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ID
2049700
Banca
PR-4 UFRJ
Órgão
UFRJ
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                                          TEXTO 2

                                               A ALMA DO CONSUMO

      Todos os dias, em algum nível, o consumo atinge nossa vida, modifica nossas relações, gera e rege sentimentos, engendra fantasias, aciona comportamentos, faz sofrer, faz gozar. Às vezes constrangendo-nos em nossas ações no mundo, humilhando e aprisionando, às vezes ampliando nossa imaginação e nossa capacidade de desejar, consumimos e somos consumidos.

     O consumo não pertence a todas as épocas nem a todas as civilizações. Somente há pouco tempo histórico é que falamos e entendemos viver numa sociedade de consumo, onde tudo parece adaptar-se à lógica dessa racionalidade, ou seja, à esfera do lucro e do ganho, à ética e à estética das trocas pagas. É uma singularidade histórica. Tornamo-nos Homo consumericus.

   Para uma psicologia arquetípica, há deuses em nosso consumo: Afrodite da sedução e do encantamento pela beleza e pelo prazer, Hermes do comércio e da troca intensa, Cronos do devoramento, Plutão da riqueza e da abundância, Criança Divina da novidade, Dioniso do arrebatamento, Narciso ensimesmado, Herói furioso, Eros apaixonado, Pan, Príapo, Puer, quem mais? Que pessoas arquetípicas estão na alma do consumo?

       Ao buscarmos pela alma do consumo, lançamo-nos, sempre mais desconfortavelmente, no jogo entre necessidade e supérfluo, entre frívolo e essencial. Não sabemos ao certo onde termina a necessidade, onde começa o supérfluo, onde estão as fronteiras entre consumo de necessidade e consumo de gosto, consumo consciente e consumo de compulsão.

      A era hipermoderna se dá sob o signo do excesso e do extremo, que realiza uma “pulsão neofílica”, um prazer pela novidade que se volta constantemente para o presente. O consumo acontece ao lado de outros fenômenos importantes que marcam e que estão no centro do novo tempo histórico: o espetáculo midiático, a comunicação de massa, a individualização extremada, o hipermercado globalizado, a poderosíssima revolução informática, a internet. O consumo cria seus próprios templos: os shopping centers, as novas catedrais das novas e velhas igrejas, e também, a seu modo, a própria rede mundial de computadores.

   Consumo: tantos são seus deuses que é preciso evocá-los com cuidado, sem voracidade, para sentirmos sua interioridade, sua alma, sem sermos pegos em sua malha fina.

    Consumo de utensílios domésticos, eletrodomésticos, eletroeletrônicos que liquidificam, batem, moem, trituram, misturam, assam, limpam, fervem, fritam, amassam, amolecem, passam e enceram para nós – sem nossas mãos, sem contato manual. Tocam sons, reproduzem imagens, processam informações. Excesso e profusão de automatismos também funcionando para a era da autonomia.

   Organizo e escolho as músicas que quero ouvir – a trilha sonora da minha vida – sem surpresas desagradáveis ou diferentes, simplesmente baixando arquivos de áudio da internet e armazenando-os em meu iPod. A telefonia está em minhas mãos, em qualquer lugar, é móvel, e com ela a impressão de contato por trás da fantasia de conectividade. A comunicação está toda em minhas mãos. Minha correspondência, agora por via eletrônica, está em minhas mãos (ou diante de meus olhos) na hora que desejo ou preciso, em qualquer lugar do planeta. E está em minhas mãos principalmente tudo aquilo que posso comprar pronto (ready-to-go): desde a comida – entregue em casa (delivery), ou então ao acesso rápido de uma corrida de carro (drive-through) – até medicamentos, entretenimento, companhia, sexo e roupas prêt-à-porter.

   Percebemos a enorme presença da fantasia de autonomia. E esta autonomia está a serviço da felicidade privada.

     O nosso tempo é um tempo de escolhas. A “customização” cada vez mais intensa da maioria dos bens e dos serviços de consumo permite que eu diga como quero meu refrigerante, meu carro, meu jeans, meu computador.

    A superindividualização também leva à autonomia, ou vice-versa, e impõe processos de escolha cada vez mais intensos e urgentes: “Os gostos não cessam de individualizar-se”.

   O senhor dos Portões (Mr. Gates) abriu as janelas (Windows) de um presente que requer, sim, definições (escolhas) cada vez mais “altas”, mais precisas, mais particularizadas, em quase tudo.

      A própria identidade torna-se, no mundo hipermoderno, uma escolha que se dá num campo cada vez mais flexível e fluido de possibilidades: tribos, nações, culturas, subculturas, sexualidades, profissões, idades. Personas to-go. Autonomia: nomear-se a si mesmo.

    A lógica consumista parece ser a de um hipernarcisismo. Se existem deuses nas nossas doenças, quem são eles no consumismo?

    Comecemos pela necessidade: temos necessidade de quê? De quanto? Quando? Não sabemos mais ao certo, é claro. As medidas enlouqueceram. Movemo-nos agora num mar de necessidades: pseudonecessidades, necessidades artificiais, necessidades básicas, necessidades estrategicamente plantadas pelo marketing, necessidades que não sei se tenho, necessidades futuras, até chegar ao desnecessário, o extraordinário que é demais. A necessidade delira.

    A compra é a magia do efêmero. É asa, é brasa. É futuro, promessa, desejo de mudar, intensificação, momento de morte. É o fim da produção, quando as coisas são finalmente absorvidas pela psique.

    A compra, ao contrário do que se poderia pensar, dissolve o ego em alma, dissolve o ego heróico em sua fantasia de morte. Comprar é o que resta. Comprar é nosso modo de fazer o mundo virar alma.


BARCELLOS, Gustavo.

Disponível em:

http://www.diplomatique.org.br/artigo.php?id=291

Acesso em: 04 dez. 2014.

Texto adaptado

A opção em que todas as palavras apresentam o mesmo processo de formação é:

Alternativas
Comentários
  • acesso (regressiva), refrigerante (hibridismo), customização (sufixal)

    desconfortavelmente (Prefixal e sufixal), desagradáveis (prefixal), autonomia (hibridismo)

    racionalidade (sufixal), desnecessário (prefixal), processos (regressiva)

     

  • Acho que a letra E são todos Regressivos porque os verbos geram um substantivo abstrato.

    Consumo    (Consumir)

    Escolha    (Escolher)

    Troca        (Trocar)

    Créditos: professor Fernando Pestana.

  • LETRA E . Pois todas as palavras são formadas por DERIVAÇÃO REGRESSIVA.

  • Alguém aí poderia me explicar o erro da D? Valeu!

  • Letra E

    Derivação regressiva por supressão da desinência verbal.

    consumir -> consumo

    escolher -> escolha

    trocar -> troca.

  • GABARITO E

     

     

    Derivação REGRESSIVA ou DEVERBAL

     

    Consiste na retirada da parte final de uma palavra primitiva, obtendo-se, assim, uma palavra derivada. Representa um processo que resulta na formação de substantivos a partir de verbos que indicam sempre uma ação, ora denominados de deverbais. Tal materialização se dá mediante a troca da terminação verbal formada pela vogal temática + desinência de infinitivo (“–ar” ou “–er”) por uma das vogais temáticas nominais (-a, -e,-o).

     

    exs.:

    alcançar – alcance
    ajudar – ajuda
    beijar - beijo
    chorar – choro
    perder – perda

     

     

    bons estudos

  • A opção em que todas as palavras apresentam o mesmo processo de formação das palavras é :

    Obs : Morfologia : irei analisar cada palavra isoladamente : FORMAÇÃO DA PALAVRA : COMO SE FORMOU ?

    A ) acesso - refrigerante - customização :

    O acesso ou os acessos : substantivo no singular ( substantivo: tudo que nomeia ) : ( sofre flexão/ mudança : acessar : verbo )

    O refrigerante : substantivo no singular ( sofre flexão só no gênero masculino e pode fazer a flexão para o plural ... ñ pode flexionar /mudar para o feminino e nem flexionar para se tornar um verbo ( ação)

    A customização : substantivo ( sofre flexão de grau aumentativo ) e customizar ( verbo )

    B ) des/CONFORTÁVEL/mente - des/AGRADÁVELis - estrategicamente :

    des / CONFORTAVEL / mente :

    des (prefixo ) / CONFORTÁVEL ( radical) / mente ( sufixo ) :

    prefixo + RADICAL : formou a palavra : " desconfortável " ;

    RADICAL + SUFIXO : formou a palavra " confortavelmente " .

    1o : RADICAL ( pequena palavra que se forma ) = CONFORTÁVEL ;

    2o : des/CONFORTÁVEL :

    RADICAL : CONFORTÁVEL +

    DES ( PREFIXO : sempre que tiver, virá antes do radical) .Virá antes para poder formar a palavra ( nesse caso : des/CONFORTÁVEL ) :

    (DERIVAÇÃO PREFIXAL).

    3o : CONFORTAVEL/mente :

    RADICAL : (CONFORTÁVEL) +

    mente (SUFIXO : sempre que tiver , virá depois do radical ). Virá depois para poder formar a palavra ( nesse caso:

    ( DERIVAÇÃO SUFIXAL) .

    Então : DES/ CONFORTAVEL/MENTE ( DERIVAÇÃO PREFIXAL E DERIVAÇÃO SUFIXAL ) .

    des / AGRADÁVEIS :

    1o Radical : AGRADÁVEIS ;

    des( prefixo ) + AGRADÁVEIS ( radical ) : formou a palavra : desAGRADÁVEIS ;

    ( DERIVAÇÃO PREFIXAL ) .

    Então : DES/AGRADÁVEIS ( DERIVAÇÃO PREFIXAL .

    estrategicamente :

    ESTRATEGICA/mente:

    Radical : Estratégica ou estratégia ( substantivo )

    Prefixo : não tem .

    Tem o sufixo : mente

    ( DERIVAÇÃO SUFIXAL )

    Armou uma ação estratégica ( adjetivo) ;

    Estratégia ( substantivo ) : Ação ou caminho mais adequado a ser executado para alcançar um objetivo ou meta. Ex : João planejou uma estratégia para estudar e ser aprovado no concurso.

    C ) racionalidade - desnecessário - autonomia.

    RACIONALIDADE :

    RADICAL = racional + idade ( SUFIXO)

    DERIVAÇÃO SUFIXAL .

    DESNECESSÁRIO :

    RADICAL = necessário + des ( PREFIXO) .

    DERIVAÇÃO PREFIXAL.

    AUTONOMIA ( RADICAL )

    CONTINUA: 2a parte

  • 2a parte :

    D ) sedução - produção - processos.

    Sedução : A sedução ( nomear = substantivo no feminino ) .

    SEDUZIR ( verbo ) ;

    Produção : A produção ( substantivo no feminino )

    PRODUZIR ( verbo ) .

    Processos : Os processos ( substantivo no plural )

    PROCESSAR : verbo .

    VERBOS GERALMENTE TERMINA EM ( AR , ER , IR ) OBS :

    IMPORTANTE SABER A CONJUGAÇÃO DESSES VERBOS E SE SÃO ACENTUADOS E SE NO SINGULAR OU PLURAL ( FLEXÃO DOS VERBOS : TERÁ OU Ñ ACENTUAÇÃO)

    OS VERBOS MAIS COBRADOS EM CONCURSOS : QUE TERMINAR EM :

    ( AR ) : FALAR ;

    ( ER ) : VER , TER , LER , OBTER ;

    ( IR ) : VIR .

    E ) consumo - escolha - troca.

    O consumo ( substantivo no masculino )

    A escolha ( substantivo no feminino)

    A troca ( substantivo no feminino)

    Ou

    Consumir ; escolher ; trocar ( verbos : 3 indicam ações)

    Gabarito E ) : mesmo processo de formação das palavras ( as 3 palavras : consumo , escolha e troca ( Pois as 3 são substantivos ( nomeou algo ) ou as 3 poderão sofrer flexão ( variar ) pois as 3 são SUBSTANTIVOS ( CLASSE DE PALAVRA VARIÁVEL) .

    Obs : SUBSTANTIVO ( tudo que der NOME ) :SABER AS 10 CLASSES DE PALAVRAS VARIÁVEIS: 6 VARIÁVEIS e 4 INVARIÁVEIS:

    6 PALAVRAS VARIÁVEIS : PODEM SOFRER FLEXÃO ( MUDAR ) : GÊNERO; NÚMERO E GRAU :

    GÊNERO: MASCULINO E FEMININO ou

    NÚMERO: ( SINGULAR E PLURAL)

    ou

    GRAU ( AUMENTATIVO e DIMINUTIVO) :

    Saber como é a flexão pelo menos dos ( verbos e substantivos: cai muito em concurso).

    6 classes de palavras gramaticais VARIÁVEIS: MNEMÔNICO: SUBi PRO AR NU A VER ( as estrelas) ..rs

    SUBstantivo;

    PROnome;

    ARtigo ;

    NUmeral ;

    Artigo ;

    VERbo ;

    4 classes de palavras gramaticais INVARIÁVEIS ( 1 termina com " IO " e as outras 3 terminam com " ÃO " : MNEMÔNICO : IOÃO ( lembrar : ioiô grande para a criança brincar ) ..rs :

    advérbiO ;

    interjeiçÃO;

    preposiçÃO;

    conjunçÃO .

    VERBOS GERALMENTE TERMINAM EM ( AR , ER , IR ) OBS :

    IMPORTANTE SABER :

    FLEXÃO DOS VERBOS ;

    CONJUGAR OS VERBOS ;

    SE TEM ACENTUAÇÃO OU SE SERÃO ACENTUADOS ;

    SE ESTÁ NO SINGULAR OU PLURAL (

    OS VERBOS MAIS COBRADOS EM CONCURSOS :

    QUE TERMINAM EM :

    ( AR ) : FALAR ;

    ( ER ) : VER , TER , LER , OBTER ;

    ( IR ) : VIR .

    Obs : SUBSTANTIVO ( tudo que der NOME ) :SABER AS 10 CLASSES DE PALAVRAS VARIÁVEIS: 6 VARIÁVEIS e 4 INVARIÁVEIS:

    CONTINUA : 3a parte

  • 3a parte

    6 PALAVRAS VARIÁVEIS : PODEM SOFRER FLEXÃO ( MUDAR ) : GÊNERO; NÚMERO E GRAU :

    GÊNERO: MASCULINO E FEMININO ou

    NÚMERO: ( SINGULAR E PLURAL)

    ou

    GRAU ( AUMENTATIVO e DIMINUTIVO) :

    Saber , pelo menos , a flexão dos ( verbos e substantivos ) : cai muito nas provas de concursos.

    6 classes de palavras gramaticais VARIÁVEIS: MNEMÔNICO: SUBi PRO AR NU A VER ( as estrelas) ..rs

    SUBstantivo;

    PROnome;

    ARtigo ;

    NUmeral ;

    Artigo ;

    VERbo ;

    4 classes de palavras gramaticais INVARIÁVEIS ( 1 termina com " IO " e as outras 3 terminam com " ÃO " : MNEMÔNICO : IOÃO ( lembrar : ioiô grande para a criança brincar ) ..rs :

    advérbiO ;

    interjeiçÃO;

    preposiçÃO;

    conjunçÃO .

  • Marquei a Letra E, porém queria a explicação do erro da D. Alguém ?

  • Ninguém sabe explicar o problema na D, pelo jeito.....