SóProvas


ID
1989301
Banca
KLC
Órgão
Prefeitura de Mamborê - PR
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Panaceia indígena  

     Diz que o pajé da tribo foi chamado à tenda do cacique. Quando o pajé entrou, o cacique estava deitado, meio sobre o gemebundo, se me permitem o termo. A perna do cacique estava inchada, mais inchada que coxa de corista veterana. Tinha pisado num espinho envenenado. O pajé examinou, deu uns dois ou três roncos de pajé e depois aconselhou:  

   – Chefe tem de passar perna folha de galho passarinho azul pousou. Disse e se mandou, ficando os índios do “staff” do cacique (cacique também tem “staff”) encarregados de arranjar a tal folha. Depois de muito procurarem, viram um sanhaço pousado num galho de mangueira e trouxeram algumas folhas. Mas – eu pergunto – o cacique melhorou? E eu mesmo respondo: aqui! ó…

   No dia seguinte estava com a perna mais inchada. Chamaram o pajé de novo. O pajé veio, examinou e lascou: 

    – Hum… hum… perna grande guerreiro melhorou nada com folha galho passarinho azul pousou. Precisa lavar com água de Lua. 

   Disse e se mandou. O “staff” arranjou uma cuia e botou a bichinha bem no meio da maloca, cheia de água, que era para – de noite – a Lua se refletir nela. Foi o que aconteceu. De noite houve Lua e, de manhãzinha, foram buscar a cuia e lavaram com a água a perna do cacique.  

    O pajé já até tinha pensado que o chefe ficara bom, pois não foi mais chamado. Passado uns dias, no entanto, voltaram a apelar para os seus dotes de curandeiro. Lá foi o pajé para a tenda do cacique, encontrou-o deitado com a perna mais inchada que cabeça de botafoguense. Aí o pajé achou que já era tempo de acabar com aquilo. Examinou bem, fez um exame minucioso e sentenciou: 

  – Cacique vai perdoar pajé, mas único jeito é tomar penicilina!  


(Stanislaw Ponte Preta. A palavra é… humor. Contos selecionados por Ricardo Ramos. São Paulo: Scipione, 1989. p. 84-6.)  

Assinale a figura de linguagem empregada na proposição” “Mas – eu pergunto – o cacique melhorou? E eu mesmo respondo: aqui! ó…”.

Alternativas
Comentários
  • Confesso que fui no chute e acertei, mas por que é uma ironia?

  • Por que não pleunasmo ( " Eu MESMO respondo")?

    Onde está a inversão/ironia?

  • nada de ironia ai!

  • É IRONIA !!!!!!!   kkk !!!!    DEPOIS DE TANTA MANDINGA,  AGORA MELHORE !!!  VAI MELHORAR MUITO !!!!!! 

    AQUI PRA VOCÊ ÓÓ !!!!!

  • Se lerem todo o paragrafo irao ver que o paje recomendou os auxiliares do cacique a procurarem o galho que o passarinho pousou...o galho ajudaria na recuperacao. A ironia foi que acharam o galho mas o cacique nao melhorou..."aqui!!!ó..." Como se o locutor estivesse nos mostrando que de nada adiantou
  • ...eu pergunto – o cacique melhorou? E eu mesmo respondo: aqui! ó…”.
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  • Pra mim houve uma elipse.

    e·lip·se 

    substantivo feminino

    1. Omissão de uma ou mais palavras sem prejudicar a clareza da frase.


    "elipse", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://www.priberam.pt/DLPO/elipse [consultado em 14-12-2016].

  • a) Ironia. → Consiste em dizer o contrário do que se pretende ou em satirizar, questionar certo tipo de pensamento com a intenção de ridicularizá-lo, ou ainda em ressaltar algum aspecto passível de crítica. A ironia deve ser muito bem construída para que cumpra a sua finalidade; mal construída, pode passar uma ideia exatamente oposta à desejada pelo emissor. (Ex: Como você foi bem na última prova, não tirou nem a nota mínima!) [GABARITO]

     

    b) Metáfora. → A metáfora consiste em utilizar uma palavra ou uma expressão em lugar de outra, sem que haja uma relação real, mas em virtude da circunstância de que o nosso espírito as associa e depreende entre elas certas semelhanças. É importante notar que a metáfora tem um caráter subjetivo e momentâneo; se a metáfora se cristalizar, deixará de ser metáfora e passará a ser catacrese (é o que ocorre, por exemplo, com "pé de alface", "perna da mesa", "braço da cadeira").

    Obs.: toda metáfora é uma espécie de comparação implícita, em que o elemento comparativo não aparece.

     

    c) Pleonasmo. → Consiste na repetição de um termo ou ideia, com as mesmas palavras ou não. A finalidade do pleonasmo é realçar a ideia, torná-la mais expressiva. (Ex: O problema da violência, é necessário resolvê-lo logo.)

     

    d) Elipse. → Consiste na omissão de um ou mais termos numa oração que podem ser facilmente identificados, tanto por elementos gramaticais presentes na própria oração, quanto pelo contexto.

    Exemplos:

    1) Tenho duas filhas, um filho e amo todos da mesma maneira. (Nesse exemplo, as desinências verbais de tenho amo permitem-nos a identificação do sujeito em elipse "eu".)

    2) Regina estava atrasada. Preferiu ir direto para o trabalho. (Ela, Regina, preferiu ir direto para o trabalho, pois estava atrasada.)

    3) As rosas florescem em maio, as margaridas em agosto. (As margaridas florescem em agosto.)

     

    e) Catacrese. → Trata-se de uma metáfora que, dado seu uso contínuo, cristalizou-se. A catacrese costuma ocorrer quando, por falta de um termo específico para designar um conceito, toma-se outro "emprestado". Assim, passamos a empregar algumas palavras fora de seu sentido original.

    (Ex: "batata da perna")

  • GABARITO: LETRA  A

    Ironia:
    Consiste em declarar o oposto do que realmente se pensa ou do que é, com tom de deboche, normalmente.
    -Ela é ótima pessoa, afinal vive judiando das crianças.
    -Que motorista excelente você, quase me atropelou.
    -Professor, olha como meu boletim está excelente, só há uma nota acima da média.
    OBS: As aspas muitas vezes marcam uma ironia: Quando a “linda” funcionária entrava na empresa, começavam os risos sarcásticos.

    FONTE: A gramática para concursos públicos / Fernando Pestana. – 2. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2015.