gabarito d: A parceria entre Estado e sociedade civil já vem sendo costurada desde a década de 1930 (cf. Mestriner, 2005) e intensificada ao longo dos anos, oscilando entre ampliações e retrações. Realizando atendimentos que, a priori, seriam responsabilidades do Estado, a iniciativa privada reforça o discurso da ineficiência governamental — mesmo que seu financiamento muitas vezes seja proveniente dele. Assim, o "terceiro setor" (que juntou num mesmo pacote conceitual ONGs, movimentos religiosos, associações de moradores e filantropia empresarial, só para citar alguns) passa a executar ações sociais, fortalecendo uma postura clientelista nos atendimentos. Dessa forma o enfrentamento da "questão social" por meio da (re)filantropia e do terceiro setor se ampliou. Ao tornarem-se "parceiros" do poder público para a implantação e gestão de programas e projetos sociais, consolidam uma transferência de responsabilidades para a iniciativa privada no campo do investimento social, que, na verdade, seria uma atribuição constitucional do Estado brasileiro em todos os níveis de governo. Passou a ser um canal onde as demandas sociais resultantes da "questão social" podem ser absorvidas, desarticuladas, pulverizadas e transmutadas em "questões sociais", esvaziando sua origem nas contradições de classe, buscando respaldo no discurso da solidariedade e munido de uma legitimidade outorgada pela sociedade e pelo financiamento do Estado e/ou de empresas.