SóProvas


ID
1999432
Banca
AOCP
Órgão
Sercomtel S.A Telecomunicações
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                            A arte perdida de ler um texto até o fim

                A internet é um banquete de informações, mas só aguentamos as primeiras garfadas

                                                                                                                                   Danilo Venticinque

   Abandonar um texto logo nas primeiras linhas é um direito inalienável de qualquer leitor. Talvez você nem esteja lendo esta linha: ao ver que a primeira frase deste texto era uma obviedade, nada mais natural do que clicar em outra aba do navegador e conferir a tabela da copa. Ou talvez você tenha perseverado e seguido até aqui. Mesmo assim eu não comemoraria. É muito provável que você desista agora. A passagem para o segundo parágrafo é o que separa os fortes dos fracos.

   A internet é um enorme banquete de informações, mas estamos todos fartos. Não aguentamos mais do que as duas ou três primeiras garfadas de cada prato. Ler um texto até as últimas linhas é uma arte perdida. No passado, quem desejasse esconder um segredo num texto precisava criar códigos sofisticados de linguagem para que só os iniciados decifrassem o enigma. Hoje a vida ficou mais fácil. Quer preservar um segredo? Esconda-o na última frase de um texto – esse território selvagem, raramente explorado.

   Lembro-me que, no Enem do ano retrasado, um aluno escreveu um trecho do hino de seu time favorito no meio da redação. Tirou a nota 500 (de 1000), foi descoberto pela imprensa e virou motivo de chacota nacional. Era um mau aluno, claro. Se fosse mais estudioso, teria aprendido que o fim da redação é o melhor lugar para escrever impunemente uma frase de um hino de futebol. Se fizesse isso, provavelmente tiraria a nota máxima e jamais seria descoberto.

   Agora que perdi a atenção da enorme maioria dos leitores à exceção de amigos muito próximos e parentes de primeiro grau, posso ir direto ao que interessa. Quem acompanhou as redes sociais na semana passada deve ter notado uma enorme confusão causada pelo hábito de abandonar um texto antes do fim. Resumindo a história: um jornalista publicou uma coluna em que narrava uma longa entrevista com Felipão num avião. A notícia repercutiu e virou manchete em outros sites, até que alguém notou que o entrevistado não era Felipão, mas sim um sósia dele. Os sites divulgaram erratas e a história virou piada. No meio de todo o barulho, porém, alguns abnegados decidiram ler o texto com atenção até o fim. Encontraram lá um parágrafo enigmático. Ao final da entrevista, o suposto Felipão entregava ao jornalista um cartão de visitas. No cartão estavam os dizeres “Vladimir Palomo – Sósia de Felipão – Eventos”. A multidão que ria do engano do jornalista o fazia sem ler esse trecho.

   Teria sido tudo uma sacada genial do jornalista, que conseguiu pregar uma peça em seus colegas e em milhares de leitores que não leram seu texto até o fim? Estaria ele rindo sozinho, em silêncio, de todos aqueles que não entenderam sua piada?

   A explicação, infelizmente, era mais simples. Numa entrevista, o jornalista confirmou que acreditava mesmo ter entrevistado o verdadeiro Felipão, e que o cartão de visitas do sósia tinha sido apenas uma brincadeira do original.

   A polêmica estava resolvida. Mas, se eu pudesse escolher, preferiria não ler essa história até o fim. Inventaria outro desenlace para ela. Trocaria o inexplicável mal-entendido da realidade por uma ficção em que um autor maquiavélico consegue enganar uma multidão de leitores desatentos. Ou por outra ficção, ainda mais insólita, em que o texto revelava que o entrevistado era um sósia, mas o autor não saberia disso porque não teria lido a própria obra até o final. Seria um obituário perfeito para a leitura em tempos de déficit de atenção.

   Se você chegou ao último parágrafo deste texto, você é uma aberração estatística. Estudos sobre hábitos de leitura demonstram claramente que até meus pais teriam desistido de ler há pelo menos dois parágrafos. Estamos sozinhos agora, eu e você. Talvez você se considere um ser fora de moda. Na era de distração generalizada, é preciso ser um pouco antiquado para perseverar na leitura. Imagino que você já tenha pensado em desistir desse estranho hábito e começar a ler apenas as primeiras linhas, como fazem as pessoas ao seu redor. O tempo economizado seria devidamente investido em atividades mais saudáveis, como o Facebook ou games para celular. Aproveito estas últimas linhas, que só você está lendo, para tentar te convencer do contrário. Esqueça a modernidade. Quando o assunto é leitura, não há nada melhor do que estar fora de moda. A história está repleta de textos cheios de sabedoria, que merecem ser lidos do começo ao fim. Este, evidentemente, não é um deles. Mas seu esforço um dia será recompensado. Não desanime, leitor. As tuas glórias vêm do passado.

(http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/danilo-venticinque/noticia/2014/06/arte-perdida-de-bler-um-texto-ate-o-fimb.html)

No período “Se você chegou ao último parágrafo deste texto, você é uma aberração estatística.”, na oração em destaque, o autor utilizou qual figura de linguagem?

Alternativas
Comentários
  • METÁFORA: Comparação implícita

    Compara seres com outros seres

    Trata do emprego da palavra fora do seu sentido básico, recebendo nova significação por uma comparação entre seres universos distintos.

    Exemplos:

    Senti a seda do seu rosto em meus dedos.

    Deixar-se devorar pelas garras do polvo tecnológico, que nos cerca por todos os lados...

     

    Evanildo Bechara – uma fera da gramática – é o melhor atualmente.

    Trânsito: A cadeia alimentar.

     

    Dica:

    Não confunda metáfora com comparação porque na metáfora não há conectivos explicitando a relação de comparação. Na comparação (ou símile) sempre há um conectivo ou uma expressão estabelecendo a relação de comparação.

    Ela é gorda como uma vaca

    Fonte: Sacconi e Comentários do QC

  • Metáfora=Comparação de dois termos sem o uso de conectivos.

  • Metonímia

    A metonímia consiste em empregar um termo no lugar de outro, havendo entre ambos estreita afinidade ou relação de sentido. Observe os exemplos abaixo:

    ex: Autor pela obra: Gosto de ler Machado de Assis. (= Gosto de ler a obra literária de Machado de Assis.) 

     

    Anáfora é a repetição da mesma palavra ou grupo de palavras no princípio de frases ou versos consecutivos.

    ex: Nem tudo que ronca é porco,
    Nem tudo que berra é bode, 
    Nem tudo que reluz é ouro, 
    Nem tudo falar se pode.

     

    Catacrese

    Trata-se de uma metáfora que, dado seu uso contínuo, cristalizou-se. A catacrese costuma ocorrer quando, por falta de um termo específico para designar um conceito, toma-se outro "emprestado". Assim, passamos a empregar algumas palavras fora de seu sentido original.

    Ex:  "asa da xícara"

           "batata da perna"

     

    Perífrase

    É a figura que consiste em exprimir por várias palavras aquilo que se diria em poucas ou em uma palavra. Torna-se, portanto, uma referência indireta

    ex: A cidade luz encontra-se cada vez atraindo mais turistas
    (cidade luz = Paris)
    O país do futebol, é adorado por seus filhos.
    (pais do futebol = Brasil)

  • Gabarito (C)

    METÁFORA=  Comparação figurada, sem o uso de conectores(ex.:Como)

  • VOCÊ É COMO UMA ABERRAÇÃO ESTATÍSTICA, VEJAM QUE A COMPARAÇÃO ESTÁ IMPLÍCITA NA FRASE.

     

  • Complementando:

     

    Perífrase

    Trata-se de uma expressão que designa um ser através de alguma de suas características ou atributos, ou de um fato que o celebrizou. Veja o exemplo:

    A Cidade Maravilhosa (= Rio de Janeiro) continua atraindo visitantes do mundo todo.

    Obs.: quando a perífrase indica uma pessoa, recebe o nome de antonomásia.

    Exemplos:

    O Divino Mestre (= Jesus Cristo) passou a vida praticando o bem.
    O Poeta dos Escravos (= Castro Alves) morreu muito jovem.
    O Poeta da Vila (= Noel Rosa) compôs lindas canções.

     

    [ Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil4.php ]

  •  a) Anáfora. - repetiçãode uma ou mais palavras no início de orações, períodos ou versos sucessivos. Usados em poemas e letras de música.

     

     b) Metonímia. - substitui a palavra com efeito expressivo.

    Ex.: Todos os olhos da sala me olharam.

     

     c) Metáfora. - emprega palavras em sentido conotativo. GABARITO

     

     d) Catacrese.- supri a falta de um termo adequado.

    Ex.: A perna da mesa.

     

     e) Perífrase. - substituição de um termo ou expressão curta por uma mais longa. 

    Ex.: O rei do reggae espalhou uma mensagem de amor e paz enquanto esteve neste mundo.

  • perífrase é uma figura de linguagem que também é chamada de antonomásia e circunlóquio. Consiste na substituição de um termo ou expressão curta por uma expressão mais longa que serve para transmitir a mesma ideia.

    Em geral, as expressões empregadas como substitutas são bastante conhecidas e facilmente associadas às substituídas, e é até mesmo por essa razão que elas funcionam no contexto. Uma expressão adquire relevância suficiente para essa finalidade quando encerra atributos do conceito em questão ou diz respeito a um traço distintivo dele ou a um fato que o tornou célebre.

  • Letra c pois é uma metáfora, uma comparação implicita.

  • como falaram em comentários anteriores, na dúvida vai de metáfora kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

  • A) Anafora

     

    QUANDO não tinha nada , eu quis

    QUANDO tudo era ausência, esperei

    QUANDO tive frio, tremi

    QUANDO tive coragem, liguei

     

    GAB: C

     

  • FIGURAS DE LINGUAGEM

    METÁFORA: Comparação implícita

    SÍMILE: Comparação explícita

    ANTÍTESE: oposição lógica

    PARADOXO: oposição não lógica

    HIPÉRBOLE: exagero

    EUFEMISMO: suavização

    ELIPSE: Omissão de um termo subentendido

    ZEUGMA: omissão de um termo já dito.

    POLISSÍNDETO: Vários conectivos

    ASSÍNDETO: Nenhum conectivo

    ALITERAÇÃO: Repetição de consoantes

    ASSONÂNCIA: Repetição de vogais

    PLEONASMO ENFÁTICO: reforçar a ideia

    IRONIA: sarcasmo

    GRADAÇÃO: ascensão

    ONOMATOPEIA: imitação de sons

    HIPÉRBATO: inversão

    METONÍMIA: substituição

    CATACRESE: ausência de termos especifica.

    SINÉDOQUE: subs. do todo pela parte

    SINESTESIA: mistura de sentidos

    PROSOPOPEIA: personificação de coisas

    PARONOMÉSIA: trocadilho

    APÓSTROFE: vocativo

    SILEPSE: concordância com a ideia

    PERÍFRASE: caracterizar por fatos

    ANÁFORA: repetição

    ANACOLUTO: interrupção 

    VÍCIOS DE LINGUAGEM

    REDUNDÂNCIA: óbvio

    BARBARISMO: erro na grafia ou pronúncia

    CLICHÊ: chavões

    SOLECISMO: erro de sintaxe

    CACÓFATO: som desagradável

    ECO: repetição desagradável

    COLISÃO: repetição de consoantes

    HIATO: repetição de vogais

  • Além de fazer uma camparação implícita, as metáforas, geralmente, possuem o verbo "'ser".

  • VOCÊ=BERRAÇÃO

  • Nossa eu jurava que era a letra: A

  • anafora vem no começo

  • Metáfora!


    Lembrando que se a oração fosse escrita dessa maneira: "você é igual (ou como) a uma aberração estatística."


    Vai trazer a ideia de comparação, não de metáfora.


    Bons estudos!

  • Sempre lembrando que:

    1º a metáfora geralmente utiliza o verbo SER para "afirmar/alicerçar" a comparação implícita que realiza;

    2ª a comparação, por sua vez, utiliza-se de termos que explicitam a comparação, como, por exemplo, como e igual a.

  • Metáfora – Essa figura de palavra ocorre quando um termo substitui outro a partir de uma relação de semelhança entre os elementos que esses termos designam.

    A metáfora também pode ser entendida como uma comparação abreviada em que o nexo comparativo não está expresso, mas subentendido,

    Ex : Sua boca é um cadeado. E meu corpo é uma fogueira.

    Ex : O tempo é uma cadeira ao sol, e nada mais.

  • Anáfora - Repetição de um termo no inicio de orações.

    Metonímia - Substituição de um termo por outro.

    Metáfora - Comparação mental.

    Catacrese - Uma metáfora já desgastada.

    Perífrase - Designar um ser por uma característica marcante.

  • Anáfora - Repetição de um termo no inicio de orações.

    Metonímia - Substituição de um termo por outro.

    Metáfora - Comparação mental.

    Catacrese - Uma metáfora já desgastada.

    Perífrase - Designar um ser por uma característica marcante.

  • [GABARITO: LETRA C]

    Aliteração ⇝ Repetição de consoantes.

    Anacoluto ⇝ É a mudança repentina na estrutura da frase.

    Anáfora ⇝ Repetição de palavras em vários períodos ou orações.

    Antítese ⇝ Ideias contrárias. Aproximação sentidos opostos, com a função expressiva de enfatizar contrastes, diferenças.

    Antonomásia ou perífrase ⇝ Consiste em designar uma pessoa ou lugar por um atributo pelo qual é conhecido.

    Apóstrofe ⇝ Consiste no uso do vocativo com função emotiva.

    Assíndeto ⇝ A omissão de conectivos, sendo o contrário do polissíndeto.

    Assonância ⇝ Repetição de encontro vocálicos.

    Catacrese ⇝ Desdobramento da Metáfora. Emprega um termo figurado como nome de certo objeto, pela ausência de termo específico.

    Comparação ⇝ Compara duas ou mais coisas.

    Conotação ⇝ Sentido figurado.

    Denotação ⇝ Sentido de dicionário.

    Elipse ⇝ Omissão.

    Eufemismo ⇝ Emprego de uma expressão mais leve.

    Gradação/ Clímax ⇝ Sequência de ideias. Crescentes ou decrescente.

    Hipérbato ⇝ Inversão sintática.

    Hipérbole ⇝ Exagero em uma ideia/sentença.

    Ironia ⇝ Afirmação ao contrário.

    Lítotes ⇝ Consiste em dizer algo por meio de sua negação.

    Metáfora ⇝ Palavras usadas não em seu sentido original, mas no sentido figurado.

    Metonímia ⇝ Substituição por aproximação.

    Neologismo ⇝ Criação de novas palavras.

    Onomatopeias ⇝ Representação gráfica de ruídos ou sons.

    Paradoxo ⇝ Elementos que se fundem e ao mesmo tempo se excluem.

    Paralelismo ⇝ Repetição de palavras ou estruturas sintáticas que se correspondem quanto ao sentido.

    Paronomásia ⇝ Palavras com sons parecidos.

    Perífrase ou circunlóquio ⇝ Substituição de uma ou mais palavras por outra expressão.

    Personificação/ Prosopopeia ⇝ Atribuição de sentimentos e ações próprias dos seres humanos a seres irracionais.

    Pleonasmo ⇝ Reforço de ideia.

    Polissíndeto ⇝ O uso repetido de conectivos.

    Silepse ⇝ Concordância da ideia e não do termo utilizado na frase e possui alguns tipos. Pode discordar em gênero (masculino e feminino), número (singular e plural) e pessoa (sujeito na terceira pessoa e o verbo na primeira pessoa do plural.

    Símile ⇝ É semelhante à metáfora usada para demonstrar qualidades ou ações de elementos. Aproximação por semelhança.

    Sinestesia ⇝ Quando há expressão de sensações percebidas por diferentes sentidos. Uma sensação visual que evoca um som, uma sensação auditiva que evoca uma sensação tátil, uma sensação olfativa que evoca um sabor, etc.

    Zeugma ⇝ Omissão de uma palavra que já foi usada antes.

    ◀ Meus resumos + Resumo feito do livro "Gramática - Ernani & Floriana".

  • Ótimo texto hahaha