SóProvas


ID
2022958
Banca
FUMARC
Órgão
Câmara Municipal de Mariana - MG
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

A questão refere-se ao texto a seguir. Leia-o com atenção antes de responder a ela.

Dize-me quem consultas...

Sírio Possenti

    

A falta de perspectiva histórica dificulta a compreensão até da possibilidade de diferentes visões de mundo. Imagine-se então a dificuldade de compreender a ideia mais ou menos óbvia de que mesmo verdades podem mudar. Suponho que temos vontade de rir quando ouvimos que os antigos imaginaram que a Terra repousava sobre uma tartaruga, nós que aprendemos, desde o primário, que a Terra gira ao redor do Sol. “Como podem ter pensado isso, os idiotas?”, pensamos.

  

  Você sabia que esta história dos quatro elementos nos quais hoje só acreditam os astrólogos foi um dia a verdadeira física, a forma científica de explicar fatos do mundo, suas mudanças, por que corpos caem ou sobem? Antes da gravidade, os elementos eram soberanos!

    

Já contei aqui, e vou contar de novo, duas histórias fantásticas. A segunda me fez rir mais do que a primeira, que só me fez sorrir. A primeira: na peça A vida de Galileu, Brecht faz o físico convidar os filósofos a sua casa, para verem as luas de Júpiter com sua luneta. Mas, em vez de correrem logo para o sótão a fim de verem a maravilha, os filósofos propuseram antes uma discussão “filosófica” sobre a necessidade das luas... Quando Galileu lhes pergunta se não creem em seus olhos, um responde que acredita, e muito, tanto que releu Aristóteles e viu que em nenhum momento ele fala de luas de Júpiter!

    

A outra história é a de um botânico do início da modernidade que pediu desculpas a seu mestre por incluir num livro espécies vegetais que o mestre não colocara no seu. Ou seja: mesmo vendo espécies diferentes das que constavam nos livros, esperava-se dos botânicos que se guiassem pelos livros, não pelas coisas do mundo. Era o tempo em que se lia e comentava, em vez de observar os fatos do mundo.

   

 Muita gente se engana, achando que esse período terminou, que isso são coisas dos ignaros séculos XVI e XVII. Quem tem perspectiva histórica sabe, aliás, que não se trata de ignorância pura e simples. Trata-se de ocupar uma ou outra posição científica. Mas é interessante observar que o espírito antegalileano continua vigorando. No que se refere às línguas, não cansarei de insistir que devemos aprender a observar os fatos linguísticos, em vez de dizer simplesmente que alguns estão errados. Um botânico não diz que uma planta está errada: ele mostra que se trata de outra variedade. Os leigos pensam que a natureza é muito repetitiva, mas os especialistas sabem que há milhões de tipos de qualquer coisa, borboletas, flores, formigas, mosquitos. Só os gramáticos pensam que uma língua é uniforme, sem variedades.

   

 Eu dizia que não devemos nos espantar – infelizmente – com o fato de que a mentalidade antiga continua viva. Mas eles às vezes exageram. Veja-se: num texto dirigido tipicamente a vestibulandos no qual critica Fuvest e Convest por erros contidos em seus manuais, um conhecido artista da gramática praticamente citou Brecht, provavelmente sem conhecê-lo. A propósito do uso da forma “adequa”, que as gramáticas condenam, e que aparece no manual da Fuvest, seu argumento foi: “Tive a preocupação de consultar todas as gramáticas e dicionários possíveis. Todos são categóricos. “Adequar” é defectivo, no presente do indicativo, só se conjuga nas formas arrizotônicas (adequamos, adequais). Não existe “adequa”.

   

 Não é um achado? O professor de hoje não parece o filósofo do tempo de Galileu, relendo Aristóteles e recusando-se a olhar pela luneta?


POSSENTI, S. A cor da língua e outras croniquinhas de linguista. São Paulo: Mercado de Letras, 2001.

Muita gente se engana, achando que esse período terminou.

O pronome esse tem valor:

Alternativas
Comentários
  • Anafórico, genericamente, pode ser definido como uma palavra ou expressão que serve para retomar um termo já expresso no texto, ou também para antecipar termos que virão depois.

    São anafóricos:
    pronomes demonstrativos: este, esse, aquele

    pronomes relativos: que, o qual, onde, cujo

    advérbios e expressões adverbiais: então, dessa feita, acima, atrás.

  • Alguém poderia explicar o CATAFÓRICO, o DÊITICO e o EXOFÓRICO, por favor?

  • Catafórico: Algo que será dito após.

    Exofórico: encontra-se fora do texto.

    Dêitico/Dêixis = exofórico

  • Cuidado ao falar em antecidpar termos que virão depois. Isso é Catáfora.

    Designa-se ANÁFORA (não confundir com a figura de linguagem de mesmo nome) o termo ou expressão que, em um texto ou discurso, faz referência direta ou indireta a um termo anterior. O termo anafórico retoma um termo anterior, total ou parcialmente, de modo que, para compreendê-lo dependemos do termo antecedente.

     

  • Coesão Referencial:

    1- Anafórico: Faz referência a um termo/elemento anterior. ( Anterior )

    2- Dêitico ou Díctico: Faz referência a um termo/elemento fora do texto.

    3- Catafórico: Faz referência a um termo/elemento posterior. ( Cataputa = lançar à frente )

    Endofórico: relaciona termos dentro do texto ( Anafórico e  Catafórico ).

    Exofórico: relaciona termos fora do texto ( Dêitico ou Díctico ).

  • Gab A

     

                                                     Pronomes Demonstrativos 

     

            Masc                     Femin.                       Neutro                                 Retomada            

       Este                            Esta                            Isto                                  Catafórico --> Para frente

     

      Esse                           Essa                            Isso                                  Anafórico --> Para trás

     

     Aquele                        Aquela                          Aquilo                                Distante --> Algo distante. 

  • Juro que não entendi, "esse" não está se referindo a período? que esta após? achei que fosse catafórico.

    alguém pode me da um help?

  • Tambem achei que "esse" está se referindo a período que esta após então pensei que fosse catafórico.Peçam comentário do professor,pfv. obd.

  • Quando um pronome retoma algo já mencionado, dizemos que tem função anafórica. Quando anuncia ou se refere a algo que ainda está para ser dito, tem função catafórica.

  • GABARITO: LETRA  A

    Catáfora –  faz referência a algo que está no texto, mais a frente. Elementos catafóricos.

    Anáfora – É a retomada de uma ideia, está no texto, em uma parte anterior. Elementos anafóricos.

  • a) Anafórico.

    Esse (s), essa (s), isso - Funcionam como termos Anafóricos (retomam o que foi dito anteriormente).

     

    Exemplos:

    Antes de entrar no elevador verifique se esse se encontra no andar.

     

    O país passa por mudanças, esse recebeu um novo presidente em 2018.