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ID
1908823
Banca
FUNCAB
Órgão
Prefeitura de Rio Branco - AC
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                    A mulher do vizinho


      Contaram-me que na rua onde mora (ou morava) um conhecido e antipático general de nosso Exército morava (ou mora) também um sueco cujos filhos passavam o dia jogando futebol com bola de meia. Ora, às vezes acontecia cair a bola no carro do general e um dia o general acabou perdendo a paciência, pediu ao delegado do bairro para dar um jeito nos filhos do sueco.

      O delegado resolveu passar uma chamada no homem, e intimou-o a comparecer à delegacia. O sueco era tímido, meio descuidado no vestir e pelo aspecto não parecia ser um importante industrial, dono de grande fábrica de papel (ou coisa parecida), que realmente ele era. Obedecendo à ordem recebida, compareceu em companhia da mulher à delegacia e ouviu calado tudo o que o delegado tinha a dizer-lhe. O delegado tinha a dizer-lhe o seguinte:

      - O senhor pensa que só porque o deixaram morar neste país pode logo ir fazendo o que quer? Nunca ouviu falar numa coisa chamada AUTORIDADES CONSTITUÍDAS? Não sabe que tem de conhecer as leis do país? Não sabe que existe uma coisa chamada EXÉRCITO BRASILEIRO que o senhor tem de respeitar? Que negócio é este? Então é ir chegando assim sem mais nem menos e fazendo o que bem entende, como se isso aqui fosse casa da sogra? Eu ensino o senhor a cumprir a lei, ali no duro: dura lex! Seus filhos são uns moleques e outra vez que eu souber que andaram incomodando o general, vai tudo em cana. Morou? Sei como tratar gringos feito o senhor.

      Tudo isso com voz pausada, reclinado para trás, sob o olhar de aprovação do escrivão a um canto. O sueco pediu (com delicadeza) licença para se retirar. Foi então que a mulher do sueco interveio:

      - Era tudo que o senhor tinha a dizer a meu marido?

      O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevimento.

      - Pois então fique sabendo que eu também sei tratar tipos como o senhor. Meu marido não é gringo nem meus filhos são moleques. Se por acaso incomodaram o general, ele que viesse falar comigo, pois o senhor também está nos incomodando. E fique sabendo que sou brasileira, sou prima de um major do Exército, sobrinha de um coronel, E FILHA DE UM GENERAL! Morou?

      Estarrecido, o delegado só teve forças para engolir em seco e balbuciar humildemente:

      - Da ativa, minha senhora? 

      E ante a confirmação, voltou-se para o escrivão, erguendo os braços desalentado:

      - Da ativa, Motinha! Sai dessa...


(Texto extraído do livro “Fernando Sabino - Obra Reunida - vol.01”, Editora Nova Aguiar-Rio de Janeiro, 1996, p.872.) 

Em apenas uma das opções a palavra destacada foi grafada corretamente. Aponte-a.

Alternativas
Comentários
  • Alternativa: C

     

    Sempre que pudermos trocar por "o motivo pelo qual", trata-se do por que separado e sem acento.

     

    *Não sabia o motivo pelo qual havia sido convocado.

  • a)por que

    b)porquê = motivo

    c) correta.  por que = por qual motivo

    d)porque = pois

    e)por quê

  • GABARITO: LETRA C

    Usamos POR QUE (separado e sem acento circunflexo) nos seguintes casos:

    a) Nas frases interrogativas (quando escrevemos no início das frases) e quando equivale à "razão", "motivo" e "causa". Por exemplo:

    Por que você não varreu o chão?

    Por que você brigou com seu amigo?

    E as meninas, por que não vieram conosco?

    b) Quando pudermos substituí-lo por "pelo qual", "pelos quais", "pela qual", "pelas quais". Por exemplo:

    Os caminhos por que percorri foram muitos. (= Os caminhos pelos quais percorri foram muitos.)

    As atrocidades por que foi submetido tornaram ele em um homem rude. (= As atrocidades pelas quais foi submetido tornaram ele um homem rude.)

    FONTE: SÓPORTUGUÊS.COM.BR