma foi o artigo "a": toda a alma num cárcere - quer dizer que toda a alma que estiver num cárcere.

    por outro lado se não tivesse o artigo "toda alma num cárcere" aí sim seria específivo a toda a alma que estiver em um cárcere e não a todas as almas.

    Obs: Essa é uma opinião minha.

  • Toda a alma = Pode ser: alma inteira ou qualquer alma. Ambiguidade. Temos que considerar o contexto.

  • eu fique na dúvida mesmo do item V.. achei que estava certo.

    alguém pode ajudar?

  • Entendi assim:

    A primeira está certa. I.

    No primeiro quarteto, há uma afirmação de ordem geral: “toda a alma” (o que pode ser entendido como qualquer alma, todas as almas de todos).

    Alguns colegas falaram da alma na totalidade, o que está correto. A alternativa afirma isso também quando fala TODAS as almas de todos

    O X da questão é que no poema por ele não ter especificado de quem é esta alma, poderia ser de qualquer um, em sua inteireza.

    Atentem para a passagem: Todas as almas de todos (os indivuduos).

  • Concordo com o Renato Prado, "Toda alma = Todas as almas / Toda a alma = A alma inteira. Assim, a afirmação I estaria errada...". Mas, como tentativa de entender/justificar o gabarito, penso que o examinador se baseou no verso "Ó almas presas, mudas e fechadas", para interpretar o "Toda a alma" como pluralidade de almas, e não como a totalidade da alma.   

  • TODO – é um indefinido, chamado por alguns gramáticos de “coletivo universal”. Possui as flexões “toda, todos, todas”. Emprega-se de acordo com as seguintes orientações:

    a)  Qualquer (com esse significado é empregado no singular, sem a presença de artigo definido)

    Exemplo: "Todo homem pode cometer um crime impensadamente".

    Obs.: Há gramáticos que não aceitam essa acepção do pronome indefinido “todo”, pois só admitem o emprego do pronome “todo” com o sentido de “totalidade”.

    b) Totalidade ou cada (embora haja posicionamentos contrários, pode também ser empregado no singular e anteposto a substantivo precedido ou não de artigo).

    Exemplos: “Todo homem é mortal, mas o homem todo não é mortal.” (Carlos Drummond de Andrade)

                     “No soveral havia todo o gênero de caça (...) (A. Herculano)

                    “Ah! Toda a alma num cárcere anda presa”. (Questão)

    Obs.: Há gramáticos, que nesta acepção, só defendem o sentido do pronome “todo” como “cada”. Para a maioria, entretanto, o pronome “todo”, anteposto a um substantivo, pode ou não aparecer com o artigo, conforme a regra acima.

    Comentários: A expressão “Toda a alma” para significar “qualquer alma” deveria ser empregada sem o artigo definido “a”. A segunda regra, porém, permite o entendimento de que “cada alma num cárcere anda presa”.

    Fonte: Nova Gramática da Língua Portuguesa - Rodrigo Bezerra.

     

  • A afirmativa I está correta. "Toda alma" pode ser entendido como todas as almas ao lermos o contexto, no primeiro terceto, "Ó almas presas". 

  • Complementando os comentários a respeito da assertiva I: Podemos atentar para o título do poema, que pode ajudar a esclarecer o "Toda a alma", que não teria sentido dentro do texto se tivesse uma ideia de totalidade ou completude de um único objeto, mas sim de ordem geral, como informa a assertiva.

  • Acabei de assistir uma aula em que professor afirma:

    TODO/TODA = Qualquer / visão genérica

    TODO O/TODA A = Inteiro / totalidade

    Não entendi essa I.

  • Também já havia assistido às aulas do "todo" com e sem artigo da Isabel e aqui não entendi nada.

    Ela até deu o exemplo da casa:

    "Toda a casa: a casa inteira."

    "Toda casa: qualquer casa."

     

     

  • Quando uso um "artigo definido" eu estou definindo qual é o objeto e não qualquer um. Espera a boa vontade de algum professor.

  • Todo, Toda: relação genérica; qualquer.

    ex: Todo (qualquer) cidadão tem direito à educação.

     

    Todo o, Toda a: inteiro; totalidade.

    ex: Todo o (inteiro) teu amor, eu vi de longe...

  • IV- Há no poema a presença de elementos antitéticos como, por exemplo, “grilhões / liberdades”.

     

    Outro significado para grilhões é o de cadeia; prisão.

    (https://www.significados.com.br/grilhoes)

     

    Antítese é a oposição de duas coisas, assim, pares antitéticos são dois elementos que apesar de contrários são utilizados juntos para completar uma mesma . ( https://br.answers.yahoo.com/question/index?qid.)

  • embora ele tenha escrito ''toda A alma'' achei que especificou quando disse ''num cárcere'' logo após

     

  • Continuo sem entender os itens I e V. Se alguém puder me ajudar, agradeço

  • Vendo a estatística, percebi que o percentual de erro está alto, e acredito que a causa é simplesmente o item (I). Não consegui encontrar nada que me convencesse de que ela está correta.

  • Creio que devemos interpretar o contexto poético do verso.

    Quando o poeta diz "Ah! Toda a alma num cárcere anda presa" ele se refere às almas de todos os presos. Não podemos inferir que todas as almas estão presas, mas todas que estão num cárcere estão seguramente presas, logo, qualquer alma encarcerada está presa! Isso considerando a figura de linguagem e tal. Enfim, esse raciocínio me ajudou a compreender a questão!

  • Galera essa é uma prova para professor de língua portuguesa 

    Então eles devem ter um conhecimento bem aprofundado dos assuntos por isso essa estranheza de toda alma ou toda a alma.

    Com certeza deve ter um exceção da exceção para esse item I está certa 

     

  • Errei, fui de B, mas o gabarito correto é C.

  • Cárcere das Almas> Marquei o item I como correto por causa do título. Se fosse uma alma específica o título seria CÁRCERE DA ALMA.

     

     

  • o ruim do site é a falta de professor par explicar , será que fica tão caro????? colocar professores  explicando em todas questões

  • Item I foi bizarro, sempre entendi que "todo o/toda a"=totalidade, por inteiro, exceto no plural.

  • Comentário referente ao ITEM I

    -Buscando esquematizar o emprego exato de tais vocábulos, leciona Laudelino Freire que se deve "usar sempre de todo seguido de o (todo o) menos quando todo tenha a significação de qualquerTodo o significa a inteireza de uma coisa; todo, sem o artigo, significa cada, qualquer, ou o total de muitos. A distinção é inconfundível. 'Toda a casa foi queimada', isto é, a casa, toda ela, foi queimada. 'Toda casa deve pagar impostos', isto é, todas as casas são sujeitas ao imposto. 'Todo o dia' = dia inteiro; 'Todo dia' = todos os dias".

    -Na lição de José de Nicola e Ernani Terra, "os pronomes indefinidos todo e toda (no singular), quando desacompanhados de artigo, significam qualquer"; porém, "quando acompanhados de artigo, passam a dar a ideia de inteiro, totalidade".

    - (...) "Na linguagem do Brasil, faz-se judiciosa distinção. Todo o diz-se quando equivale a inteiro, na totalidade, completamente... Na acepção de qualquer não se usa o artigo". E continua tal gramático com sua observação: "No plural, porém, o artigo aparece em qualquer acepção".

    Fonte: http://www.migalhas.com.br/Gramatigalhas/10,MI212188,61044-Todo+ou+Todo+o

  • Concordo com o posicionamento da Daniela Leite: "Quando o poeta diz "Ah! Toda a alma num cárcere anda presa" ele se refere às almas de todos os presos. Não podemos inferir que todas as almas estão presas, mas todas que estão num cárcere estão seguramente presas, logo, qualquer alma encarcerada está presa

    Acertei a questão, mas queria um explicação sobre o item V que está incorreto. 

     

  • A afirmação do item V, se refere ao segundo terceto, ou seja:

                      Nesses silêncios solitários, graves,

                         Que chaveiro do Céu possui as chaves

                         Para abrir-nos as portas do Mistério?!

    Porém,  ao meu ver, esse trecho não denota a presença do indivíduo na exclamação enfática, num vocativo de preocupação e angústia.

    Onde há vocativo? Aí, por eliminação, coloquei a C.

  • Segundo a explicação do prof Arenildo, nessa época (século XIX), não havia distinção entre "toda" e "toda a". Logo, toda a alma é entendida como todas as almas, no pensamento do poeta.
  • Eu adooooro que o professor Arenildo é apaixonaaaaaaaado pela literatura e pela Língua. Fofo!!! Dá até uma inspirada na gente... 

  • No item "V", entendo que o terceto encerra uma interrogação enfática e não uma exclamação enfática, mediante o uso do sinal de interrogação "?" seguido do de exclamação "!", porém sendo este secundário, pois deve-se ler o fragmento naturalmente com a entonação de uma pergunta enfatizada pela exclamação:

     

                          Nesses silêncios solitários, graves,

                         Que chaveiro do Céu possui as chaves

                         Para abrir-nos as portas do Mistério?!

     

  • II - Não e metáfora. No máximo uma prosopopeia, com isso errou-se a questão.

  • Fala, pessoal!

    Quem quiser ver a explicação detalhada dessa questão (e, principalmente, como fica essa história do TODO X TODO O), é só clicar aqui:

    https://www.youtube.com/watch?v=LGTpFbg7D_Y&feature=youtu.be

     

    Abraços!

     

    Caco Penna

     

  •  só com os Comentários do professor p entender mesmo... foi preciso atentar mais p literatura do que para a gramática!!!!

  • Muitos comentários sobre a I, mas errei por causa da II... alguém poderia explicar?

    Resolvendo questões sobre figuras de linguagem, parece que "tudo" é Metáfora... como disse um colega em outra questão, "Na dúvida, mete metáfora" hahahah