SóProvas


ID
1934434
Banca
CESPE / CEBRASPE
Órgão
TCE-SC
Ano
2016
Provas
Disciplina
Economia
Assuntos

Acerca dos principais resultados da teoria keynesiana e do modelo IS/LM, julgue o item seguinte.

O aumento na tributação sobre a remuneração dos trabalhadores tem como consequência a redução do investimento e do produto de equilíbrio.

Alternativas
Comentários
  • Exemplo: Brasil

  • Aumento da tributação sobre a remuneração diminui a renda disponível.

    Com menos renda disponível tem-se menor poupança.

    Uma das relações básicas da economia é poupança = investimento, logo, menor investimento.

    A renda disponível das famílias também é um dos itens que compõem o consumo da famílias no produto pela ótica da despesa.

    Produto = Renda = Consumo/Demanda.

    Certo.

     

  • O aumento da tributação sempre traz uma contração da curva IS porque reduz a demanda por bens e serviços.

              Neste caso, o aumento da tributação sobre a remuneração encarece contratações o que contrai o investimento das firmas.

              Logo, há uma redução do produto de equilíbrio, causada por essa política fiscal contracionista de aumentar os tributos:

  • Aumento da tributação: política fiscal contracionista, que desloca a curva IS para a esquerda e para baixo.

  • Kd os professores do QC?

  • Pensei igualzinho o Tony Focax.. Mas este foi o comentário do Professor do Direção (Jetro Coutinho):

    "O aumento da tributação sempre traz uma contração da curva IS porque reduz a demanda por bens e serviços.

    Neste caso, o aumento da tributação sobre a remuneração encarece contratações o que contrai o investimento das firmas.

    Logo, há uma redução do produto de equilíbrio, afinal, nada mais temos do que uma política fiscal contracionista".

    Os comentários se complementam, na verdade.

  • Aumento da tributação, SE acompanhado por aumento de G no mesmo montante, aumenta Y.

    Porém, somente o aumento da tributação, reduz Y.

  • Respondi sabendo que iria errar. Estas questões do cespe foram claramente elaboradas por um amador.

    O aumento dos impostos de fato reduz a renda. Até ai está ok. Entretanto, o investimento, na verdade, sobe.

    Quando o governo aumenta impostos em 1 real, por exemplo, a poupança do governo acaba aumentando em 1 real também. Acontece que essa elevação dos impostos acabam reduzindo a renda disponível da população, que por sua vez leva a uma queda da poupança privada. Dado que há um aumento da poupança do governo e uma redução da poupança privada, qual a verdadeira variação da poupança? ela sobe ou diminui?

    Como dito, quando o governo eleva os impostos em 1 real, a poupança do governo se eleva em 1 real. A redução da poupança privada, entretanto, dada uma elevação do imposto em 1 real, cai apenas em (1-c) x1, sendo c a propensão marginal a consumir. Ou seja, como o cidadão não poupava tudo o que ganhava, a diminuição da sua renda reduz a poupança privada com base na variação da sua renda x a propensão marginal a poupar. Ou seja, caso a propensão marginal a poupar seja de 0,2, a poupança privada seria reduzida apenas em 1(variação na renda disponível dado um aumento de impostos) x 0,2 (propensão marginal a poupar). Em suma, a poupança privada seria reduzida apenas em 0,2.

    Temos que a poupança do governo foi elevada em 1 e a poupança privada foi reduzida em 0,2. Houve um aumento da poupança no geral. Como I = S, há também um aumento do Investimento.

    Trata-se de um efeito semelhante ao crowding out. Basta olhar as curvas IS/LM para perceber isso. O deslocamento da IS reduz o Y e reduz as taxas de juros. Perceba que mantendo a taxa de juros fixa, o ponto na segunda IS (a IS após o aumento dos impostos) correspondente a taxa de juros inicial é de uma renda inferior à nova renda de equilíbrio do modelo. O que ocorre é que a redução da taxa de juros amortiza o aumento dos impostos. É como se a redução do déficit do governo abrisse espaço para o surgimento de um maior nível de investimentos privados.

    A questão pode parecer simples em um olhar superficial, mas exige conhecimento econômico mais um profundo.

    Grande vacilo da banca. Como eu tenho vontade de elaborar uma prova dessas.

    Caso alguém deseje mais detalhes, recomendo o artigo da universidade de Nova Iorque.

    http://people.stern.nyu.edu/nroubini/NOTES/CHAP9.HTM

    Só procurar pelo parágrafo que se inicia com "The effect of an increase in taxes T"

  • Fala pessoal! Professor Jetro Coutinho aqui, para comentar esta questão sobre o modelo IS-LM.

    O modelo IS-LM é um modelo que estuda o impacto das políticas fiscal e monetária na taxa de juros da economia e no produto de equilíbrio.

    Quando o governo aumenta impostos, ele pratica uma política fiscal contracionista. Uma política fiscal contracionista desloca a IS para a esquerda e para baixo, com menor taxa de juros e menor produto de equilíbrio.

    Portanto de fato, um aumento na tributação diminuirá o produto de equilíbrio da economia.

    Mas o impacto sobre o investimento precisa ser analisado com maior profundidade. De forma geral, as políticas fiscais contracionistas diminuem a taxa de juros. Com menor taxa de juros, o investimento aumenta (dada a relação inversa entre taxa de juros e investimento).

    Mas a análise aqui não é tão simples, isto porque o aumento na tributação não se deu de forma genérica, mas sim de forma localizada, incidindo apenas sobre a remuneração dos trabalhadores. Este fato terá duas consequências principais:

    A primeira, é que com maiores impostos, as pessoas terão menor renda disponível, já que terão que pagar mais impostos. Dessa forma, com menor renda disponível, teremos queda da poupança privada. Como poupança = investimento, uma menor queda na poupança privada reduzirá o investimento privado também. Por outro lado, o governo obtém mais renda, derivada da maior tributação. Essa maior renda do governo pode voltar para a economia na forma de investimentos públicos (o que elevaria o investimento) ou pelos gastos do governo (G). Como não sabemos o que o governo fará, só podemos concluir, necessariamente, que a poupança privada irá cair e os investimentos privados também.

    A segunda, é que dados os maiores impostos, as contratações de mão de obra ficarão mais caras, o que impede as firmas de expandirem a produção.

    Repare que por um lado, temos um fator que expande o investimento (diminuição da taxa de juros) por outro lado temos fatores que restringem os investimentos (queda na poupança privada e encarecimento da mão de obra).

    Afinal, o investimento vai aumentar ou diminuir?

    A resposta é que não temos como saber, pois não conseguimos calcular a magnitude dos impactos dessa política fiscal apenas com as informações da questão. Se estivermos em uma economia com muita mão de obra (uma economia cuja maior parte do PIB seja derivada da prestação de serviços, por exemplo) fica mais claro perceber que o investimento cairia (já que o mercado de trabalho seria o principal afetado pela tributação).

    Mas se tivermos uma economia capital intensiva (isto é, com muitas máquinas, como no caso de uma economia que a maior parte do PIB venha da indústria), talvez a taxa de juros tenha um impacto maior e a queda nesta taxa expandisse o investimento.

    Ou seja, dependendo da estrutura da economia, podemos ter redução ou aumento do investimento.

    Enfim, repare que a redução do investimento é uma das possibilidades para a hipótese da questão, razão pela qual a questão foi dada como certa.

    Mas poderíamos também argumentar pela possibilidade da expansão do investimento, razão pela qual acredito que o mais prudente teria sido a anulação da questão.

    Como nem sempre a banca segue a prudência...


    Gabarito da Banca: CERTO.

    Gabarito do Professor: ANULADA.
  • GAB: CERTO

    Complementando!

    Fonte: Prof. Paulo Roberto Ferreira

    Reparem que sequer precisávamos pensar sobre os juros.

    Um aumento da tributação sobre a remuneração dos trabalhadores faz com que as firmas passem a demandar menos mão de obra, ou seja, vão investir menos e contratar menos, portanto, produzirão menos.

    Apenas este raciocínio já "matava" a questão.

    Depois disso é que vem uma queda da taxa de juros que será resultante exatamente desta contração da demanda agregada por bens e serviços.

    • OBS.: ➜ Juros mais baixos estimulariam o investimento.
    • ➜ Mas repare que a causa-efeito é a oposta: os juros ficaram mais baixos exatamente porque ficou mais difícil contratar trabalhadores pelas firmas.
    • ➜ Com todo o resto constante, menor demanda por investimento gera redução na taxa de juros.

    Reparemos que os juros estão respondendo a uma queda de demanda.

    Mas é claro que esta queda dos juros, como resposta, não é suficiente para compensar a contração gerada pela tributação: fosse assim, então o governo poderia tributar o quanto quisesse a remuneração e bastaria reduzir os juros para compensar o efeito negativo disso.

    Pensemos na situação atual da economia brasileira, por exemplo: os juros têm se reduzido porque há espaço para tal, mas tal redução se dá como resposta à queda da demanda agregada e não como um efeito integralmente compensador de nossa crise fiscal.

  • Mais uma questão da Cespe que se você estudou muito a matéria, tem mais chances de errar do que acertar. Complementando a crítica do Felipe.

    Equação da curva IS:

    R = A/b - Y/a.b

    a = multiplicador (chamado de alpha_g no livro do Dornbusch, Fischer e Statz)

    b = sensibilidade do investimento à taxa de juros

    A = gasto autônomo = C + I + G + NX

    R = taxa de juros

    Na fórmula do multiplicador (a) aparece a alíquota do imposto de renda (t). Assim, quando há alterações no imposto, o coeficiente angular da IS se altera.

    t mais alto => multiplicador (a) menor => coeficiente angular maior => IS mais inclinada mantendo o mesmo intercepto vertical.

    Essa mudança de inclinação leva a uma redução na renda, uma diminuição da taxa de juros e consequente aumento do investimento. Os comentários que relacionaram diminuição da renda disponível com queda no consumo, queda na poupança e queda no investimento via S=I estão errados, pois na teoria Keynesiana o investimento não deriva da poupança (na teoria clássica sim). Essa igualdade S=I só deve ser utilizada em questões de contabilidade nacional (pois é uma identidade) e em questões sobre a teoria clássica. O investimento em um modelo Keynesiano simples depende só da taxa de juros (R), do parâmetro de sensibilidade (b) e do investimento autônomo. A questão está errada.